JESUS E NÓS

Autora: Leslie Bueno

Quem era Jesus? Como definir a sua pessoa? Qual era a sua missão?

Sua história é conhecida por todos nós. Há alguns pontos que podemos resumi-los para situarmos a sua chegada e a forma como viveu entre nós.

Seu nascimento se deu num período em que o autoritarismo do Império Romano, ao lado de uma crise de fome e miséria tornava a vida do povo difícil. Por outro lado o povo não tinha liberdade de expressão, a expectativa era portanto o surgimento de um líder capaz de os libertar resgatando a cidadania que tanto aspiravam, e a liberdade sonhada. No entanto Jesus aparece de forma diferente da que se esperava. Nasce em uma manjedoura, logo após o nascimento a fuga dos pais para não serem surpreendidos pelos soldados a mando de Herodes que mandara executar crianças. A fuga era o meio de proteger o recém nascido.

Sua vida foi sempre árida sem privilégios. Por outro lado a partir dos seus 30 anos, segundo os seus biógrafos, Ele surpreende os intelectuais da época com suas palavras, atos, gestos, a forma de conviver com as pessoas, a não discriminação, suas respostas inteligentes enfim atitudes, gestos e palavras que nem os considerados intelectuais e detentores do saber conseguiam imitá-lo.

Quem era esse homem?

Seus biógrafos são conhecidos como os evangelistas. Foram eles: Marcos, Lucas, João e Mateus. No entanto essas anotações são consideradas incompletas.

Uma observação interessante foi feita pelo escritor, Sholem Asch (1956) que expressando a forma como ele via Jesus diz:

Cheguei a conclusão de que aquele homem era diverso de todos os outros interpretes da lei e mestres judaicos que o precederam. Porque esses aplicavam a lei unicamente ao povo eleito e não se preocupavam com os demais. Já a doutrina do rabi se dirigia aos simples e crédulos de todos os povos, mesmo os pagãos. Ele não se confinava aos limites do serviço do Templo e dos costumes religiosos dos judeus, como faziam os sacerdotes; suas palavras eram dirigidas a todos os homens do mundo.

Foi a rigidez intelectual do povo judeu que impediu de reconhecerem o rabi. Esperavam um libertador do jugo romano, no entanto ali estava um espírito que procurava a educação do homem para o libertar de suas misérias morais, consequência da sua ignorância. Que veio propor a mudança interior, substituindo o homem velho pelo homem novo.

Essas características tão elevadas dificultavam os seus seguidores para conseguirem o biografar. Tratava-se de pessoa que fugia dos padrões da época cujo comportamento até então nada tinha a ver com os preceitos sociais e religiosos. Gostava de conviver com todos não classificando a nenhum de indigno ou impuro, conseguindo ouvi-los amorosamente a todos e penetrando no interior de seus interlocutores oferecendo seu amor, sua sabedoria, seus ensinos de forma positiva e terapêutica do ponto de vista espiritual. Como descrever aqueles fatos, fenômenos, curas e procedimentos até então desconhecidos para os seus seguidores?

Os seus atos nos permite de forma simplificada identificá-lo como: mestre, médico de almas, nosso guia e modelo, advogado dos discriminados e esquecidos, o libertador de consciências, ensinando-nos a repensar nossos atos, nossos caminhos, nossas escolhas isto é conhecermos a nós mesmos.

Qual foi a missão de Jesus?

Compete a cada um de nós formularmos a resposta que nos é própria.

Podemos dizer que Ele nos asserenou o espírito ao nos dizer: “Não se turbe o vosso coração, crede em Deus e crede também em mim. Há muitas moradas na casa de meu Pai” (João, 14:1-3).

Ele nos esclareceu, na verdade vos digo que ninguém pode ver o reino de Deus, se não nascer de novo”. (João, 3:1-12).

Pelo imenso amor a nós dispensado quando nos fala das Bem-aventuranças, “Bem aventurados os aflitos” os seus braços ternos e amigos, acompanhados de seu verbo impregnado de magnetismo superior nos convida: “Vinde a mim todos os que andais em sofrimento e vos achais carregados, eu vos aliviarei”. (Mateus, 11:28-30).

Com Ele aprendemos que a nossa felicidade é conquistada pelo exercício da caridade; que a conquista da paz se dá pelo exercício do perdão aos nossos inimigos, e fazendo o bem aqueles que nos perseguem e caluniam.

Jesus foi enfático através de suas palavras, ações e atitudes que o maior mandamento é: “Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, este é o maior e o primeiro mandamento . E o segundo, semelhante a este é: Amarás a teu próximo como a ti mesmo. Estes dois mandamentos contém toda a lei e os profetas.” (Mateus, 22:34-40).

Para nós é conclusivo que Ele veio, para que através da educação de nossos espíritos nos amassemos uns aos outros.

Refletindo Jesus, sua identidade, sua missão, reconhecemos que Ele veio dar cumprimento a lei do amor, executando-a na ação construtiva e ampliando-a em luzes de ensino. Não criou templos, não institui pagamentos, não criou imagens, talismãs ou rituais. Trabalhou junto a comunidade, sustentando a todos na visão do homem integral, isto é, dando amparo ao corpo e a alma, principalmente clareando espíritos sequiosos de luz. Não marcou sua presença com expressões coletivas de poder, mas trouxe claridade para todos, projetando-a de si mesmo.

“Socorreu mulheres infelizes e crianças abandonadas; leu na Sinagoga; curou cegos; restabeleceu doentes; ergueu paralíticos; recuperou obsediados, doutrinando espíritos perturbados e sofredores; encorajou os tristes e banqueteou-se com pessoas apontadas ao escárnio social” (Ewerton Quadros).

Terminamos repetindo o nosso Cairbar quando falando de Jesus assim se expressa: “Tudo tem passado nesses dois mil anos, na Terra quanto no Céu, mas a tua Palavra brilha como um Sol sem ocaso, guiando as ovelhas tresmalhadas, os cordeiros perdidos do Rebanho de Israel à porta do aprisco, para restitui-los ao Bom Pastor”.

Jesus, seja qual for a nossa condição espiritual, independente do significado que damos a esta data, guardamos a certeza e a esperança que continuas. Renascendo em nossos espíritos todos os dias e não somente no Natal.

Bibliografia

ASCH, S. O Nazareno. 3a ed. Trad. Monteiro Lobato. Companhia Ed. Nacional. São Paulo, 1956.

SCHUTEL, C. Parábolas e ensinos de Jesus. 13º ed. O Clarim, Matão, 1993.

XAVIER, F. C. Ideal Espírita. Psicografado. Vários autores. Ed. CEC, Uberaba, 10a ed., 1987.

Você pode gostar...

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *