FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO
Autor: Hamilton José (hamiltonjose@uol.com.br)
Caridade
Caridade é a mão terna e compassiva
Que ampara os bons e aos maus ama e perdoa,
Misericórdia, a qual para ser boa,
De bens paradisíacos se priva.
Mão radiosa, que traz a verde oliva
Da paz, que acaricia e que abençoa,
Voz da eterna verdade que ressoa
Por toda a parte, promissora e ativa.
A caridade é o símbolo da chave
Que abre as portas do céu claro e suave,
Das consciências libertas da impureza;
É a vibração do espírito divino,
Em seu labor fecundo e peregrino,
Manifestando as glórias da Beleza!…
Cruz e Souza,
Psicografia de Francisco Cândido Xavier in
Parnaso do Além Túmulo.
Fora da caridade não há salvação
O que é caridade?
Para falarmos de caridade, faz-se mister compreendamos bem o seu sentido etimológico, segundo o dicionário Aurélio da Língua Portuguesa:
“Caridade . [Do lat. caritate.] S. f. 1. Ét. No vocabulário cristão, o amor que move a vontade à busca efetiva do bem de outrem e procura identificar-se com o amor de Deus; ágape, amor-caridade. 2. Benevolência, complacência, compaixão. 3. Beneficência, benefício; esmola. […]”
O significado atual da palavra “caridade” prescreve o altruísmo, a fraternidade, a compaixão pelo sofrimento de nosso próximo.
Allan Kardec, por sua formação como “Bacharel em Letras”, sempre esteve preocupado com o sentido etimológico das palavras de que se serviria o corpo de doutrina que se formava com o ensino dos espíritos. Neste ínterim, criou as palavras que conhecemos como “espírita” e “espiritismo”, assunto bem discutido em o livro “O que é o Espiritismo” e também na obra “O Livro dos Espíritos” na introdução. O sentido etimológico, contextual, social e político das palavras sempre foi um problema nas interpretações de todos os textos antigos e sobretudo, dos textos religiosos.
Pensando em como as gerações futuras poderiam compreender a palavra caridade, foi que Kardec fez a seguinte pergunta, catalogada em “O Livro dos Espíritos”:
886. Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus?
“Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.”
E continua:
O amor e a caridade são o complemento da lei de justiça. pois amar o próximo é fazer-lhe todo o bem que nos seja possível e que desejáramos nos fosse feito. Tal o sentido destas palavras de Jesus: Amai-vos uns aos outros como irmãos.
A caridade, segundo Jesus, não se restringe à esmola, abrange todas as relações em que nos achamos com os nossos semelhantes, sejam eles nossos inferiores, nossos iguais, ou nossos superiores. Ela nos prescreve a indulgência, porque da indulgência precisamos nós mesmos, e nos proíbe que humilhemos os desafortunados, contrariamente ao que se costuma fazer. Apresente-se uma pessoa rica e todas as atenções e deferências lhe são dispensadas. Se for pobre, toda gente como que entende que não precisa preocupar-se com ela. No entanto, quanto mais lastimosa seja a sua posição, tanto maior cuidado devemos pôr em lhe não aumentarmos o infortúnio pela humilhação. O homem verdadeiramente bom procura elevar, aos seus próprios olhos, aquele que lhe é inferior, diminuindo a distância que os separa.
Efetivamente, o amor e a caridade estão de tal forma interligados, que é impossível falar de um sem falar no outro, ou considerar um e ignorar o outro. A caridade verdadeira, conforme nos ensina Jesus, é a realizada com o verdadeiro sentimento de piedade dos padecimentos de nossos irmãos, de nosso próximo. É pensar nas necessidades de outrem, antes de nossas próprias necessidades. É ser feliz pela felicidade proporcionada a outrem. Aquele que pensa no bem estar de outrem e não pensa só em si mesmo, tem sempre alguém que pensa no bem estar dele, gerando uma corrente de fraternidade infinita, que se estende ao Criador.
Mas, se não amamos verdadeiramente, não há caridade, não há fraternidade, não há altruísmo. Não há como esconder de Deus nossas verdadeiras intenções e sentimentos.
Fé e Obras
Amor e caridade
Porque o Filho do homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então retribuirá a cada um segundo as suas obras.
Mateus Cap 16 v v27.
O amor é o sentimento que nos move à caridade. A caridade é um instrumento do amor. Compreendemos que o amor e a fé são relacionados, bem como a caridade e as obras. Fé e obras, Amor e caridade, eis os caminhos para a salvação e para a felicidade.
Muitos companheiros nossos de outras crenças, asseveram que a fé tem primazia sobre as obras, relegando-as ao segundo turno. Alegam estes que a salvação se dá pela fé e se baseiam na epístola de Paulo aos Gálatas, cap. II, v v 16: “[…] sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, mas sim, pela fé em Cristo Jesus, temos também crido em Cristo Jesus para sermos justificados pela fé em Cristo, e não por obras da lei; pois por obras da lei nenhuma carne será justificada”.
Nesta passagem Paulo é bem enfático em afirmar “obras da lei”. Que lei era esta? A lei judaica, que é o assunto em questão neste contexto.
O próprio Paulo esclarece melhor a questão, na 1ª Epístola aos Coríntios, cap. XIII, v v 1 a 7 e 13 (os grifos são nossos):
Ainda quando eu falasse todas as línguas dos homens e a língua dos próprios anjos,se eu não tiver caridade, serei como o bronze que soa e um címbalo que retine; ainda quando tivesse o dom de profecia, que penetrasse todos os mistérios, e tivesse perfeita ciência de todas as coisas; ainda quando tivesse a fé possível, até o ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, nada sou. E, quando houver distribuído os meus bens para alimentar os pobres e houvesse entregado meu corpo para ser queimado, se não tivesse caridade, tudo isso de nada me serviria. A caridade é paciente; é branda e benfazeja; a caridade não é invejosa; não é temerária, nem precipitada; não se enche de orgulho; não é desdenhosa; não cuida de seus interesses; não se agasta, nem se azeda com coisa alguma; não suspeita mal; não se rejubila com a injustiça, mas se rejubila com a verdade; tudo suporta, tudo crê, tudo espera, tudo sofre.
Agora, estas três virtudes: a fé, a esperança e a caridade permanecem; mas, dentre elas, a mais excelente é a caridade¹.
É de inestimável beleza esta passagem que resume tão bem as principais características do sentimento de caridade e de seu valor espiritual, que vem corroborar os ensinamentos espíritas que observamos no capítulo XV – “Fora da caridade não há Salvação”, no livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.
Com o intuito de esclarecermos ainda mais o assunto e darmos mais um testemunho, transcrevemos o parecer de Tiago no cap. II vv. 14 a 17 e 26 que diz:
Que proveito há, meus irmãos se alguém disser que tem fé e não tiver obras? Porventura essa fé pode salvá-lo?
Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito há nisso?
Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma. Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta.
Fé e caridade
Disse-vos, não há muito, meus caros filhos, que a caridade, sem a fé, não basta para manter entre os homens uma ordem social capaz de os tornar felizes. Pudera ter dito que a caridade é impossível sem a fé. Na verdade, impulsos generosos se vos depararão, mesmo entre os que nenhuma religião têm; porém, essa caridade austera, que só com abnegação se pratica, com um constante sacrifício de todo interesse egoístico, somente a fé pode inspirá-la, porquanto só ela dá se possa carregar com coragem e perseverança a cruz da vida terrena. […] Espírito protetor. (Cracóvia, 1861.) (O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. XI)
“Quem é o meu próximo?”
Muitos afirmam que o “próximo” é nosso irmão de crença religiosa; outros afirmam que o próximo é o cristão, ou seja, aquele que crê em Jesus.
Os pensamentos acima querem dizer o seguinte: Somente devemos ajudar e considerar como irmãos, aqueles que compartilham de nossa crença religiosa, ou somente devemos ajudar e considerar como irmãos, os que crêem em Jesus.
Seja de uma forma ou de outra, compreendemos que estes pensamentos são a apologia do egoísmo, das doutrinas separatistas, dos sentimentos de seita, da indiferença e do elitismo…
Não é difícil esclarecer onde estão os erros dos pensamentos acima: Há um só Deus, criador de tudo o que existe. Este mesmo Deus, os ingleses O chamam God; os muçulmanos, Alá; os indianos, Brahma; outros, Jeová etc. São vários nomes que se dirigem à mesma força soberana: Deus.
Todos nós, seres humanos fomos criados por Deus, ou seja, temos em Deus nosso Pai comum. Logo, somos todos irmãos, não importando o credo, a cor, a raça ou qualquer outra definição ou rótulo que venhamos adotar. Vejamos o que diz Jesus no registro de Lucas, cap. X, v v 25 a 37 (os grifos são nossos):
Então, levantando-se, disse-lhe um doutor da lei, para o tentar:
– Mestre, que preciso fazer para possuir a vida eterna?
Respondeu-lhe Jesus: – Que é o que está escrito na lei? Que é o que lês nela?
Ele respondeu: – Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a tua alma, com todas as tuas forças e de todo o teu espírito, e a teu próximo como a ti mesmo.
Disse-lhe Jesus: – Respondeste muito bem; faze isso e viverás.
Mas, o homem, querendo parecer que era um justo, diz a Jesus: – Quem é o meu próximo?
Jesus, tomando a palavra, lhe diz: – Um homem, que descia de Jerusalém para Jericó, caiu em poder de ladrões, que o despojaram, cobriram de ferimentos e se foram, deixando-o semimorto. Aconteceu em seguida que um sacerdote, descendo pelo mesmo caminho, o viu e passou adiante. Um levita, que também veio àquele lugar, tendo-o observado, passou igualmente adiante. Mas, um samaritano que viajava, chegando ao lugar onde jazia aquele homem e tendo-o visto, foi tocado de compaixão. Aproximou-se dele, deitou-lhe óleo e vinho nas feridas e as pensou; depois, pondo-o no seu cavalo, levou-o a uma hospedaria e cuidou dele.
No dia seguinte tirou dois denários e os deu ao hospedeiro, dizendo: – Trata muito bem deste homem e tudo o que despenderes a mais, eu te pagarei quando regressar – Qual desses três te parece ter sido o próximo daquele que caíra em poder dos ladrões?
O doutor respondeu: – Aquele que usou de misericórdia para com ele.
– Então, vai, diz Jesus, e faze o mesmo.
Vejamos o que diz o cap XIII – “Não saiba a vossa mão esquerda o que dê a vossa mão direita”, instruções dos espíritos, beneficência exclusiva, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”:
20. É acertada a beneficência, quando praticada exclusivamente entre pessoas da mesma opinião, da mesma crença, ou do mesmo partido?
Não, porquanto precisamente o espírito de seita e de partido é que precisa ser abolido, visto que são irmãos todos os homens. O verdadeiro cristão vê somente irmãos em seus semelhantes e não procura saber, antes de socorrer o necessitado, qual a sua crença, ou a sua opinião, seja sobre o que for. Obedeceria o cristão, porventura, ao preceito de Jesus-Cristo, segundo o qual devemos amar os nossos inimigos, se repelisse o desgraçado, por professar uma crença diferente da sua? Socorra-o, portanto, sem lhe pedir contas à consciência, pois, se for um inimigo da religião, esse será o meio de conseguir que ele a ame; repelindo-o, faria que a odiasse. – S. Luís. (Paris, l860.)
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Aprendestes que foi dito: “Amareis o vosso próximo e odiareis os vossos inimigos.”
Eu, porém, vos digo: “Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam, a fim de serdes filhos do vosso Pai que está nos céus e que faz se levante o Sol para os bons e para os maus e que chova sobre os justos e os injustos. Porque, se só amardes os que vos amam, qual será a vossa recompensa? Não procedem assim também os publicanos? Se apenas os vossos irmãos saudardes, que é o que com isso fazeis mais do que os outros? Não fazem outro tanto os pagãos?” (MATEUS, cap. V, v v 43 a 47.)
A salvação
Em todos os meios religiosos busca-se a salvação. Ouvimos aqui: “Fora da caridade não há salvação!”, e acolá: “busque a salvação!”… mas o que realmente quer dizer “ser salvo”?.
Em muitas religiões, “salvar-se” geralmente significa “livrar-se do inferno”, o que equivale para alguns, “ganhar os céus”.
Tendo em vista a nossa compreensão espírita de que “céus” ou “infernos” são estados mentais ou ainda, estados vibratórios onde nos situamos por sintonia, surge a pergunta: como podemos, espíritas que somos, compreender a frase “Fora da Caridade não há salvação”?.
Neste ponto pedimos ajuda ao nosso caro Chico Xavier para que nos esclareça a respeito:
[…] Creio que, tanto na palavra do apóstolo Paulo quanto na expressão de Allan Kardec, o aforismo ‘Fora da caridade não há salvação’ ficará mais claramente colocado, em linguagem de todos os tempos, nos termos: ‘Fora do amor não há salvação’. Nosso caro Emmanuel muitas vezes nos diz que este conceito de ‘salvação’, na sentença mencionada, vale por ‘reparação’, ‘restauração’, ‘refazimento’… A propósito, habituamo-nos a dizer, com referência a um navio que superou diversos riscos: ‘O barco foi salvo’… Ou de homem que se livrou de um incêndio: ‘O companheiro foi salvo do fogo’… Salvos para que? Logicamente, para continuarem trabalhando ou sendo úteis. Nesta interpretação justa e salutar, reconhecemos que, fora da prática do amor uns pelos outros, não seremos salvos das complicações e problemas criados por nós mesmos, a fim de prosseguirmos em paz, servindo-nos reciprocamente na construção da felicidade que almejamos. (“O Evangelho de Chico Xavier”, item 23; Carlos A. Baccelli)
Agora que já compreendemos o sentido da palavra “salvação” perguntamos: Como podemos conquistar a salvação? Basta que pronunciemos determinadas fórmulas sagradas? Basta que nos arrependamos de nossos pecados? Basta que doemos algumas centenas em dinheiro? Basta que sejamos espíritas, ou evangélicos, ou católicos? Nada disto. Jesus esclarece e não deixa dúvidas, na passagem registrada por Mateus, no Cap XXV, vv 31 a 46 (os grifos são nossos):
Ora, quando o filho do homem vier em sua majestade, acompanhado de todos os anjos, sentar-se-á no trono de sua glória; – reunidas diante dele todas as nações, separará uns dos outros, como o pastor separa dos bodes as ovelhas, e colocará as ovelhas à sua direita e os bodes à sua esquerda.
Então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do reino que vos foi preparado desde o princípio do mundo; porquanto, tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; careci de teto e me hospedastes; estive nu e me vestistes; achei-me doente e me visitastes; estive preso e me fostes ver. Dirá em seguida aos que estiverem à sua esquerda: – Afastai-vos de mim, malditos; ide para o fogo eterno, que foi preparado para o diabo e seus anjos; porquanto, tive fome e não me destes de comer, tive sede e não me destes de beber; precisei de teto e não me agasalhastes; estive sem roupa e não me vestistes; estive doente e no cárcere e não me visitastes.
Então, responder-lhe-ão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? Quando foi que te vimos sem teto e te hospedamos; ou despido e te vestimos? E quando foi que te soubemos doente ou preso e fomos visitar-te?
O Rei lhes responderá: – Em verdade vos digo, todas as vezes que isso fizestes a um destes mais pequeninos dos meus irmãos, foi a mim mesmo que o fizestes. E esses irão para o suplício eterno, e os justos para a vida eterna.”
Vejamos quais as condições que Jesus estabelece para ser um escolhido:
Por acaso Ele faz distinção de religião ou de credo, partido ou seita? Inquire se rico ou pobre?Ele questiona quem deu maior soma de dinheiro? Não. Jesus fala de uma virtude que está ao alcance de todos: A caridade, a fraternidade, o amor pelo semelhante.
Fora da igreja não há salvação. Fora da caridade não há salvação
Nem todos os que me dizem: Senhor! Senhor! entrarão no reino dos céus, mas somente aqueles que fazem a vontade de meu Pai que está nos céus.
Mateus, Cap 7, vv 21.
Todos nós, congregados na grande comunidade cristã ou não, não importando com que rótulo nos apresentemos, cremos “possuir” a salvação.
A salvação estaria com todos: nós espíritas, com os judeus, os protestantes, os católicos etc… mas o simples crer, como o compreendemos, não salvaria a nenhum de nós, sejamos espíritas ou não.
Como podemos admitir nossa salvação com o simples proferir de nossa crença, com todas as imperfeições que ainda persistem em nós?
Jesus assevera que “o reino de Deus não vem com aparência exterior, nem dirão: Ei-lo aqui! ou: Eí-lo ali! pois o reino de Deus está dentro de vós” (Lucas cap 17, vv 20 e 21). É a sementinha a ser desenvolvida por nós, a ser cultivada com o nosso sacrifício diário, no nosso aperfeiçoamento moral e intelectual. Se o reino de Deus viesse hoje, não nos surpreenderia com nossos sentimentos de orgulho, de indiferença, de egoísmo, de inveja? Não seria o “novo mundo” uma cópia do velho mundo, com todos os seus ransos e defeitos? Lembremos sempre que o mundo é o espelho que reflete o interior de seus habitantes, nosso interior!
A religião tem no mundo importante papel: a de nos fazer compreender nosso papel frente aos nossos compromissos perante Deus, perante nós mesmos e perante a comunidade que nos situamos, como prescreve o ensinamento de Jesus: Amar a Deus, sobre todas as coisas e amar ao próximo como a si mesmo.
Todas as religiões são estradas que conduzem a Deus, cada qual com suas luzes e cada qual transitando em determinado nível de compreensão sobre os mesmos temas.
Em todas as passagens de nosso Mestre Jesus, é evidenciada a necessidade da caridade, da fraternidade, do perdão, do amor e da fé… a única garantia de nossa salvação.
Conclusão
[…] Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu espírito.
Esse o maior e o primeiro mandamento. E aqui está o segundo, que é semelhante ao primeiro:
– Amarás o teu próximo, como a ti mesmo. Toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos.
MATEUS, cap. XXII, v v 34 a 40.
De muitas formas poderemos fazer a caridade:
Caridade por pensamentos: desejando sempre as bênçãos de Deus ao nosso próximo, mas sobretudo aqueles que nos perseguem. Sempre pensar no bem, nas coisas positivas da vida, olvidando os eventos infelizes.
Caridade por palavras: dirigindo palavras de consolo, de esperança e de afetuosidade. Silenciando quando não puder ajudar ou quando intentar dirigir palavras que firam a suscetibilidade de alguém.
Caridade por ações: ofertar uma esmola, quando não puder ajudar melhor e quando realizada sem ferir os sentimentos de quem pede é válido. Chico Xavier contava que sempre agradecia a Deus e a quem lhe dava um pedaço de pão porque lhe furtava a idéia do roubo. O melhor é nos enquadrarmos em algum trabalho na sociedade em que nos situamos, onde possamos ofertar um pouco de nós, de nosso tempo, de nossa dedicação em prol de nosso semelhante e em prol de nós mesmos.
Caridade dentro de casa: porque há pessoas que são um poço de ternura fora de casa e dentro de casa são verdadeiros tiranos ou tiranas. Antes de nos fazermos temidos, é melhor que sejamos amados, queridos e respeitados, lembrando sempre que o lar é instituto sagrado, primeiro posto de trabalho confiado por Deus a nós, onde devemos exercitar todos os tipos de caridade: por pensamentos, palavras e ações.
Pergunta: Porque fazer a caridade, qual a sua real importância, em doando meu tempo, meu suor e parte de minha vida?
Resposta: Poderíamos dizer muitas coisas, mas diremos simplesmente: porque daqui nada se leva de material, mas levamos aquilo que distribuímos pelo caminho: flores ou espinhos. O exercício da caridade nos burila, nos experimenta, nos dá nova perspectiva de vida, nos dá nova noção de felicidade e de infelicidade. Vemos pessoas com problemas mais tangíveis que os nossos vivendo mais felizes que nós. Aprendemos a enxergar melhor nossas possibilidades e a reconhecer melhor a misericórdia de Deus. Furtamos nossos irmãos mais necessitados da desesperança levando-lhes o conforto da fé em Deus e angariamos para nós a proteção divina já que na roda da vida, não temos nada: tudo nós é cedido e emprestado por Deus e da mesma forma que hoje somos beneficiados, amanhã poderemos estar em situação diversa. “Ajudai para que Deus vos ajude” ou ainda “Ajuda, que o Céu te ajudará”.
Para finalizar, vamos contar uma belíssima história oriental que, apesar de tratar especificamente sobre o céu e o inferno, exprime um profundo pensamento a respeito da caridade que deve nortear a vida de todos nós:
Um dia um jovem aprendiz perguntou a seu mestre qual a diferença entre o céu e o inferno, e o mestre respondeu:
– Amado aprendiz, o inferno é como um grupo de pessoas sentadas ao redor de um monte de arroz delicioso, cada uma destas pessoas com talheres muito longos e por este motivo estas pessoas não conseguem colocar o arroz na própria boca, e por seu egoísmo, todos morrem de fome.
– Já o céu, é um outro grupo de pessoas também sentadas ao redor de um monte de arroz delicioso, também com talheres muito longos, só que cada uma destas pessoas alimenta a outra e por este motivo todos ficam satisfeitos e felizes.
Um forte abraço e que Deus nos abençoe a todos.
Bibliografia
O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec
O Livro dos Espíritos – Allan Kardec
O Evangelho segundo Marcos, Mateus, João e Tiago na Bíblia; tradução de João Ferreira de Almeida RC, King James (Inglês) e King James (Inglês/Grega)
Alvorada Cristã: Capitulos 7, 9 e 18, Neio Lúcio / F.C.Xavier
Caminho, verdade e vida: Capitulo 161, Emmanuel / F.C.Xavier
Dicionário da Alma: item “Caridade”, Espíritos diversos
Jesus no Lar: Capitulos 20 e 29, Neio Lúcio / F.C.Xavier
O Consolador: Pergunta 255 e 259, Emmanuel / F.C.Xavier
Palavras de vida eterna: Capitulo 11, 37, 39, Emmanuel / F.C.Xavier
Pontos e contos Capitulo 8, Irmão X / F.C.Xavier
Religião dos Espiritos: Captilo 5, Emmanuel / F.C.Xavier
Seara do Médiuns: Capitulo 35, Emmanuel / F.C.Xavier
Sinal Verde: Capitulos 4 e 6, André Luis / F.C.Xavier
O Evangelho de Chico Xavier, item 23, Carlos A. Baccelli
¹Sobre esta passagem especificamente, temos que fazer uma observação no mínimo curiosa: quase todas (se não todas) as palavras “caridade” nas Bíblias traduzidas para o português, foram substituídas pela palavra “amor”. Com que intuito esta alteração foi feita? Não o sabemos. Preferimos crer que foram alteradas na compreensão de que não é possível fazer caridade sem amor. Entretanto sem esta chave de conhecimento que a Doutrina Espírita proporciona, este raciocínio torna-se prejudicado.
Para os companheiros que desejam pesquisar, consultamos as versões da bílbia em suas versões João Ferreira de Almeida – Revista e Corrigida, consultamos a versão utilizada pelos irmãos “Testemunhas de Jeová”, a versão King James em Inglês, a versão King James Ingês/Grega e a versão em Espanhol. Somente as versões em português foram alteradas, as demais permanecem fieis à versão grega que é tida como a versão “base”. Na tradução da palavra “caridade”, em grego encontramos a palavra “Agape, Agapen”; em inglês encontramos a palavra “Charity” e em espanhol encontramos a palavra “Caridad” todas fiéis ao original grego.
Aproveitando a incursão neste assunto, gostaríamos de esclarecer também que nas versões em português da Bíblia, encontramos as palavras “espíritas”, “médiuns” e “espiritismo” que não existem em suas versões em inglês, espanhol e grego. Além do mais, todos nós sabemos que estas palavras não existiam antes da era Allan Kardec (1857) pois foi ele o criador destes termos conforme já mencionamos.