CEIFA DE LUZ
Estudo de: João Batista da Costa
Pelo espírito: Emmanuel Psicogafia: Francisco Cândido Xavier Editora: FEB Data da 1ª edição: 1979 |
Capítulo 1 – Caridade Do Entendimento
O apóstolo Paulo, em carta aos coríntios coloca a caridade acima de qualquer virtude.
Há muitas maneiras de praticar a caridade; dentre elas a caridade de entendimento é o laço de união entre os homens, não mais senhor das verdades, e sim procedimento de compreensão entre todos. Aquele que assim procede, caminha na vida aprendendo a ouvir mais, e falar com mais acerto.
Os nossos pontos de vistas têm a dimensão da nossa verdade, e talvez não se enquadra nas verdades do nosso próximo, é onde entra a caridade no entendimento. Emmanuel, nos diz, que precisamos tanto da caridade quanto do ar que nos assegure o equilíbrio orgânico.
É somente através da tolerância e do amor de uns para com os outros que conseguiremos caminhar com mais tranqüilidade. Cada um de nós é um universo a parte.
A medida que o amor nos entrelace, vamos caminhando na vida, com menos neuroses, com menos conflitos íntimos e desajustes de toda ordem.
O próximo é o motivo de nosso conflito, por falta da caridade do entendimento, cada um vive dentro do seu próprio universo evolutivo, a ignorância quando a enxergamos no outro é o reflexo do espelho de nós mesmos. Diríamos que o espelho nos devolve a imagem que lhe damos: sorria, e ele sorri, choremos, e em dois, choramos.
Por isto, Emmanuel reflete que quando cada um de nós se ajustar à obrigação de servir sem mágoa e sem exigência, na certeza de que apenas amando e auxiliando sem reclamar, caminharemos felizes na ascensão para Deus.
Capítulo 2 – Desculpar
Existe momentos em nossas vidas que não valorizamos as oportunidades do perdão. Alguém nos feriu? Sigamos adiante com total esquecimento da ofensa. Qual o beneficio desta atitude? Aquele que assim procede, caminha feliz na jornada da vida, consciente que contribuiu para a paz.
Quando o apóstolo Paulo, estando em Jerusalém, recebe uma carta de Tiago, pedindo-o para que retornasse pelo bem da “causa do Evangelho”, o apóstolo medita sobre as divergências do passado. Refletindo os acontecimentos, ele busca ajuda nas anotações e encontra a seguinte advertência: “Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele”. (Mateus) 5:25
Podemos observar que é necessário não perdermos a oportunidade do momento da reconciliação, pois o amanhã poderá ser para todos nós oportunidade perdida. Emmanuel, comentando esta lição, nos diz que é o nosso dever desculpar sempre para que a vitória do bem permaneça.
Quantas vezes, diante de qualquer ofensa, está um irmão desesperado na dor, na ignorância, com muitos problemas sem resolução naquele instante. Então, é necessário a compreensão no silêncio para que o mal não progrida.
Desculpar hoje, é crédito para sermos desculpados amanhã, diante de nossa invigilância.
Em muitas situações o silêncio é a melhor resposta diante do desentendimento. A melhor forma de réplica é a do nosso exemplo de trabalho, do esforço útil, porque somente o amor é suficientemente forte para modificar qualquer situação.
Diante de um desentendimento, recordemos Jesus quando na cruz, diante da multidão, diz: “Pai, perdoa-os, pois não sabem o que fazem”.
Maria Dolores, na lição intitulada “Cantiga do perdão”, assevera:
Amigo, onde estiveres,
Assegura a certeza
De que o perdão é Lei da natureza,
Segurança de todos os misteres
Perdoa e seguirás em liberdade
No rumo certo da felicidade…
Concluindo, se queremos realmente a felicidade, esqueçamos todas as ofensas, e sentiremos dentro do próprio coração a presença de Jesus.
Capítulo 3 – No Mundo Afetivo
O apóstolo João nos faz um convite especial, mostrando-nos o caminho para a plena felicidade aqui na terra. Convite este para o amor, plena aceitação de como o próximo se apresenta diante de suas próprias dificuldades de entendimento.
Ilusão de nossa parte, querer transformar o mundo quando dentro de nós ainda impera a desarmonia de toda ordem. Somente o exemplo do bem é capaz de arrastar multidões. Emanuel, comentando esta lição nos diz que a todo momento reprovamos a violência, no entanto, qual o nosso procedimento em favor da paz?
Cada companheiro respira na faixa evolutiva que se encontra, portanto nos é necessário a compreensão diante das atitudes da vida que, por ventura, nos chega a contra gosto. Quando o apóstolo João escreveu que devemos amar uns aos outros não especificou o tipo de companheiro que devemos amar.
Conta Humberto de Campos que quando se iniciou o trabalho na “Casa do Caminho”, depois da primeira fase que foi o levantamento da moradia, começaram a chegar os necessitados do caminho, os obsidiados, as crianças sem rumo, e as campanhas eram feitas para atender a todos as necessidades. Entretanto, se os apóstolos do mestre encontravam relativa facilidade para assegurar a manutenção da casa, reconheciam-se atribulados pela desunião, que os ameaçava. Levi criticava o rigor de Tiago, Tiago não desculpava a tolerância de Levi. Bartolomeu interpretava a benevolência de André como sendo dissipação. André considerava Bartolomeu viciado em sovinice, e continuavam os atritos. Simão Pedro, no sustento da ordem, aconselhava serenidade e prudência, sem qualquer resultado encorajador. Foi quando numa noite em que Simão Pedro implora a inspiração do Senhor a benefício da paz. Apareceu o mestre como no passado, ergueu as mãos num gesto de benção. Pedro comovido, diz: Senhor compadece-te de nós, os aprendizes atormentados!… Que fazer, Mestre, para garantir a segurança de tua obra? Perdoa-me se tenho o coração fatigado e desditoso!…
Simão – respondeu Jesus, não me esqueci de rogar para que nos amássemos uns aos outros…
Jesus, divinamente materializado, espraiou o olhar percuciente na diminuta assembléia e ponderou:
– O equilíbrio nasce da união fraternal e a união fraternal não aparece fora do respeito que devemos uns aos outros… Ninguém colhe aquilo que não semeia… Conseguiremos a seara do serviço, conjugando os braços na ação que nos compete; conquistaremos a diligência, aplicando os olhos no dever a cumprir; obteremos a vigilância, empregando criteriosamente os ouvidos; entretanto, para que a harmonia permaneça entre nós, é forçoso pensar e falar acerca do próximo, como desejamos que o próximo pense e fale sobre nós mesmos…
E, ante o silêncio que pesava, profundo, o mestre rematou:
– Irmãos, por amor aos fracos e aos aflitos, aos deserdados e aos tristes na terra, que esperam por nós a Luz do Reino de Deus, façamos a campanha da paz, começando pela caridade da língua.
Capítulo 4 – Seres Amados
Quando todos nós tivermos a coragem de caminhar com o nosso irmão como ele se apresenta, lhe mostrando caminhos para auto mudança, estaremos nós adentrando no universo do Amor.
Assim não haverá tropeço algum na vida, pois a vida por si, dificuldades ou não, teremos sempre alegria no coração, por estar caminhando e servindo sempre.
Precisamos lembrar que cada um de nós é um universo a parte.
Cada um de nós, com suas experiências de vida, precisamos então aprender a amá-los, para que os outros nos amem, como nos encontramos no processo evolutivo.
Quando Salomé, a esposa de Zebedeu, ouvira falar do profeta de Nazaré, ela que era a mãe de Tiago e João, mulher amorosa, logo procurou o Messias, pois deseja que seus filhos se sentassem um à sua direita e outro a sua esquerda.
Jesus sorriu e obtemperou, com gesto bondoso – antes de tudo, é preciso saber se eles quererão beber do meu cálice!
Salomé requisitava o privilégio de eles se sentarem ao lado de Jesus em seu reino.
E Jesus se reportava, se eles queriam passar pelas dificuldades, e se, estavam preparados para isto.
Salomé representa assim todas as mães que tudo querem para seus filhos, esquecendo que cada um, é alguém para o exercício de auto renovação, em que as dificuldades se apresentarão em suas vidas como processo de burilamento para auto perfeição.
Como diz Emmanuel:
Que todos nós somos viajores do universo com encontro marcado numa só estação de destino – a perfeição na imortalidade. À face disso, e levando em consideração que nos achamos individualmente em marcos diferentes da estrada, se queremos auxiliar aqueles a quem amamos, e abençoá-los com o nosso afeto, cultivemos, à frente deles, a coragem de compreender e a paciência de esperar.
Diz Chico Xavier:
Se eu dispusesse de autoridade, rogaria aos homens que estão arquitetando a construção do terceiro milênio, que colocassem no portal da nova Era, as inolvidáveis palavras de nosso senhor Jesus Cristo: – “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei”.
Capítulo 5 – A lição da espada
Emmanuel nos demonstra um erro de interpretação ligado à passagem supracitada, a qual em sua continuação diz: “[…] mas a espada”. Segundo o autor espiritual, muitas vezes este trecho é visto como um incentivo a um comportamento oposto ao do Mestre.
Quantas vezes, por variadas razões, companheiros da fé cristã não se equivocaram ao crerem que as palavras de Cristo autorizam uma arrogância e violência na pregação de suas certezas. Muitos levam a discórdia e o desentendimento aos seus próprios lares, por não aceitarem aqueles que não partilham de suas convicções religiosas.
Sejamos mais críticos e atentos às lições de Jesus. Emmanuel nos instrui a refletir sobre a conduta de nosso Irmão Maior… quando foi que Ele agiu de maneira cruel, violenta ou maldosa? Porque, então, em Seu nome nos comportaríamos assim?
O real sentido das palavras de Cristo jamais exorta a violência – física, psicológica ou simbólica. Para Emmanuel, a cruz é o símbolo da espada cravada na Terra, o símbolo da humildade extrema, da luta constante contra nosso orgulho e nossas fragilidades de caráter. Essa é a única luta que travaremos sob a aprovação do Mestre: a luta contra nossas próprias imperfeições, nossas más tendencias, nosso orgulho, egoísmo e animalidade.
Somente contra os “inimigos da paz” que nas palavras de Emmanuel estão dentro de nós mesmos é que devemos erguer nossa espada.
Capítulo 6 – Em ti próprio
É comum ouvirmos e reproduzirmos constantemente ensinos e belas palavras inspirados por sentimentos bons e nobres. Em diversas ocasiões iremos nos lembrar das palavras de um bom amigo, de largo entendimento, e reproduziremos seu conhecimento, tornando-nos queridos e respeitados. Contudo, Emmanuel nos alerta que não conseguiremos compreender a essência dos puros sentimentos se não o cultivarmos em nosso íntimo.
Para tal, é preciso o amargo remédio da dor e das dificuldades. Somente nos momentos de tormenta que somos capazes de compreender a beleza da serenidade. Ou seja, é superando os obstáculos que encontraremos a felicidade. Por isso, o amigo espiritual nos alerta para que não nos percamos em queixas desmedidas e em lamentos infrutíferos.
É preciso que nos voltemos a nós mesmos, pois, os pensamentos que surgirão em nossas mentes serão a “solução fundamental” para os problemas presentes. Busquemos em nós mesmos o recurso necessário à superação.
Capítulo 7 – Legendas do literato espírita
Nessa lição, Emmanuel se volta, especialmente, aos escritores espíritas. No entanto, poderíamos estender essa lição a todos, pois reflete sobre a responsabilidade de falar e ser ouvido.
Sabemos que aquilo que dizemos conta muito sobre nós, mas, sobretudo, sobre aquilo que compreendemos do mundo, portanto, de nossos valores, certezas e verdades. Por isso, é necessário que tenhamos cautela, não apenas com a forma de nosso discurso, mas, acima de tudo, com o conteúdo que professamos. Não mal algum em nos afeiçoarmos a certos conceitos, mas é preciso que cultivemos o hábito da prece, para mantermos a sintonia e permitirmos a inspiração benéfica. Podemos ter nossas preferencias de estilo, mas é necessário que nos façamos inteligíveis. Podemos valorizar o intelecto, mas cultivar também os valores morais.
O autor espiritual nos recomenda ainda que defendamos nossos princípios e opiniões, mas com o cuidado do respeito àqueles que pensam de maneira diversa. E, principalmente, nos instrui a manter a firmeza daquele que ensina, sem deixar de estudar, para que estejamos seguros e confortáveis no objetivo de servir mais.
Capítulo 8 – Legendas do tribuno espírita
Tanto quanto ao que usa uma tribuna para levar os ensinamentos, principalmente da boa nova, deva ser o do esforço próprio no cotidiano a mudar velhos hábitos para que a nossa palavra não seja em vão.
Devemos então evitar as palavras ociosas, pois cada um de nós será justificado ou condenado por suas próprias palavras, ao passo que o homem sincero, cujo sentimento estão trabalhados no bem do próximo, age, em todas as circunstâncias, movido pelo bem que traz em seu coração.
A palavra como agente transformador, se não estiver alicerçado nas lições de Jesus, será somente tempestades que passam e não trazem o benefício necessário, porquanto a todo o momento devemos buscar a inspiração através da prece. Para que o nosso falar seja suave aos ouvidos do próximo.
Devemos então:
- Valorizar a tudo e a todos.
- Buscar o aprimoramento a todo instante.
Observar experiências já vividas e tirar o proveito necessário como oportunidade de crescimento. Em tudo, e com todos, estaremos aprendendo a arte de viver bem quando bem valorizamos as oportunidades que Deus nos empresta.
Capítulo 9 – A Perda Irremediável
Necessário observar como estamos caminhando no nosso dia; começamos e terminamos da mesma forma? Sempre há algo a realizar, por menor que seja a nossa ação no bem.
Uma vez, ou outra, nos sentimos bem, devido a nossa disposição de sair do nosso mundo íntimo e transitar por universos diferentes; pelos quais nossa ação no bem tem influência concreta, assim a paz reflete naturalmente.
Cada dia é uma lição ao exercício de renovação. O importante é nunca desistir do bem que pode nos aperfeiçoar para a vitória do dia a dia. Cada dificuldade é sempre oportunidade de auto avaliação do nosso compromisso de auto mudança.
A todo o momento, a riqueza maior, será sempre aquela da paz de consciência. Feliz daquele que segue a vida adiante, mesmo com as dificuldades de toda ordem, mas não saindo na proposta do Cristo: “Amai-vos uns aos outros”. Chegará para todos nós o momento do acerto de contas, através da morte física, sendo que a única moeda de valor integral, no outro lado da vida, será sempre a do bem praticado.
Nessa lição Emmanuel nos diz que a perda irremediável é a das horas perdidas,
Recorda que os mordomos da fortuna material, tanto quanto as vítimas da carência de recursos terrestres, sábios e ignorantes, sãos e doentes, felizes e infelizes comparecerão ao acerto com a justiça indefectível, e guarda contigo a certeza de que a única flagelação irremediável é aquela do tempo inútil, na caminhada humana, porque, afeto, haveres, oportunidades, valores, lições e talentos voltam, de algum modo, às nossas mãos, através das reencarnações incessantes, mas a hora perdida é um dom de Deus que não mais voltará.
Capítulo 10 – Doentes em Casa
Na conquista de qualquer valor, mesmo nos momentos de grandes sacrifícios pela valorização da existência, em tudo quanto estamos a buscar lembremos que: a vida por si é oportunidade valiosa, pelo qual cada um de nós deve prezar.
Nascemos no melhor lugar, com os melhores pais, na melhor família. Devemos sempre ser aquele que estende as mãos em qualquer momento de necessidade. Em qualquer trabalho de renovação, não conseguiremos atender satisfatoriamente, se dentro do próprio lar deixamos à revelia a quantos necessitam de nossa atenção.
Recorda que o doente de hoje, é o retrato fiel de nós mesmos no amanhã, caso sejamos indiferentes para com a vida.
O apóstolo Paulo, escrevendo aos colossenses, não diz que tipo de corpo o nosso espírito utiliza no trânsito de nossas experiências, nos pede somente que sejamos agradecidos seja a forma em que estivermos.
Quando houver um doente em casa, necessário é tratar com amor, não relegando às casas de repouso, deixando de fazer a parte que nos compete.
Emmanuel no final da lição nos diz:
Guarda em tua própria casa, tanto quanto puderes, os parentes portadores de provações e não lhes decrete o exílio, ainda mesmo a preço de ouro. Apóia-os, qual se mostrem, com as necessidades e lutas que lhes marcam a existência, na certeza de que todos eles são tesouros de Deus, em tarefas sob a tua responsabilidade, ante a assistência e a supervisão dos mensageiros de Deus.
E Maria Dolores no livro “Antologia da Espiritualidade”, nos fala sobre a vida:
Não digas, coração, que a vida é triste,
Porque a vida é grandeza permanente
E a natureza, em tudo, é um cântico de glória,
Desde o sol à semente.Mágoas? Dizer que as mágoas lembram trevas,
Que nem de longe saber entende-las…
Contempla o céu noturno, revelando,
Avalanches de estrelas.Asseveras que as sombras são feridas,
Quais picadas de espinhos agressores…
Fita o verde das árvores podadas,
Recobertas de flores.Nos dias de aflição, ante a força das provas,
Recorda, na amargura que te oprime,
Que a ostra faz nascer do próprio seio em chaga,
A pérola sublimeAssim também, nos trilhos da existência,
Se choras sem apoio e caminhas sem paz,
Não te queixes do mundo… serve, ama,
Espera e vencerás!
A vida… toda vida é luz eterna!
Escalando amplidões e buscando apogeus…
E a presença da dor, em qualquer parte,
É uma benção de Deus.
Capítulo 11 – A Riqueza Real
Buscamos valores que durante toda a nossa existência não nos trazem a felicidade almejada. Gastamos o valioso tempo em adquirir tudo quanto nos é transitório. Comentando a lição, Emmanuel nos diz que a riqueza real está dentro de cada um de nós.
O sábio, os tesouros do conhecimento.
Os bons, a riqueza da alegria.
Os de boa vontade, os talentos da simpatia.
As pessoas sinceras, tem a beleza espiritual.
Os filhos da boa-fé cultivam as flores da esperança.
A riqueza real é atributo da alma eterna e permanece incorruptível naquele que a conquistou. Lembremos da visita amorosa de Jesus em casa de Marta e Maria:
Jesus estava falando sobre as lições divinas aos atentos ouvidos de Maria, enquanto Marta se encontrava afobada com os afazeres de casa. Então, Marta pede a Jesus que permita que Maria a ajude e Jesus fala que Maria havia escolhido a boa parte. Era momento único aquele, o serviço podia esperar, e Maria se encantava a ouvir o Mestre.
Assim somos nós no dia de hoje. Somos as Martas, afobados com tudo, o tempo sempre nos é curto, para reflexões, estudos, trabalho no bem. Estamos sempre correndo atrás, de não sei o que, e nos perdemos no emaranhado da vida.
Não estamos falando da indisciplina das nossas obrigações a cumprir no campo do trabalho material, queremos dizer da valorização que devemos dar às coisas espirituais que são eternas, ao passo que as materiais que são passageiras.
Em equilíbrio conosco mesmo, saberemos buscar o necessário à nossa existência, e o caminho a percorrer será ameno, pois estaremos buscando a riqueza maior em que o ladrão não roube.
Capítulo 12 – A Senda Estreita
No Evangelho de Lucas, referente a esta lição, vamos encontrar no versículo 23 a interrogação de um homem para com Jesus, sobre a salvação:
E disse-lhe um senhor, são poucos os que se salvam?
E Ele lhe respondeu: – Porfiai por entrar pela porta estreita, por que eu vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão.
Quantas oportunidades perdidas, por valorizar tudo quanto é transitório em nossa vida. As oportunidades chegam e damos atenção às nossas ilusões que logo passam. Fica conosco o vazio existencial, por não nos preparar devidamente para vencer os males cotidianos.
São muitos os caminhos que nos conduzem à perdição (representada pela porta larga) em nosso cotidiano. Observemos o quanto a vida terrena nos oferece em atrativos vários: a riqueza, a ostentação, o orgulho, a vaidade. A quantidade de pessoas que transitam por este caminho é elevada, portanto este caminho é enganador. Quando descobrirmos o nosso engano, o retorno será penoso e cheio de percalços. Surgirão as expiações e tribulações terrenas.
Toda facilidade humana inquieta a alma, toda realização pede trabalho.
A coragem de buscar a porta estreita exige responsabilidade, trabalho, esforço interior etc. São poucos os que a procuram, por não oferecer nenhum atrativo. Mas, aquele que a busca se encontra, na vida, com a paz de consciência.
Estamos na Terra na condição de devedores da lei divina. A porta estreita, apesar de ser difícil, é ascendente. É ela que nos conduz para Deus. Quando tudo em nossa vida parece não ter sentido, quando o sofrimento toma conta da nossa existência, lembremo-nos que: transitar pela porta estreita da vida é motivo de muita alegria, nunca lamentação.
Como diz Emmanuel:
Porfiai na renúncia que eleva e edifica, enobrece e ilumina.
Não desdenhes a provação e o trabalho, a abnegação e o suor.
E, em todas as circunstâncias, recorda sempre que a “porta larga” é a paixão desregrada do “eu” e a “porta estreita” é sempre o amor intraduzível e incomensurável de Deus.
Lembrando Mateus (capítulo 7, versículo 13):
Larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela.
Capítulo 13 – Na Gleba do Mundo
Emmanuel, nesta lição, começa a comentar que a vida é comparável ao trato de solo que nos é concedido cultivar. Em um terreno de cultura, lança-se a semente e espera a germinação depois de se ter trabalhado com a terra. A semente é o nosso dever a cumprir, o terreno é o próximo que nos proporciona a colheita.
Em toda a vida é necessário que plantemos o bem e persistamos no trabalho. Nunca esmoreçamos diante das dificuldades normais, assim como a terra conta com o aguaceiro, granizo e vento, praga e detrito.
O que reclama da caminhada, perde as oportunidades de benesses do caminho.
Quando Mateus registra a parábola do semeador, está nos mostrando aí a personificação do adepto sincero, aquele que abraça os ensinamentos divinos, esforça-se por praticá-los e trabalha no campo espiritual sem medir sacrifícios.
Cada um de nós produzirá de acordo com seu adiantamento espiritual. Há aqueles que já assimilaram os ensinamentos e produzem a cem, outros, através de seu esforço, produzem a sessenta e outros a trinta.
Onde estivermos na escala evolutiva, podemos verificar que na seara do senhor há trabalho para todos nós, desde o mais pequenino ao mais letrado, desde o mais pobre ao mais bem situado no mundo. Todos nós podemos produzir segundo nossa capacidade. A medida que fizermos em nosso coração a morada de Jesus estaremos produzindo a cem por um.
E, Emmanuel termina a lição nos dizendo:
Dá o melhor de ti mesmo à seara da vida, e o Divino lavrador, sem que perceber, pendurará nas frondes do teu ideal a floração da esperança e a messe do triunfo.
Capítulo 14 – Indicação Fraterna
Há campo de trabalho para todos, desde o mais letrado àquele que possui o cabedal da inteligência acadêmica.
O caminho para a paz necessária aqui na terra, é aprender a trabalhar, sofrer, dar presença, e colaboração na causa do bem.
Em tudo o amor presida.
As Leis do universo reside em tudo quanto criamos contra nós mesmos.
Aceitar a todos e a tudo como norma de auto mudança de nosso comportamento, ninguém pode fugir dos encargos que a sabedoria da vida nos entregam, servindo mais, encontrarás a felicidade em ti mesmo.
Emanuel nos diz nesta lição:
Que o suor do trabalho confere experiência.
A lágrima da aflição acende a luz espiritual.
Quando a dor te visite, reflete-lhe a mensagem.
Não há sofrimento sem significação.
Não fosse a prova e ninguém conseguiria entesourar compreensão e discernimento.
Há dias turbulentos, em que nos sintamos desanimados, procure te encontrar mesmo, ainda que todos não nos compreenda, procuremos compreender cada coração necessitado de Jesus tanto quanto nós mesmos.
Na vida tudo é luta, suor, sofrimento para sublimar nossos caminhos até o criador.
E, Emanuel termina a mensagem nos dizendo:
Haja o que houver, não te interrompas, na tarefa em execução, para ouvir sarcasmo ou censura. Oferece o melhor de ti aos que te compartilham a estrada, e, conservando a consciência tranquila, trabalha sempre, lembrando, a cada momento, que, assim como o fruto fala da arvore, o serviço é a testemunha do servidor.
Capítulo 15 – Conquista da compaixão
Nenhuma virtude pode ser obtida sem o esforço constante da prática.
Emmanuel nos instrui diretamente ao exercício da compreensão para o desenvolvimento da piedade. Somente aquele que olhar através de lentes mais amplas será capaz de desenvolver os atributos divinos, pois apenas assim entenderemos que os erros alheios nada mais são que vícios que prejudicarão mais aquele que o pratica.
Portanto, o autor espiritual nos recomenda o exercício de nossas virtudes, semelhante ao músico que desenvolve suas habilidades através da prática constante de exercícios diversos. Quanto mais praticarmos, melhor será nosso aprendizado e mais rápido o resultado de nossa transformação.
Para conhecermos o amor incondicional e nosso íntimo é preciso que desenvolvamos a compaixão. Mas, para obtermos tal virtude devemos trabalhar em sua formação.
Capítulo 16 – Assunto de liberdade
O autor espiritual aponta que no excerto supracitado não se trata da liberdade física, ou das normas sociais, mas da liberdade interior, isto é, a libertação de nós mesmos de nossas paixões e excessos.
O pior cativeiro é aquele que nós mesmos forjamos sob a orientação de nossas fraquezas morais. Nos prendemos de tal maneira às mesquinharias de nossos desejos que nos permitimos ser escravizados por impulsos e tendencias pouco iluminadas, cultivando em nosso âmago uma dependência desnecessária. Para isso Emmanuel nos alerta.
O Mestre, quando esteve conosco, ensinou-nos as virtudes que precisamos desenvolver para alçarmos a nossa libertação verdadeira. O pior de nossos algozes se encontra dentro de nós e se mantém por nossa própria vontade, desse modo, procuremos evitar os julgo de nossas más tendências…
Capítulo 17 – Em torno da humildade
Tiago (Tiago, 1:17)
Absolutamente nada, em nossa jornada terrena, pode ser obtido sem o consentimento divino. Desde o nosso corpo, nossa inteligencia, nossa família, nossos amigos, nossas carreiras etc.
O Pai Eterno nos permite a experiência atual em condições necessárias ao nosso melhoramento moral. É preciso que aceitemos, porém, que tudo é passível de mudança. Nenhuma condição é permanente em nossa experiência e, por isso, precisamos estar preparados para mudanças e rearticulações de nossa atual condição. Diz-nos Emmanuel:
Em qualquer plano ou condição de existência, estamos subordinados à lei da renovação.
Haja vista nossa condição transitória, lembremos que não nos devemos permitir sermos levados pela vaidade, pois nenhuma condição é permanente, ou desconectada da vontade divina.
Capítulo 18 – Em torno do porvir
Quando o divino mestre fez este convite de trabalho aos onze amigos, ele havia aparecido a Maria Madalena no primeiro dia da semana depois de sua crucificação, ela então leva a boa nova aos Amigos e eles não acreditaram. Então Jesus manifestou-se em outra forma a dois deles que iam de caminho para o campo. E, indo eles, anunciaram-no aos outros, mas nem ainda estes creram. Finalmente, Jesus apareceu aos onze, e disse-lhes: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura”.
Assim, depois de Jesus, inicia-se com os apóstolos a divulgação do Evangelho.
Emmanuel sobre esta lição inicia-se dizendo:
Toda realização nobre demanda preparo criterioso.
Nossa visão na terra no compromisso de servir é ainda muito acanhado, pois falta-nos o exercício da compreensão para felicidade geral. Diz ainda Emmanuel:
O homem, na terra:
edifica-se com a instrução para frustar os perigos da ignorância, seja entrando no conhecimento comum ou garantindo a competência profissional;
assegura o equilíbrio orgânico com agentes imunológicos, preservando-se contra certas doenças arrasadoras;
paga tributos compreensíveis e justos a instituições securitárias e assistenciais, a fim de que lhe não falhe o apoio de ordem material nas horas difíceis;
organiza tarefas vastíssimas na gleba vulgar para que não falte o auxílio da sementeira, tanto a benefício próprio quanto na sustentação da comunidade;
institui recursos no trânsito, com sinalização especial, de modo a prevenir desastres e definir responsabilidade nas ocorrências infelizes da via pública;
despende fortunas enormes com o exclusivo propósito de salvaguardar o êxito em determinadas realizações científicas.
O Homem na atualidade necessita buscar compreender a grande necessidade de viver em plenitude do bem, buscando sem neuroses, se ainda não conquistou virtudes pelas quais anseia em adquirir.
Como diz Dr. Bezerra de Menezes:
Não gaste impensadamente os seus dias na pregação desesperada de princípios renovadores que você mesmo tem dificuldades de abraçar.
Corrijamos em nós o que nos aborrece nos outros e Jesus fará o resto pela felicidade do mundo inteiro.
Dr. Bezerra não nos fala em acomodação, e sim corrigir hábitos para que nosso falar seja o nosso proceder no dia-dia.
Emmanuel termina a lição nos dizendo:
Prossigamos, assim, atentos na construção da Doutrina Espírita sobre os princípios de Jesus, porquanto, seja hoje, amanhã, depois de amanhã ou no grande futuro, todas as criaturas da Terra, uma por uma, se aproximarão da escola do amor e da verdade, a fim de encontrarem a felicidade real, não só no campo da inteligência, mas também – e acima de tudo – nos domínios do coração.
Capítulo 19 – No erguimento da paz
Vivemos dias conturbados, ausência de amor, de fraternidade, de entendimento uns com os outros, mas vivemos também dias de esperança. Nunca se falou tanto de paz quanto agora.
Tivemos duas grandes guerras mundiais e milhões de vidas em sofrimentos atrozes diante dos caprichos de um Adolf Hittler. Os dois conflitos mundiais servem de alerta para que toda a humanidade busque os caminhos da paz, fraternidade, união entre todas as nações da Terra.
Albert Einstein foi questionado sobre se haveria uma terceira guerra mundial; o que aconteceria?
Ele então respondeu: “Não sei quais serão as consequências de um terceiro conflito, mas na quarta guerra mundial os homens lutarão com paus e machados de pedra”.
Esta ideia nos leva a imaginar o quanto as nações estão armadas, o perigo das armas nucleares. Vendo pela televisão a guerra do Iraque, ficamos a imaginar o quanto ainda nos encontramos na ausência do amor.
Mas hoje luta-se para o desarmamento, o povo está se conscientizando da necessidade disso. Chegou o momento de exercitarmos o desarmamento dentro de nós mesmos, saindo de nossa agressividade, de nossa violência constante, buscando assim a serenidade que nos levará à paz necessária.
Nesta lição “no erguimento da paz”, Emmanuel comenta:
Efetivamente, precisamos dos artífices da inteligência, habilitados a orientar o progresso das ciências no planeta. Necessitamos, porém, e talvez mais ainda, dos obreiros do bem, capazes de assegurar a paz no mundo. Não somente daqueles que asseguram o equilíbrio coletivo na cúpula das nações, mas de quantos se consagram ao cultivo da paz no cotidiano.
Vemos então que Deus nunca nos deixou sem proteção alguma, pois sempre tivemos a presença do amor em forma de atos e palavras daqueles que compreenderam a mensagem do Cristo, estando conosco e ensinando-nos o caminho a percorrer, Madre Tereza de Calcutá, Irmã Dulce, Francisco Cândido Xavier, Divaldo Franco e tantos outros.
Em 1869, ano em que partia para o plano espiritual o Homem Luz Allan Kardec, que nos deixou diretrizes sólidas para o caminhar para a felicidade, nascia neste mesmo ano o “Homem Amor” Mahatma Gandhi, que ficou conhecido pela por “lutar” pela independência do seu país através do uso da não violência.
Albert Einstein comoveu-se a tal ponto que disse a respeito de Gandhi:
“As gerações futuras dificilmente poderão acreditar que alguém assim, de carne e osso, já andou por este mundo”.
Questionado certa vez sobre a paz, Gandhi escreveu:
O caminho da paz é o caminho da verdade.
Ser honesto é ainda mais importante do que ser pacífico.
Na verdade, a mentira é a mãe da violência.
Um homem sincero não pode permanecer violento por muito tempo. Ele vai perceber, no curso de sua busca, que não tem necessidade de ser violento. Vai também descobrir que enquanto houve nele o menor vestígio de violência não conseguirá encontrar a verdade que está procurando.
Não há um ponto intermediário entre a verdade e a não-violência de um lado e a falsidade e a violência de outro. Talvez nunca sejamos fortes o bastante para sermos totalmente não-violentos, em pensamento, em palavra e ação. Mas devemos manter a não-violência como nosso objetivo e fazer um progresso constante em sua direção. A conquista da liberdade, quer seja para um homem, uma nação ou o mundo, deve ser na proporção exata da conquista da não-violência. Assim, aqueles que acreditam na não-violência como o único método de alcançar a verdadeira liberdade devem manter a chama da não-violência ardendo intensamente no meio das trevas impenetráveis do presente. A verdade de uns poucos vai prevalecer, a inverdade de milhões vai se dissipar, como a palha a uma lufada de vento.
Portanto, os pacíficos são aqueles que obedecem à Lei da Fraternidade. Sabendo que todos nós somos irmãos, filhos de um único Pai que é Deus, e que trata a todos com amor, paciência e bondade a todo momento da vida.
Capítulo 20 – Prescrição de Paz
A Providência Divina a todo momento vela por todos nós; inquietação pelo futuro é sofrimento sem necessidade alguma. Trabalhemos confiantes no dia de hoje, resolvamos os nosso problemas e as nossas dificuldades, conforme elas vão se apresentando.
Não tenhamos excessiva preocupação ou ansiedade pelo porvir, preparemo-nos espiritualmente para a tarefa de cada dia como se não fosse existir o dia de amanhã, para que saibamos cumprir as obrigações diárias.
O futuro pertence a Deus, e a solução de todos os problemas será sempre segundo nossas obras e o nosso merecimento de tudo quanto realizamos no dia de hoje.
E, para entender de como devemos caminhar no dia-dia, busquemos o pensamento de Emmanuel no comentário desta lição.
Na garantia do próprio equilíbrio, alinhemos algumas indicações de paz, destinadas a imunizar-nos contra a influência de aflições e tensões, nas quais, tanta vez, imprevidentemente arruinamos tempo e vida:
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Corrigir em nós as deficiências suscetíveis de conserto, e aceitar-nos, nas falhas cuja supressão não depende ainda de nós, fazendo de nossa presença o melhor que pudermos, no erguimento da felicidade e do progresso de todos;
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Tolerar os obstáculos com que somos atingidos, antes os impositivos do aperfeiçoamento moral, e entender que os outros carregam igualmente os deles;
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Observar ofensas como retratos dos ofensores, sem traçar-nos a obrigação de recolher semelhantes clichês de sombra;
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Abolir inquietações ao redor de calamidades anunciadas para o futuro, que provavelmente nunca virão a sobrevir;
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Admitir os pensamentos de culpa que tenhamos adquirido, mas buscando extingir-lhes os focos de vibrações em desequilíbrio, através de reajustamento e trabalho;
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Nem desprezar os entes queridos, nem prejudicá-los com a chamada superproteção tendente a escravizá-los ao nosso modo de ser;
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Não exigir do próximo aquilo que o próximo ainda não consegue fazer;
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Nada pedir sem dar de nós mesmos;
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Respeitar os pontos de vista alheios, ainda quando se patenteiam contra nós, convencidos quanto devemos estar de que pontos de vista são maneiras, crenças, opiniões e afirmações peculiares a cada um;
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Não ignorar as crises do mundo; entretanto, reconhecer que, se reequilibrarmos o nosso próprio mundo por dentro – esculpindo-lhe a tranquilidade e a segurança em alicerces de compreensão e atividade, discernimento e serviço – perceberemos, de pronto, que as crises externas são fenômenos necessários ao burilamento da vida, para que a vida não se tresmalhe da rota que as Leis do Universo lhe assinalam no rumo da perfeição.
Capítulo 21 – O melhor de nós
A cada instante de nossa vida devemos avaliar nossos procedimentos quanto as atitudes perante o nosso próximo.
Todo mal praticado causa sofrimentos.
A vingança perpetua o sofrimento na face da terra. E, quando o causador desencarna, continuam do outro lado da vida os efeitos de seus atos impensados, continua assim através de reencarnações a se reencontrarem para a prática do perdão.
Toda ofensa recebida necessário se faz retribuir com o bem, e esquecer completamente todo o mal para não levar para o futuro focos de tormento para nós mesmos.
Disse Jesus, ao ato de perdoarmos ao nosso próximo Deus nos perdoará, ou seja, nada ficamos a dever ao nosso próximo, e nada teremos que resgatar na trajetória evolutiva. E se não perdoamos, a dívida fica para saldar com a nossa própria consciência.
O Evangelho nos apresenta solução para todos os nossos problemas em São Mateus (capítulo 5, 23-24) nos diz:
Se, portanto, quando fordes depor vossa oferenda no altar, vos lembrardes de que o vosso irmão tem qualquer coisa contra vós, deixai a vossa dádiva junto ao altar e ide, antes, reconciliar-vos com o vosso irmão; depois, então, voltai e oferecê-la.
Em comentário ao Evangelho, quando diz “ide reconciliar-vos com o vosso irmão, antes de depordes a vossa oferenda no altar”, Jesus ensina que o sacrifício mais agradável ao Senhor é o que o homem faça do seu próprio ressentimento; que, antes de se apresentar para ser por ele perdoado, precisa o homem haver perdoado e reparado o agravo que tenha feito a algum de seus irmãos. Só então a sua oferenda será bem aceita, porque virá de um coração expungido de todo e qualquer pensamento mau.
Na própria lição do referido livro em estudo, Emmanuel comenta:
Muito e sempre importante para nós o esquecimento de todos aqueles que assumam para conosco essa ou aquela atitude desagradável.
Ninguém possui medida bastante capaz, a fim de avaliar as dificuldades alheias.
Aquele que, a nosso ver, nos terá ferido, estaria varando esfaqueado obstáculo quando nos deu a impressão disso. E, em superando semelhante empeço, haverá deixado cair sobre nós alguma ponta de seus próprios constrangimentos, transformando-se-nos muito mais em credor de apoio que em devedor de atenção.
Em muitos episódios da vida, aqueles que nos prejudicam, ou nos magoam, frequentemente se encontram de tal modo fungidos à tribulação que, no fundo, sofrem muito mais, pelo fato de nos criarem problemas, que nós mesmos, quando nos supomos vítimas deles.
Continuando o comentário de Emmanuel:
Quem saberia enumerar as ocasiões em que determinado companheiro terá sustado a própria queda, sob a força compulsiva da tentação, até que viesse a escorregar no caminho? Quem disporá de meios para reconhecer se o perseguidor está realmente lúcido ou conturbado, obsesso ou doente? Quem poderá desentranhar a verdade da mentira, nas crises de perturbação ou desordem? E quando a nuvem do crime se abate sobre a comunidade, que pessoa deterá tanta percuciência para conhecer o ponto exato em que haverá originado o fio tenebroso da culpa?
A vista disso, compreendemos que o esquecimento dos males que nos assediem é defesa de nosso próprio equilíbrio, e que, nos dias em que a injúria nos bata em rosto, o perdão, muito mais que uma benção para os nossos supostos ofensores, é e será sempre o melhor para nós.
No livro O Evangelho de Chico Xavier, diz-nos o Chico:
No meu ponto de vista, a virtude mais difícil de ser posta em prática é a do perdão; perdoar exige um esforço de auto-superação muito grande… Emmanuel me diz que quem aprende a perdoar tem caminho livre pela frente. Creio que, por este motivo, a derradeira lição de Jesus para a humanidade foi a do perdão!… Ele a deixou por último, esperando o momento em que pudesse exemplificá-la… É claro que Ele se referira ao perdão em diversas oportunidades, mas, na hora da cruz, padecendo toda espécie de humilhação, o ensinamento do perdão foi gravado a fogo na consciência da Humanidade… Ninguém sofreu e perdoou como Ele!… O espírito que adquirir a virtude do perdão não achará dificuldade em mais nada; haja o que houver, aconteça o que acontecer, ele saberá administrar a sua vida…
Capítulo 22 – Renovação em Amor
Um lembrete do apóstolo Paulo naquele época onde era muito difícil falar da boa nova, as perseguições, as lapidações, o martírio no circo romano, as fogueiras. Conquanto, o lembrete amigo no prosseguimento da realização do bem.
A cada momento surgem convites diversos frente às dificuldades de relacionamentos, onde o desânimo impera em face às mudanças de comportamento.
A Lei age, em todas as situações, convidando-nos a profundas modificações necessárias para todos nós.
Emmanuel, em Renovação do Amor, começa a lição.
Quando as crises te visitem, ante os problemas humanos, é justo medites nos princípios de causa e efeito, tanto quanto é natural reflitas no impositivo de burilamento espiritual, com que somos defrontados, entretanto, pensa igualmente na lei de renovação, capaz de trazer-nos prodígios de paz e vitória sobre nós mesmos, se nos decidimos a aceitar, construtivamente, as experiências que nos façam precisas.
Cada um de nós se encontra no lugar certo, nos momentos certos, com as oportunidades certas. Portanto:
Se atingiste a integração profunda com as bençãos da vida, considera a tarefa que a Divina Providência te confiou.
Deus não nos envia problemas de que não estejamos necessitados.
Aceitação e paciência, sem fuga ao trabalho, são quase sempre a metade do êxito em qualquer teste a que estejamos submetidos, em nosso proveito próprio.
Necessitamos acima de tudo valorizar o tempo, se erramos tantas vezes, esqueçamos o ontem e visualizemos o amanhã promissor e façamos do nosso hoje oportunidade de acertos constantes.
Todo momento é oportunidade sublime de recomeçar.
Se qualquer tempo é suscetível de ser ocasião para resgate e reajuste, todo dia é também oportunidade de recomeçar, reaprender, instruir ou reerguer.
Em qualquer momento de nossa vida, só existe um ingrediente que dará sabor a nossa vida que é o Amor. Sem o Amor diário não há caminho para a nossa felicidade.
O Amor que estejamos acrescentando à obrigação que nos cabe cumprir é sempre plantação de felicidade para nós mesmos.
E Emmanuel termina a lição nos dizendo:
Onde estiveres e como estiveres, nas áreas da dificuldade, dá-te à serenidade e ao espírito de serviço e entenderás, com facilidade, que o amor cobre realmente a multidão de nossas faltas, apressando, em nosso favor, a desejada conquista de paz e libertação.
No livro “Antologia da Espiritualidade” – Maria Dolores:
Lembrando-te, Senhor,
A Glória ao desabrigo,
Aspiramos a ser
Migalha do Natal permanente contigo!…
Faze-nos esquecer
As fraquezas e os erros que trazemos
E acolhe-nos na Luz, –
Na Luz eterna dos teus dons supremos…
Deixa que nós sejamos,
Na exaltação do bem que a tua vinda encerra,
Inda que seja um traço pequenino
Do Amor com que iluminas toda a terra!…
Concede-nos a benção de espalhar,
Junto daqueles que a penúria alcança,
O pão que supre a mesa
E o verbo da esperança!…
Onde a tristeza surja e a revolta se expanda
Em tormenta sombria,
Queremos ser contigo
A semente da paz e o toque da alegria…
Onde o infortúnio chore
Um sonho semimorto,
Anelamos doar, na força de teu nome,
A palavra de vida e reconforto!…
Ante o Natal de volta às províncias do Mundo,
Na doce canção que nos invade,
Transforma-nos, por fim, em parcela bendita
Da Celeste Bondade!…
Ampara-nos, Senhor, até que um dia,
Além de nossas trilhas inseguras,
Possamos nós também cantar, na harmonia dos anjos:
– Glória a Deus nas Alturas!…
Capítulo 23 – Seguindo à frente
Não importa em qual denominação religiosa nos encontramos no momento atual, aquela a qual nos vinculamos com as nossas aptidões e grau de conhecimento, mas que acima de tudo saibamos interpretar corretamente o ensino de Jesus do amai-vos uns aos outros.
Se estamos em Cristo, nos tornamos nova criatura.
Antes de qualquer religião, que nos tornemos verdadeiros cristãos.
No momento atual, onde o desespero, a frustração, os tormentos de diversas ordens imperando na sociedade as depressões lamentáveis, os suicídios em toda camada da sociedade.
A infância, a juventude no desespero ante as drogas, o sexo, por falta de orientação e direção do próprio lar em que vive.
Temos então a Doutrina Espírita qual farol de luz, a nos orientar os caminhos a percorrer na escuridão.
Recordando que somente com Jesus que nos é o modelo e guia para nos conduzir nos caminhos da evolução.
Para isto é necessário recordar no Evangelho segundo São Marcos, no capítulo 13, v.33:
Olhai, vigiai e orai, porque não sabeis quando chegará o tempo.
Nestes momentos de grandes aflições, Jesus nos é modelo e guia para que nos tornemos em nova criatura.
Ainda mesmo com todos os desacertos no dia-a-dia, a vida sempre é pródiga de re-iniciação para o acerto geral.
Emmanuel inicia esta lição comentando:
Dificuldades, fracassos, conflitos e frustrações… Possivelmente, faceaste tudo isso, restando-te unicamente largo rescaldo de pessimismo.
Apesar de tudo, a vida te busca a novas empresas de trabalho e renovação.
Acima de tudo devemos ser grato por tudo o que Deus nos proporciona, sem dúvida a cada um segundo os méritos do próprio esforço, observando ao redor que tudo é amor, mas a nossa visão viciada com negativismo, não conseguimos enxergar a beleza que nos rodeia.
Como se transformar em nova criatura, se o simples da vida não valorizamos?
Emmanuel continua:
O sol brilha, o mar de oxigênio te refaz energias, o progresso trabalha, o chão produz e parece que a noite se te abriga no ser.
Ergue-te em espírito e empreende a jornada nova.
Uma estrada se continua em outra estrada, uma fonte associa-se à outra.
A maior riqueza que temos é o tempo. Perdemos valiosas oportunidades de crescimento, gastando o tempo com futilidades de toda ordem.
Sem esforço individual a felicidade fica distante.
Continua Emmanuel:
Tens contigo a riqueza do tempo a esperar-te na aplicação dela própria, a fim de que a felicidade te favoreça.
Varre os escaninhos da alma, expurgando-te de lembranças amargas, e deixa que a luz do presente consiga alcançar-te por dentro das próprias forças.
E Emmanuel termina a lição nos dizendo:
Renova-te e segue adiante, trabalhando e servindo. E à medida que avances, caminho afora, entre as bençãos de compreender e o contentamento de ser útil, perceberás que todos os obstáculos e sombras de ontem se fizeram lições e experiências, enriquecendo-te o coração de segurança e de alegria, para que sigas em paz, no rumo de conquistas imperecíveis, ante o novo amanhecer.
Capítulo 24 – Mais alto
A proposta do Divino Amigo é ser diferente de todos, para aquele com o objetivo de ir mais alto a procura de se libertar das amarras da vida.
Este ser diferente de todos são para aqueles que querem seguir a Jesus, suportar as adversidades, compreender as atitudes dos que caminham atrás de nós.
Viver todos vivem, poucos são os que vivem a proposta do Cristo.
Amar os que nos amam, isto é fácil demais, pois eles não exigem sacrifício algum de nossa parte, portanto Jesus questiona qual a nossa recompensa?, imaginemos pois os difíceis de comportamento; por certo a recompensa virá por saber lidar com estas situações.
Emmanuel nesta lição inicia-se dizendo:
Evidentemente, é sempre fácil estimar os que nos amam, valorizar os que nos servem, apoiar os que nos aplaudem, alegrarmo-nos com aqueles que se nos regozijam com a presença, solidarizarmo-nos com os que nos seguem, louvar os que nos reverenciam, ajudar companheiros agradecidos e trabalhar com os que se afinam conosco. Em Jesus, porém, a vida nos impele a diretrizes mais altas.
Em tudo na vida o exemplo arrasta multidões. O orador inflamado, se não houver a sua palavra carregada de exemplos de renovação de atitudes no bem, por certo não convencerá a todos.
Em todos os lugares sempre os opositores estarão à espreita nos observando. É necessário criar a couraça da fé, do silêncio em meio do tumulto que se forma, para que a paz se estabeleça.
Emmanuel continuando a lição nos diz:
É preciso desculpar os ofensores e orar por eles, compreender os que nos desajudem, respeitar os que nos desaprovam, abençoar quantos nos criem problemas, prestigiar as causas do bem de todos, ainda quando partam daqueles que não nos comunguem os pontos de vista, admirar os opositores naquilo que demonstrem de útil, auxiliar os irmãos indiferentes ou incompreensivos e contribuir nas boas obras, junto daqueles que nos desconsiderem ou hostilizem.
Emmanuel nos fala que é preciso realizar algo diferente, seguir com o Cristo, amando e servindo é seguir pela vida diferente de todos.
É realizar a transformação tão necessária, numa vivência de fraternidade e paz.
O autor termina a lição nos dizendo:
Como é fácil de anotar, tudo agrada quando se trata de agir, segundo os padrões de vivência que nos lisonjeiem a personalidade; entretanto, para servir com o Cristo, é necessário colaborar na construção do Reino do Amor, com a obrigação de erguer-nos mais alto, para esquecer o próprio egoísmo e realizar algo diferente.
Capítulo 25 – Lei e vida
No Monte Sinai, Moisés transmite o decálogo à toda a Humanidade. À esta Lei que Jesus se refere.
Todos os profetas que vieram depois de Moisés, chamaram a atenção para a observância dos dez mandamentos.
Jesus não veio destruir a Lei, não veio invalidar o decálogo, veio simplesmente fazer com que os homens vivessem a Lei.
Assim também o Espiritismo; não veio destruir ou combater religião alguma, mas veio nos ensinar a viver conforme nos ensina o Evangelho.
Emmanuel inicia a lição nos dizendo: “Não matarás”, diz a lei.
O texto não se refere, porém, unicamente à vida dos semelhantes.
Não frustarás a tarefa dos outros, porque a suponhas inadequada, de vez que toda tarefa promove quem a executa, sempre que nobremente cumprida.
Onde cada um estiver desenvolvendo a sua capacidade por menor que seja, devemos ter com eles o respeito, o incentivo, para que cada qual cumpra a sua tarefa de acordo com a sua capacidade.
Não dilapidarás a esperança de ninguém, porquanto a felicidade, no fundo, não é a mesma na experiência de cada um.
Não destruirás a coragem daqueles que sonham ou trabalham em teu caminho, considerando que, de criatura para criatura, difere a face do êxito.
Não aniquilarás com inutilidades o tempo de teus irmãos, porque toda hora é agente sagrado nos valores da criação.
Não extinguirás a afeição na alma alheia, porquanto ignoramos, todos nós, com que instrumento de amor a sabedoria Divina pretende mover os corações que nos partilham a marcha.
Não exterminarás a fé no espírito dos companheiros que renteiam contigo, observando-se que as estradas para Deus obedecem a estruturas e direções que variam ao infinito.
Reflitamos no bem do próximo, respeitando-lhe a forma e a vida. A Lei não traça especificações ou condições dentro do assunto; preceitua, simplesmente: “não matarás”.
Como diz Maria Dolores no livro “Antologia da espiritualidade”:
Senhor!
Se hoje viesses em pessoa
Até nós,
Que te diria eu?
Que milhões e milhões de companheiros
Vagam em desatino
Sem cogitarem de saber
O que são e quem são?
Que penúria de espírito campeia,
Insuflando amargura e rebeldia,
Sofrimento, ilusão?
Que o medo, em se alastrando,
Na escura inquietação a que se aferra,
Gera conflito e angústia, em toda parte,
Nos caminhos da Terra?
Que a riqueza do ouro não remove
Tristeza e solidão da alma ferida,
Que os engenhos perfeitos do progresso
Não enxugam as lágrimas da vida?
Que te diria eu, Jesus, se te encontrasse?
Que nos condói fitar a multidão
Dos que fogem de si mesmos,
Dando-se à dor maior por onde vão?
Que nos comove contemplar
A inteligência rica e, entretanto, insegura,
Elevando o conforto
Sem saber dissipar as sombras da loucura?
Que diria, Senhor?
Não te diria nada disso,
Pois sabes tudo ver muito mais do que nós,
Rogar-te-ia tão somente
A bendita prisão
Na força do dever
Que me guarde em serviço,
Para que eu saiba compreender
Sem azedume e sem alarme
Como aperfeiçoar-me
Para aceitar-te, enfim,
Porque tudo, Senhor, estará justo e certo,
Do que eu veja no mundo, longe ou perto,
Se a tua luz brilhar dentro de mim.
Capítulo 26 – Em nossas mãos
A Oração do “Pai Nosso” nos fala de um reino, e o reino que desejamos é um mundo, onde todos sejam felizes. O nosso dever é trabalhar sempre pela melhora interior para que haja sempre felicidade na terra.
Em tudo prevalece a vontade de Deus e ele sabe das necessidades de cada filho seu.
No livro a “Boa Nova”, na lição “Oração Dominical”, pergunta Simão Pedro:
– Mestre, será que Deus nos ouve todas as orações?
– Como não, Pedro? – respondeu Jesus solicitamente – Desde que começou a raciocinar, observou o homem que, acima de seus poderes reduzidos, havia um poder ilimitado, que lhe criara o ambiente da vida. Todas as criaturas nascem com tendência para o mais alto e experimentam a necessidade de comungar com esse plano elevado, donde o Pai nos acompanha como seu amor, todo justiça e sabedoria, onde as preces dos homens o procuram sob nomes diversos. Acreditarias, Simão, que, em todos os séculos da vida humana, recorreriam as almas, incessantemente, a uma porta silenciosa e inflexível, se nenhum resultado obtivessem?… Não tenhas dúvida: todas as nossas orações são ouvidas!…
Por longo tempo Jesus falou a Simão sobre a oração.
Decorridos alguns dias, estando o Mestre a ensinar aos companheiros uma nova lição referente ao impulso natural da prece, Simão lhe observou:
– Senhor, tenho procurado, por todos os modos, manter inalterável a minha comunhão com Deus, mas não tenho alcançado o objetivo de minhas súplicas.
– E que tens pedido a Deus? – interrogou o Mestre, sem se perturbar.
– Tenho implorado à sua bondade que aplaine os meus caminhos, com a solução de certos problemas materiais.
Jesus contemplou longamente o discípulo, como se examinasse a fragilidade dos elementos intelectuais de que podia dispor para a realização da obra evangélica. Contudo, evidenciando mais uma vez o seu profundo amor e boa-vontade, esclareceu com brandura e convicção:
– Pedro, enquanto orares pedindo ao Pai a satisfação de teus desejos e caprichos, é possível que te retires da prece inquieto e desalentado. Mas, sempre que solicitares as bênçãos de Deus, a fim de compreenderes a sua vontade justa e sábia, a teu respeito, receberás pela oração os bens divinos do consolo e da paz.
O apóstolo guardou silêncio, demonstrando haver, afinal, compreendido. Um dos filhos de Alfeu, porém, reconhecendo que o assunto interessava sobremaneira à pequena comunidade ali reunida, adiantou-se para Jesus, pedindo:
– Senhor, ensina-nos a orar!…
– “Pai nosso, que estás nos céus…”, começou Jesus.Levi, o mais intelectual dos discípulos, tomou nota das sagradas palavras, para que a prece do Senhor fosse guardada em seus corações humildes e simples. A rogativa de Jesus continha, em síntese, todo o programa de esforço e edificação do cristianismo nascente. Desde aquele dia memorável, a oração singela de Jesus se espalhou como um perfume dos céus pelo mundo inteiro.
Emmanuel, comentando esta lição, nos diz:
Convence-te de que as Leis da Divina Sabedoria não se enganariam.
Situando-te na terra, por tempo determinado, com vistas ao próprio burilamento que te cabe realizar, trazes contigo as faculdades que o Senhor te concedeu por instrumentos de trabalho.
Encontras-te no lugar certo em que te habilitas a desempenhar os encargos próprios.
Tens contigo as criaturas mais adequadas a te impulsionarem nos caminhos à frente.
Passas pelas experiências de que não prescindes para a conquista da sublimação que demandas.
Recebes os parentes e afeições de que mais necessitas para resgatar as dívidas do passado ou renovar-te nos impulsos de elevação.
Vives na condição certa na qual te compete efetuar as melhores aquisições de espírito.
Sofres lutas compatíveis com as tuas necessidades de conhecimento superior.
Varas acontecimentos dos quais não se te faz possível a desejada liberação, a fim de que adquiras autocontrole.
Atravessas circunstâncias, por vezes difíceis, de modo a conheceres o sabor da vitória sobre ti mesmo.
E em qualquer posição, na qual te vejas, dispões sempre de certa faixa de tempo a fim de fazer o bem aos outros, tanto quanto queiras, como julgues melhor, da maneira que te pareça mais justa e na extensão que desejas, para que, auxiliando aos outros, recebas dos outros mais amplo auxílio, no instante oportuno.
Segundo é fácil de observar, estás na terra, de alma condicionada às leis de espaço e tempo, conforme o impositivo de auto-aperfeiçoamento, em que todos nos achamos, no mundo físico ou fora dele, mas sempre com vastas possibilidades de exercer o bem e estendê-lo aos semelhantes, porque melhorar-nos e elevar-nos, educar-nos e, sobretudo, servir, são sempre medidas preciosas, invariavelmente em nossas próprias mãos.
Capítulo 27 – Aflição e tranquilidade
“Bem-aventurados os que choram…” Jesus (Mateus, 5:4)
Conta-se no livro “A Boa Nova” na lição “O Sermão do Monte”, que André e Levi escutavam de olhos úmidos os conceitos do Senhor, cheios de sublimada emoção. Nesse ínterim, chegaram Tiago, João e Pedro e todo o grupo se dirigiu, alegre, para um dos montes próximos.
O crepúsculo descia num deslumbramento de ouro e brisas cariciosas. Ao longo de toda a encosta, acotovelava-se a turba imensa. Muitas centenas de criaturas se aglomeravam ali, a fim de ouvirem a palavra do Senhor, dentro da paisagem que se aureolava dos brilhos singulares de todo o horizonte pincelado de luz. Eram velhinhos trêmulos, lavradores simples e generosos, mulheres do povo agarradas aos filhinhos. Entre os mais fortes e sadios, viam-se cegos e crianças doentes, homens maltrapilhos, exibindo as verminas que lhes corroíam as mãos e os pés. Todos se comprimiam ofegantes. Ante os seus olhares felizes, a figura do Mestre surgiu na eminência enfeitada de verdura, onde perpassavam brandamente os ventos amigos da tarde. Deixando perceber que se dirigia aos vencidos e sofredores do mundo inteiro e como que esclarecendo o espírito de Levi, que representava a aristocracia intelectual entre os seus discípulos, na sua qualidade de cobrador dos tributos populares, Jesus, pela primeira vez, pregou as bem-aventuranças celestiais. Sua voz caía como bálsamo eterno, sobre os corações desditores.
Bem-aventurados os pobres e os aflitos!
Bem-aventurados os sedentos de justiça e misericórdia!…
Bem-aventurados os pacíficos e os simples de coração!…
Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados…
Por muito tempo falou do Reino de Deus, onde o amor edificaria maravilhas perenes e sublimadas.
Jesus ali nos apresentou o roteiro de libertação diante das aflições do nosso cotidiano.
Emmanuel, na lição, nos apresenta roteiro atual através da Doutrina Espírita:
“Bem-aventurados os que choram” – disse-nos o Senhor -, contudo, é importante lembrar que, se existe aflição gerando tranquilidade, há muita tranquilidade gerando aflição.
No limiar do berço pede a alma dificuldade e chagas, amargores e cicatrizes, entretanto, recapitulando de novo as próprias experiências no plano físico, torna a concha obscura do egoísmo e da vaidade, enquistando-se na mentira e na delinquência.
Aprendiz recusando a lição ou doente abominando o remédio, em quase todas as circunstâncias, o homem persegue a fuga que lhe adiará indefinidamente as realizações planejadas.
É por isso que na escola da luta vulgar vemos tantas criaturas em trincheiras de ouro, cavando abismos de insânia e flagelação, nos quais se despenham, além do campo material, e tantas inteligências primorosas engodadas na auréola fugaz do poder humano, erguendo para si próprios masmorras de pranto e envelhecimento, que as esperam, inflexíveis, transposto o limite traçado na morte.
E é ainda por essa razão que vemos tantos lares, fugindo à benção do trabalho e do sacrifício, à feição de oásis sedutores de imaginária alegria para se converterem amanhã em cubículos de desespero e desilusão, aprisionando os descuidados. Companheiros que os povoam em teias de loucura e desequilíbrio, na vida espiritual.
Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo” vamos encontrar na lição “Causas Atuais das Aflições”, capítulo V, item 4:
De duas espécies são as vicissitudes da vida, ou se o preferirem, promanam de duas fontes bem diferentes, que importa distinguir. Umas têm sua causa na vida presente; outras, fora desta vida.
Quantos homens caem por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição!
Quantos se arruínam por falta de ordem, de perseverança, pelo mau proceder, ou por não terem sabido limitar seus desejos!
Quantas uniões desgraçadas, porque resultaram de um cálculo de interesse ou de vaidade e nas quais o coração não tomou parte alguma!
Quantas dissenções e funestas disputas se teriam evitado com um pouco de moderação e menos suscetibilidade!
Quantas doenças e enfermidades decorrem da intemperança e dos excessos de todo gênero!
Emmanuel termina a lição nos dizendo:
Valoriza a aflição de hoje, aprendendo com ela a crescer para o bem, que nos burila para a união com Deus, porque o Mestre que te propões a escutar e seguir, ao invés de facilidades no imediatismo da Terra, preferiu, para ensinar-nos a verdadeira ascensão, a humildade da manjedoura, o imposto constante do serviço aos necessitados, a incompreensão dos contemporâneos, a indiferença dos corações mais queridos e o supremo testemunho do amor em plena cruz da morte.
Capítulo 28 – Estado mental
Muitas vezes a vida que temos não corresponde àquela que almejamos. Devido a ações infelizes em vidas passadas ou na presente, as expectativas de uma vida feliz não é facilmente atingida.
Enfrentamos famílias desarmônicas, quando almejamos a união; empregos inferiores à nossa capacidade ou intenção; situação econômica diversa daquela que procuramos; um status social muito inferior aquilo que desejamos; muitas vezes, sequer o corpo físico acompanha nosso desenvolvimento e capacidade intelectual e psicológica. Embora, não possamos escolher as exatas condições de nossa experiência terrena, devemos lembrar que o estado mental para enfrentar as dificuldades depende de nós.
A benção do trabalho é a melhor forma de nos colocarmos à disposição das benéficas influências, minorando nossas provações e aliviando nosso entendimento. A renovação de nosso quadro mental, encontrando em cada dificuldade uma razão de aprimoramento moral e uma oportunidade de desenvolvimento de nossas virtudes adormecidas, é a panaceia necessária de nossas dificuldades.
Capítulo 29 – Compreensão
O Apóstolo Paulo, conhecedor profundo das necessidades humanas, na busca incessante da paz, estabelece como roteiro seguro a caridade como norma de uma vida feliz.
Em carta aos Coríntios, no capítulo 13 v.2 e seguintes, fala sobre a suprema excelência da caridade. Prossegue ele:
E ainda que tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse caridade, nada seria.
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse caridade, nada disso me aproveitaria.
A caridade é sofredora, é benigna; a caridade não é invejosa; a caridade não trata da leviandade, não se ensoberbece.
Neste capítulo o Apóstolo Paulo termina dizendo:
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e a caridade, estas três; mas a maior destas é a caridade.
Emmanuel nesta lição, falando para nós sobre a compreensão, nos diz:
Parafraseando o Apóstolo Paulo, ser-nos-á lícito afirmar, antes as lutas renovadoras do dia-a-dia; se falo nos variados idiomas do mundo e até mesmo na linguagem do Plano Espiritual, a fim de comunicar-me com os irmãos da terra, e não tiver compreensão dos meus semelhantes, serei qual gongo que soa vazio ou qual martelo que bate inutilmente;
Se cobrir-me de dons espirituais e adquirir fé, a ponto de transplantar montanhas, e não tiver compreensão das necessidades do próximo, nada sou;
E se vier a distribuir todos os bens que acaso possua, a benefício dos companheiros em dificuldades maiores que as nossas, ou entregar-me à fogueira em louvor de minhas próprias convicções, e não demonstrar compreensão, em auxílio dos que me cercam, isso de nada me aproveitaria.
A compreensão é tolerante, prestimosa, não sente inveja, não se precipita e não se ensoberbece em coisa alguma. Não se desvaira em ambição, não se apaixona pelos interesses próprios, não se irrita, sem suspeita mal. Tudo suporta, crê no bem, espera o melhor e sofre sem reclamar. Não se regozija com a injustiça e, sim, procura ser útil, em espírito e verdade.
De todas as virtudes, permanecem por maiores a fé, a esperança e a caridade; e a caridade, evidentemente, é a maior de todas; entretanto, urge observar que, se fora da caridade não há salvação, sem compreensão a caridade falha sempre em seus propósitos, sem completar-se para ninguém.
Maria Dolores no livro “Alma e Vida” nos diz na lição “Lembrança Íntima”:
Se souberdes de alguém
Que se afastou do bem,
Nada digas de mal,
Porque não sabes se a pessoa
Que se complica ou se atordoa
Tem algo que lhe agride a limpeza mental.
Se escutares na estrada
Que essa ou aquela criatura vive errada,
Abençoa, trabalha e silencia…
Com referência à tentação e à queda
Ou à calúnia feroz que a tanta gente enreda,
Cada qual tem seu dia.
Se vires chaga ou lama,
Cala-te, faze o bem, asserena-se e ama,
Planta alegria e paz.
De tolerância e amparo no caminho
Ou do braço leal de algum vizinho
Eu preciso e também precisarás.
Lembra a fonte que passa a entregar-se, de todo,
Por mais se lhe arremesse pedra ou lodo,
Ei-la fazendo o bem…
Seja onde for, recorda, alma querida,
Que o próprio Deus, o Pai e Excelso Autor da Vida,
Não despreza ninguém.
Capítulo 30 – A Esmola Maior
Emmanuel inicia a lição dizendo:
No estudo da caridade, não olvides a esmola maior que o dinheiro não consegue realizar.
Ela é o próprio coração a derramar-se, irradiando o amor por sol envolvente da vida.
É dar de nós mesmos o amor, a paciência; de nosso tempo em auxílio a alguém, diz-nos Maria Dolores:
Caridade recorda a natureza
Que na bênção de Deus se concebe e aglutina,
Revelando no todo,
Da cúpula do céu às entranhas do lôdo,
Que a presença do Amor é sempre luz divida.
Continua Emmanuel:
No lar, ela surge no sacrifício silencioso da mulher que sabe exercer o perdão sem alarde para com as faltas do companheiro; na renúncia materna do coração que se oculta, aprendendo a morrer cada dia, para que a paz e a segurança imperem no santuário doméstico; no homem reto que desculpa as defecções da esposa enganada sem cobrar-lhe tributos de aflição; nos filhos laboriosos e afáveis que procuram retribuir em ternura incessante para com os pais sofredores as dívidas do berço que todo ouro da terra não conseguiria jamais resgatar.
Nos diz Maria Dolores:
Em toda provação que o mal te arme na vida,
Se buscas transformar a sombra que enodoa
Em lição de bondade e canções de alegria,
Perdoa, serve e ama, em tudo, dia a dia,
E seja com quem for, ama, serve e perdoa.
Continua Emmanuel:
No ambiente profissional é o esquecimento espontâneo das ofensas entre os que dirigem e os que obedecem, tanto quanto o concurso desinteressado e fraterno dos companheiros que sabem sorrir nas horas graves, ofertando cooperação e bondade para que o estímulo ao bem seja o clima de quantos lhes comungam a experiência.
Nos diz Maria Dolores:
Sofres acusações indébitas na estrada,
Em rajadas de pedra a desfazer-se em lama;
Se procuras, no entanto, a paz e a luz da escola
Pela luta do bem, ao fel que desconsola,
Perdoa, serve e ama.
Continua Emmanuel:
No campo social é a desistência da pergunta maliciosa; a abstenção dos pensamentos indignos; o respeito sincero e constante; a frase amiga e generosa; e o gesto de compreensão que se exprime sem paga.
Na via pública é a gentileza que ninguém pede; a simplicidade que não magoa; a saudação de simpatia ainda mesmo inarticulada e a colaboração imprevista que o necessitado espera de nós muita vez sem coragem de endereçar-nos qualquer apelo.
Nos diz Maria Dolores:
Nunca fales ‘não tenho’ e nem digas ‘não posso’;
Traze ao louvor do bem o braço amigo e irmão,
Um sorriso a quem passa o vento e ao desalinho,
Uma flor de esperança às pedras do caminho,
Que a caridade, em tudo, é sempre coração.
E termina Emmanuel:
Acima de tudo, lembra-te da esmola maior de todas, da esmola santa que pacifica o ambiente em que o Senhor nos situa, que nos honra os familiares e enriquece de bênçãos o ânimo dos amigos, a esmola de nosso dever cumprido, porquanto, no dia em que todos consagrarmos ao fiel desempenho das próprias obrigações o anjo da caridade não precisará desfalecer de angústia nos cárceres das provações terrenas, de vez que a fraternidade estará reinando conosco na exaltação da perfeita alegria.
E Maria Dolores no livro “Antologia da Espiritualidade”, aponta:
Agradeço, meu Deus,
Em minha prece enternecida,
As almas boas que me deste à vida,
No campo da afeição!…
Agradeço os amigos que me emprestas,
Que me toleram falhas e defeitos,
E equilibram-me os passos imperfeitos,
Dando-me paz e luz no coração.
Agradeço-te, oh! Pai,
A sensação confortadora e amena
Com que a palavra dêles me asserena,
Em meus dias de dor…
E o silêncio que fazem para as lutas
De que preciso para burilar-me,
Enxugando-me o pranto sem alarme
Pela benção do amor.
Agradeço o socorro que me trazem,
Mostrando desapêgo nobre e raro,
Para que eu seja apoio ao desamparo,
Esperança de alguém!…
E a caridade com que me estimulam
A ser trabalho, bênção, alegria,
Aprendendo a viver, dia por dia,
Nos domínios do bem.
Por toda a santa generosidade
Da estima doce e pura
De quantos me recebem sem censura,
Ter nos amigos meus!…
Eis-me ao sol da oração,
Para dizer-te, oh! Pai do infinito universo,
Na singela pobreza do meu verso,
Obrigada, meu Deus!…”
Capítulo 31 – Aflição
Vivemos tempos difíceis, onde a mídia nos apresenta constantemente uma sociedade conturbada, jovens sem direção, vivenciando experiências nas drogas, a rebeldia tomando direções alarmantes, governantes sem escrúpulos e a sociedade muitas vezes se pergunta até quando?
Por tudo isto a aflição toma conta do ser humano, parece-nos que estamos sem direção.
São tempos de transformações, e é necessário não desanimar, há muito amor em tudo, e Jesus se encontra no leme desta grande embarcação.
No capítulo XVIII do livro “A Gênese”, há registro dos momentos em que estamos vivendo:
Os tempos marcados por Deus são chegados, dizem-nos de todos os lados, em que grandes acontecimentos vão se realizar para a regeneração da humanidade. Nosso globo, como tudo quanto existe, está sujeito à Lei do Progresso, progride fisicamente pela transformação dos elementos que o compõem, e moralmente pela purificação dos espíritos encarnados e desencarnados que o povoam. A humanidade terrestre, chegada a um destes períodos de crescimento, está totalmente, já há quase um século, no trabalho de transformação; é por isso que ela se agita de todos os lados, presa de uma espécie de febre, e como que movida por uma força invisível, até que retorne seu assento sob nossas bases.
E nestas agitações de transformações, vem a aflição do ser humano, aturdido com os acontecimentos do dia-a-dia.
Em carta da segunda epístola do Apóstolo São João ele nos fala do amor, que nos amemos uns aos outros conforme nos disse Jesus, e no versículo 8 diz ele:
Olhais por vós mesmos, para que não percamos o que temos guardado; antes, recebamos o inteiro galardão.
São Lucas, capítulo VI, v. 20 e 21, escreve as bem aventuranças em que Jesus se dirige aos simples da terra.
Bem-aventurados vós, que sois pobres, porque vosso é o reino dos céus. – Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados. – Ditosos sois vós, que chorais, porque rireis.
O capítulo V de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” nos fala da justiça das aflições, das causas atuais e anteriores das aflições. Busquemos somente um pequeno trecho para nossa reflexão.
O item 4 do referido livro nos diz:
De duas espécies são as vicissitudes da vida, ou, se o preferirem, promanam de duas fontes bem diferentes, que importa distinguir. Umas têm sua causa na vida presente; outras, fora desta vida.
Remontando-se à origem dos males terrestres, reconhecer-se-á que muitos são consequência natural do caráter e do proceder dos que os suportam.
Quantos homens caem por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição!
Quantos se arruínam por falta de ordem, de perseverança, pelo mau proceder, ou por não terem sabido limitar seus desejos!
Quantas uniões desgraçadas, porque resultaram de um cálculo de interesse ou de vaidade e nas quais o coração não tomou parte alguma!
Quantas dissenções e funestas disputas se teriam evitado com um pouco de moderação e menos suscetibilidade!
Quantas doenças e enfermidades decorrem da intemperança e dos excessos de todo gênero!
E assim, esta lição do Evangelho vai nos apresentando a origem de toda a aflição sobre a terra.
Emmanuel, no livro em estudo Ceifa de Luz, comenta-nos sobre aflição. Vamos buscar outra lição no livro “O Espírito da Verdade” na lição intitulada “Afliges-te”:
Afliges-te com a vizinhança do parente menos simpático.
Esqueces-te, no entanto, dos que vagueiam sem rumo.
Afliges-te com leve dor de cabeça que o remédio alivia.
Esqueces-te, porém, dos que carregam a provação da loucura na grade dos manicômios.
Afliges-te por perder a condução, no momento oportuno.
Esqueces-te, entretanto, dos que jazem detidos em catres de sofrimento, suspirando pelo conforto de se arrastarem.
Afliges-te pelo erro sanável da costureira, na vestimenta que encomendaste.
Esqueces-te, contudo, daqueles que ostentam a pele ultrajada de chagas, sem se queixarem.
Afliges-te em casa porque alguém te não fez o prato de preferência.
Esqueces-te, todavia, dos que varam a noite, atormentados de fome.
Afliges-te com as travessuras do filhinho desajustado.
Esqueces-te, contudo, das crianças perdidas, ao sabor da intempérie.
Afliges-te por insignificantes deveres no ambiente doméstico.
Esqueces-te, porém, dos que choram sozinhos, no leito dos hospitais.
Afliges-te, tantas vezes, por bagatelas!…
Fita, no entanto, a retaguarda e, reparando as aflições dos outros, agradecerás ao Senhor a própria felicidade que não conseguias ver.
Capítulo 32 – A mestra divina
Na Epístola do Apóstolo S. Paulo aos Efésios, o capítulo 6 desde o versículo 11 até o 14 é um convite à vigilância diária. Armar-se na fé, prosseguir firmes no caminho do bem
Relembremos pois:
Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo;
Porque não temos que lutar contra carne e sangue, mas sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.
Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes.
Estais, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça.
E Emmanuel, no livro em estudo, nos fala sobre esta lição:
Arrancando-nos ao reduto da delinquência, e arrebatando-nos ao inferno da culpa, a que descemos pelo desvario da própria vontade, concede-nos o senhor a mestra divida, que, apoiada no tempo, se converte na enfermeira de nossos males e no anjo infatigável que nos ampara o destino.
Paciente e imperturbável, devolve-nos todos os golpes com que dilaceramos o corpo da vida, para que não persistamos na grade do erro ou nos cárceres do remorso.
Aqui, modela berços entre chagas atrozes com que nos restaura os desequilíbrios do sentimento, ali traças programas reparadores entre os quais padecemos no próprio corpo as feridas que abrimos no peito dos semelhantes.
Agora, reúne nos laços do mesmo sangue ferrenhos adversários que se digladiavam no ódio para que se reconciliem por intermédio de prementes obrigações, segundo os ditames da natureza; depois constrange à carência aflitiva, no lar empobrecido e doente, quantos se demandaram nos abusos da avareza e da ambição sem limites, a fim de que retornem ao culto da verdadeira fraternidade.
Hoje, refaz a inteligência transviada nas sombras, pelo calvário da idiotia, amanhã, recompõe com o buril de moléstias ingratas a beleza do espírito que os nossos desregramentos no corpo transformam tantas vezes em fealdade e ruína.
Aqui corrige, adiante esclarece, além reajusta, mais além aprimora.
Incansável na marcha, cria e destrói, para reconstruir ante as metas do bem eterno, usando aflição e desgosto, desencanto e amargura, para que a paz e a esperança, a alegria e a vitória nos felicitem mais tarde, no santuário da experiência.
Semelhante gênio invariável e amigo é a dor benemérita, cujo precioso poder sana todos os desequilíbrios e problemas do mal.
Recordemos: no recinto doméstico ou na estrada maior, ante os amigos e os desafetos, na jornada de cada dia, quando visitados pela provação que nos imponha suor e lágrimas, asserenemos o próprio espírito e, sorrindo para o trabalho com que a dor nos favorece, agradeçamos a dificuldade, aceitando a lição.
No livro “Somente Amor”, na lição “Norma de Vencer” nos fala Maria Dolores:
Em muitas ocasiões,
Sofres ante os próprios gritos,
Abafados nos conflitos
Das tentações a transpor…
É o fel do orgulho ferido,
A rebeldia, a tristeza,
As lutas da natureza,
Agindo em nome do Amor.
Queres seguir nos princípios,
Que a Lei Divina te aponta,
Mas as sombras são sem conta
Que o desânimo produz…
Cais, reergues-te e caminhas,
Às vezes, cambaleando,
E, em preces, perguntas quando
Chegarás à grande Luz.
Entretanto, alma querida,
Deus nos conhece os problemas,
Cala-te, serve e não temas
Treva, amargura ou pesar…
O erro é sinal de escola,
A dor é lição contigo
E Jesus segue contigo
Não pares de trabalhar.
Capítulo 33 – Ante a benção do corpo
A pretexto de atingir a virtude não menosprezes o corpo que te auxilia a conquistá-la.
Não importa se somos portadores de qualquer deficiência física, dizendo para nós da não possibilidade de buscar virtudes. Temos na História grandes homens e mulheres que venceram dificuldades enormes e se entregaram a grandes conquistas.
Na lição continua Emmanuel:
O veículo orgânico para o espírito reencarnado é a máquina preciosa, capaz de ofertar-lhe às mãos de operário da vida imperecível o rendimento da evolução.
Há quem lhe condene as peças enobrecidas à ferrugem destruidora.
São os irmãos que se deixam vencer pelas teias da inércia ou pelo bolor do desânimo.
Conhecemos aqueles que lhe relegam a engrenagem à perturbação e à desordem.
São os companheiros que preferem o desequilíbrio e a intemperança para conselheiros de cada dia.
Observamos frequentemente os que lhe arrojam as possibilidades ao fogo devorador.
São os amigos, voluntariamente entregues a furiosas paixões que lhes devastam a mente.
Anotamos, ainda, aqueles que lhe cedem a direção a malfeitores confessos.
Temos nessa imagem todos aqueles que se comprazem com os empreiteiros da delinqüência, a desenvolverem lamentáveis processos de obsessão.
Vemos nos comentários de Emmanuel sublimes oportunidades da vida que muitas vezes perdemos na não valorização ante a benção do corpo.
Ainda somos passageiros nesta grande nave terra, aperfeiçoamento do espírito mergulhados num corpo grosseiro a nos oferecer possibilidades para o avanço de sublimação da alma.
Hoje nos é Divina Benção de aperfeiçoamento, contudo não valorizamos bendita oportunidade.
O nosso corpo deveria ter melhores cuidados de nossa parte.
Os acidentes do caminho nos é lembrete de que algo deveremos fazer.
As manifestações de rebeldia ou azedume.
A irritação e o lado escuro das reclamações.
As aflições sem proveito.
As calamidades da violência.
Os prejuízos do desânimo.
Emmanuel continua na própria lição:
Preserva o teu corpo à feição do trabalhador responsável e conscicente que protege o instrumento de serviço que a vida lhe confiou.
Foge ao tormento do excesso, ao azinhavre da preguiça e à excitação da imprudência.
Podemos extrair destas lições de Emmanuel:
- Na importância da indulgência;
- Nos donativos de calma e bondade que os outros aguardam de nós;
- No poder da gentileza;
- No alto significado da compreensão e da tolerância;
- Nos testemunhos de amor e cooperação para com todos.
E assim Emmanuel termina a lição:
Bendizendo o templo de recursos físicos em que se situas passarás sobre a terra, abençoando e servindo, convertendo as cordas de tua alma em harpa divina para que o Senhor, através dela, possa desferir para o mundo as melodias da beleza, os cânticos do progresso e os poemas do amor, em celeste exaltação da alegria imortal.
Maria Dolores, no livro “Alma e Vida”, nos diz:
E suportas, sem pausa, alma querida,
Doença, inquietação, infortúnio, tristeza,
No imenso desencanto de alma presa
No grande espinheiral de ansiedade e de dor…
Ninguém entende as lágrimas que choras,
Pois em tudo de bom que o mundo te oferece,
Retiras tão-somente o socorro da prece,
Por doação de paz, no céu, em teu favor.
Na vastidão da noite, entregue ao pensamento,
O silêncio é uma farpa em que te cortas…
Ajuntas esperanças semi-mortas,
Sem que a memória as possa carregar…
Onde os teus sonhos? Onde os teus projetos?
Todos se foram sob a ventania
Da provação que ruge e rodopia,
Extinguindo o prazer e deixando o pesar.
Entretanto, não temas, luta e segue…
Alguém te escuta e vê a presença sofrida,
Resguardando-te a fé e amparando-te a vida,
Doando-te consolo, paz e luz.
Chora, sem atirar-te ao desespero,
Tolera a própria dor, por mais estranha,
No apoio desse alguém que te acompanha,
Que esse alguém é Jesus.
Capítulo 34 – Alterações na fé
No momento atual, vivências de conflitos de toda a ordem, onde o vigiai e orai andam esquecidos por todos nós, a Humanidade caminha então em passos vacilantes.
Onde o mal aparente apresenta-se de forma a assustar a Humanidade, isto só acontece com uma interrogação: onde está a nossa fé?
Alterações de humor a todo momento nos acontece, devido as nossas fragilidades da vida, da mesma forma assim procede nas alterações de nossa fé, basta um revés, um desgosto diário e vamos nos esquecendo de lembrar de nossa comunhão com Deus.
Como diz o apóstolo Paulo em carta aos romanos: “Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem”. Somente se combate o mal com o bem, porque então insistimos no contrário?
Vemos que a nossa luta diária, a extirpar de nós a brutalidade que ainda impera; vai consumindo o nosso tempo que poderia ser vivido de forma fraterna.
Nesta mesma carta nos versículos 9 e 10, nos diz o apóstolo Paulo: “O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem”.
Ao que busca as virtudes do bem, aborrece, deixa desconfortado todos aqueles que se acostumaram no mal, na maledicência, no descompromisso para com a vida.
Portanto se temos o conforto da Doutrina Espírita, sejamos melhores até por obrigação, de mudanças de comportamento necessários para que o mal tome outras direções.
E Emmanuel, na lição Alterações na Fé, nos diz:
Ante as questões de vivência no cotidiano, se consegues manter a fé em Deus e na imortalidade da alma, acima dos obstáculos em que se nos apuram as faculdades no campo da vida, pensa compadecidamente nos irmãos alterados, em matéria de fé. Especialmente naqueles que não puderam suportar o clima de trabalho e burilamento, em que te encontras e que se bandearam não só para a indiferença mas também para a negação.
Provavelmente, alguns deles se fazem passíveis dessa ou daquela observação, tendente a interromper-lhes, por algum tempo, a capacidade de influenciação no ânimo alheio, entretanto, em maioria, são companheiros em graves transformações na vida íntima.
Esse terá visto crises e tribulações no instituto doméstico e se vê traumatizado como quem se vê à beira do colapso nervoso.
Aquele terá concordado com sugestões deprimentes e haverá caído nos labirintos da obsessão.
Outro sofreu a deserção de pessoas queridas e não conseguiu furtar-se a profundo ressentimento.
Outro ainda varou desafios e testemunhos que lhe impuseram enfermidade e cansaço, estirvando-se em desânimo.
E outros muitos terão aguardado compensações materiais e remunerações afetivas que o intercâmbio espiritual não lhes poderia oferecer e arrojaram-se à rebeldia ou ao desalento.
Diante dos irmãos alterados na fé por essa ou aquela circunstância, usa discrição e caridade em qualquer pronunciamento.
Não lhes agraves as inquietações, propondo-lhes problemas novos e nem lhes agites as feridas da alma com apontamentos infelizes.
Quando possível, entrega-lhes o pão do otimismo e a luz da esperança, sem reproches desnecessários, ao reerguer-lhes a confiança, reconhecendo que a Divina Providência, com justiça e misericórdia, vela por nós todos e que os companheiros de Jesus são por ele chamados para construir e reconstruir.
E no livro “Coração e Vida”, Maria Dolores nos fala na “Canção da fé”:
Se a tua fé não vê ou ainda não viu
A presença da lágrima ou do espinho
Para vencer nos lances do caminho,
Os perigos da marcha e as surpresas da treva.
Se a tua fé não ouve ou ainda não ouviu,
Entre as flores que leva
Desde o berço da crença até agora,
O insulto em que a maldade se avigora,
A fim de que lhe dês,
Outra vez e outra vez,
O apoio da paciência e a lição da bondade…
Se a tua fé não encontrou ainda
Algo que a desagrade,
Na tarefa bem-vinda
Que te impele a servir ao amor e à verdade.
Se a tua fé não teve ou ainda não tem
Ofensas a perdoar e injúrias a esquecer,
No sublime dever
De amparar, socorrer ou levantar alguém…
Se enfim, a tua fé não conheceu
Angústia ou desabrigo,
Se ela não sofre ou ainda não sofreu
Golpes do orgulho vão,
Escárnio, desafio, tentação,
Para que aprendas, coração amigo,
Resistência e humildade,
A tua fé, portanto,
Não passa, por enquanto,
De um sonho que não veio à realidade!…
Porque a fé verdadeira
Que redime e renova a humanidade,
E vale, em tudo para a vida inteira,
A fé que tanta ama e anda de rastros
Quanto vibra e se eleva para os astros,
Fé valente e profunda,
Que inspira, exemplifica, ergue e fecunda,
Será sempre obtida na batalha,
Na terra ou mais além,
No coração que luta ou se estraçalha
Para a glória do Bem.
Capítulo 35 – Ao sol da verdade
Tempo atual, progressos de toda ordem, a ciência desvendando mistérios, o universo sendo apresentado aos nossos olhos de maneira natural, as estrelas mais perto de nós em entendimento, a ciência progride, e o homem? O “conhece-te a ti mesmo”, ainda uma incógnita como vencer a depressão, a angústia, o desamor, o desespero do dia-a-dia, tudo isto só acontece pela ausência de buscarmos Nosso Senhor Jesus Cristo.
A importância dos ensinos do Cristo sempre foram necessários a nossa busca de evolução e no momento atual sua lembrança nos leva em João, capítulo 14, versículo 15 em diante.
Se me amardes, guardareis os meus mandamentos.
E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre.
Vemos que o prometido se tornou real, em 1857 “O Livro dos Espíritos” se apresenta, a Doutrina Espírita surge, o Consolador se torna real.
E o Consolador é para todos nós a atualização da grande mensagem para uma humanidade renovada, e que ainda carece de entendimento pela maioria na transformação necessária, exigindo de nós mudanças de hábitos urgentes.
E Emmanuel, nesta lição, nos diz:
De que maneira vencerá o Espiritismo os obstáculos que se lhe agigantam à frente? Há companheiros que indagam: – “Devemos disputar saliência política ou dominar a fortuna terrestre?” Enquanto isso, outros enfatizam a ilusória necessidade da guerra verbal a greis ou pessoas.
Dentro do assunto, no entanto, transcrevamos a questão nº 799 de “O Livro dos Espíritos”:
Prudente e claro, Kardec formulou, aos orientadores espirituais de sua obra, a seguinte interrogação: “De que maneira pode o Espiritismo contribuir para o progresso?” E, na lógica de sempre, eis que eles responderam:
“Destruindo o materialismo que é uma das chagas da sociedade, ele faz com que os homens compreendam onde se encontram seus verdadeiros interesses. Deixando a vida futura de estar velada pela dúvida, o homem perceberá melhor que, por meio do presente, lhe é dado preparar o seu futuro. Abolindo os prejuízos de seitas, castas e cores, ensina aos homens a grande solidariedade que os há de unir como irmãos.Não nos iludamos, com respeito às nossas tarefas. Somos todos chamados pela Benção do Cristo a fazer luz no mundo das consciências – a começar de nós mesmos, dissipando as trevas do materialismo ao clarão da verdade, não pelo espírito da força, mas pela força do espírito, a expressar-se em serviço, fraternidade, entendimento e educação.
E no livro “O Evangelho de Chico Xavier” nos fala Chico:
[…] nós, espíritas-critãos, acreditamos na necessidade do retorno ao cristianismo puro às bases de nossa fé cristã, estejamos em qualquer confissão religiosa evangélica, seja ela qual for. Somos todos atualmente chamados a sentir Nosso Senhor Jesus Cristo no fundo de nossos corações e no fundo de nossas vidas. Com o progresso material, de nosso tempo, é imperioso a fé profunda e simples, que herdamos de 300 anos de martírio nos circos. Esses 300 anos de perseguição aos cristãos da era apostólica não podem estar perdidos. Não podemos acreditar que o materialismo, venha ele de onde vier, consiga ofuscar a fé cristã. Sabemos que Nosso Senhor Jesus Cristo não é um símbolo morto, não é alguém que se distancia de nós, um mestre que nos haja abandonado sobre a terra, aos poderes do mal. Aceitamos Nosso Senhor Jesus Cristo por hóspede invisível de nossas almas, Divino Mestre presente, sempre e sempre, cada vez mais presente, orientando-nos o pensamento e a conduta. Não podemos esperar vitória alguma, qualquer vitória do espírito sobre a terra, sem Nosso Senhor Jesus Cristo em nossos corações.
Capítulo 36 – Civilização e Reino de Deus
Inicia-se Emmanuel no comentário em que a Terra já adquiria seus avanços no campo da inteligência, diz ele:
A Terra de hoje reúne povos de vanguarda na esfera da inteligência.
Cidades enormes são usadas, à feição de ninhos gigantescos de cimento e aço, por agrupamentos de milhões de pessoas.
A energia elétrica assegura a circulação da força necessária à manutenção do trabalho e do conforto doméstico.
A ciência garante a higiene.
O automóvel ganha tempo e encurta distâncias.
A imprensa e a radiotelevisão interligam milhares de criaturas, num só instante, na mesma faixa de pensamento.
A escola abrilhanta o cérebro.
A técnica orienta a indústria.
os institutos sociais patrocinam os assuntos de previdência e segurança.
O comércio, sabiamente dirigido, atende ao consumo com precisão.
Entretanto, estaremos diante de civilização impecável?
E Emmanuel recorda da questão 793 do Livro dos Espíritos.
Por que indícios se pode reconhecer uma civilização completa?
Reconhecê-la-eis pelo desenvolvimento moral. Credes que estais muito adiantados, porque tendes feito grandes descobertas e obtido maravilhosas invenções; porque vos alojais e vestis melhor do que os selvagens. Todavia, não tereis verdadeiramente o direito de dizer-vos civilizados, senão quando de vossa sociedade houverdes banido os vícios que a desonram e quando viverdes, como irmãos, praticando a caridade cristã. Até então, sereis apenas povos esclarecidos, que hão percorrido a primeira fase da civilização.
E para completar o pensamento de Emmanuel, recorremos ao comentário de Allan Kardec:
A civilização tem os seus graus, como todas as coisas. Uma civilização incompleta é um estado de transição que engendra males especiais, desconhecidos no estado primitivo, mas nem isso deixa de constituir um progresso natural, necessário, que leva consigo mesmo o remédio para aqueles males. A medida que a civilização se aperfeiçoa, vai fazendo cessar alguns dos males que engendrou, e esses males desaparecerão com o progresso moral.
De dois povos que tenham chegado ao ápice da escala social, só poderá dizer-se o mais civilizado, na verdadeira acepção do termo, aquele em que se encontre menos egoísmo, cupidez e orgulho; em que os costumes sejam mais intelectuais e morais do que materiais; em que a inteligência possa desenvolver-se com mais liberdade; em que exista mais bondade, boa-fé, benevolência e generosidade recíprocas; em que os preconceitos de casta e de nascimento sejam menos enraizados, porque esses prejuízos são incompatíveis com o verdadeiro amor ao próximo; em que as Leis não consagrem nenhum privilégio e sejam as mesmas para o último como para o primeiro; em que a justiça se exerça com o mínimo de parcialidade; em que o fraco sempre encontre apoio contra o forte; em que a vida do homem, suas crenças e suas opiniões sejam melhor respeitadas; em que haja menos desgraçados; e, por fim, em que todos os homens de boa vontade estejam sempre seguros de não lhes faltar o necessário.
Esta é a visão de uma civilização completa onde o amor impera, até lá trabalhemos em prol de um mundo melhor, pois temos a Doutrina Espírita que é luz em nossas mãos.
Capítulo 37 – Supercultura e calamidades morais
E no versículo 21 do mesmo capítulo, diz:
Assim é aquele que para si ajunta tesouros e não é rico para com Deus.
Vivemos fascinados pela vida fácil, sem dificuldades de toda ordem, sem luta diária contra as nossas imperfeições, num esquecimento que o maior Espírito que passou pela Terra nasceu simples, numa manjedoura, entre animais, filho de carpinteiro e assim também cresceu nesta profissão, auxiliando os pais no sustento do lar na carpintaria de José, vida simples viveu, nada ajuntou, se fêz o menor entre todos, morreu nada tendo para repartir.
Narra Lucas, no capítulo 2 versículo 39 em diante:
Que diante da festa de Páscoa em Jerusalém, tendo Maria, José e Jesus indo a participar da festa, retornaram a Galiléia sem o menino que apenas tinha 12 anos, e retornaram a Jerusalém a sua procura, o encontrando a ensinar no templo no meio de doutores.
E no versículo 48, diz Lucas:
E, quando o viram, maravilharam-se, e disse-lhe sua mãe: filho, por que fizeste assim para conosco? Eis que teu Pai e eu, ansiosos, te procurávamos.
E no versículo 49 a sábia resposta de Jesus:
E ele lhes disse: Por que é que me procuráveis? Não sabíeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai?
Sabemos que os negócios a que Jesus se referia não envolvem valores materiais que ficam no mundo retidos e sim os valores da alma que são eternos.
No livro “Caminho, Verdade e Vida”, Emmanuel comenta:
O homem do mundo está sempre preocupado pelos negócios referentes aos seus interesses efêmeros.
Alguns passam a existência inteira observando a cotação das bolsas. Absorvem-se outros no estudo dos mercados.
Os países têm negócios internos e externos. Nos serviços que lhes dizem respeito, utilizam-se maravilhosas atividades da inteligência. Entretanto, apesar de sua feição respeitável, quando legítimas, todos esses movimentos são precários e transitórios. As bolsas mais fortes sofrerão crises; o comércio do mundo é versátil e, por vezes, ingrato.
São muito raros os homens que se consagram aos seus interesses eternos. Frequentemente, lembram-se disso muito tarde, quando o corpo permanece a morrer. Só então, quebram o esquecimento fatal.
No entanto, a criatura humana deveria entender na sua iluminação de si mesma o melhor negócio da terra, porquanto semelhante operação representa o interesse da Providência Divina, a nosso respeito.
Deus permitiu as transações no planeta para que aprendamos a fraternidade nas expressões da troca, deixou que se processassem os negócios terrenos, de modo a ensinar-nos, através deles, qual o maior de todos. Eis porque o mestre nos fala claramente, nas anotações de Lucas:
“…Não sabíeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai?”
Diante da simplicidade de Jesus em tratar de assuntos profundos busquemos a questão 716 do Livro dos Espíritos. Pergunta Kardec:
716 A natureza não traçou o limite do necessário em nossa própria organização?
R.: Sim, mas o homem é insaciável. A natureza traçou o limite de suas necessidades na sua organização, mas os vícios alteraram a sua constituição e criaram para ele necessidades artificais.
E Emmanuel, no livro “Ceifa de Luz”, comenta:
Não basta ajuntar valores materiais para a garantia da felicidade.
A supercultura consegue atualmente na terra feitos prodigiosos, em todos os reinos da natureza física, desde o controle das forças atômicas às realizações da astronáutica. No entanto, entre os povos mais adiantados do Planeta, avançam duas calamidades morais do materialismo, corrompendo-lhes as forças: o suicídio e a loucura, ou, mais propriamente, a angústia e a obsessão.
É que o homem não se aprovisiona de reservas espirituais à custa de máquinas. Para suportar os atritos necessários a evolução e aos conflitos resultantes da luta regenerativa, precisa alimentar-se com recursos da alma e apoiar-se neles.
Nesse sentido, vale recordar o sensato comentário de Allan Kardec, no item 14, do capítulo V, de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, sob a epígrafe “O Suicídio e a Loucura”:
“A calma e a resignação hauridas da maneira de considerar a vida terrestre e da confiança no futuro dão ao Espírito uma serenidade que é o melhor preservativo contra a loucura e o suicídio. Com efeito, é certo que a maioria dos casos de loucura se devem à comoção produzida pelas vicissitudes que o homem não tem a coragem de suportar. Ora, se encarando as coisas deste mundo da maneira por que o Espiritismo faz que ele as considere, o homem recebe com indiferença, mesmo com alegria, os reveses e as decepções que o houveram desesperado noutras circunstâncias, evidente se torna que essa força, que o coloca acima dos acontecimentos, lhe preserva de abalos a razão, os quais, se não fora isso, o conturbariam”.
Espíritas, amigos! Atendamos à caridade que suprime a penúria do corpo, mas não menosprezemos o socorro às necessidades da alma! Divulguemos a Luz da Doutrina Espírita! Auxiliemos o próximo a discernir e pensar.
Maria Dolores, no livro “Alma e Vida”, nos diz na lição “Lembrança Íntima”:
Se souberes de alguém
Que se afastou do bem,
Nada digas de mal,
Porque não sabes se a pessoa
Que se complica ou se atordoa
tem algo que lhe agride a limpeza mental
Se escutares na estrada
Que essa ou aquela criatura vive errada,
Abençoa, trabalha e silencia…
Com referência à tentação e à queda
Ou à calúnia feroz que a tanta gente enreda,
Cada qual tem seu dia.
Se vires chaga ou lama,
cala-te, faze o bem, asserena-te e ama,
Planta alegria e paz
De tolerância e amparo no caminho
Ou do braço leal de algum vizinho
Eu preciso e também precisarás.
Lembra a fonte que passa a entregar-se, de todo,
Por mais se lhe arremesse pedra ou lodo,
Ei-la fazendo o bem…
Seja onde for, recorda, alma querida,
Que o próprio Deus, o Pai e Excelso Autor da Vida,
Não despreza ninguém.
Capítulo 38 – Fé e cultura
Vamos encontrar no livro “Novo Testamento”, na tradução de João Ferreira de Almeida, edição 1995, a seguinte transcrição:
Ora, quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas. Paulo (Romanos, 14:1)
Observemos que fé é estado de confiança, a pessoa quando adquire fé em confiança em si mesma, transita pela vida com mais serenidade, estado de alma alterado pelo equilíbrio interno que se vem trabalhando no dia-a-dia pela auto melhora.
Cultura, a expressão da palavra no dicionário vamos encontrar: arte ou maneira de cultivar a terra ou certas plantas, terreno cultivado. E, também no dicionário expressa-se cultura como estudo.
Vemos que para adquirir fé e cultura demanda esforço, suor, trabalho incessante de auto melhora para adquirir estas virtudes.
Paulo, em cartas aos Romanos, nos fala que devemos acolher o que é débil na fé, o que está desorientado na fé, quantos caminham desta forma perdidos no emaranhado da vida.
No livro “Pão Nosso”, na lição “Tua Fé”, Emmanuel comenta:
É importante observar que o Divino Mestre, após o benefício dispensado, sempre se suporta ao prodígio da fé, patrimônio sublime daqueles que o procuram.
Diversas vezes, ouvimos-lo na expressiva afirmação: “A tua fé te salvou”. Doentes do corpo e alma, depois do alívio ou da cura, escutam a frase generosa. É que a vontade e a confiança do homem são poderosos fatores no desenvolvimento e iluminação da vida.
E no comentário, Emmanuel, em “Ceifa de Luz” nos diz:
Indubitavelmente, nem sempre a fé acompanha a expansão da cultura, tanto quanto nem sempre a cultura consegue altear-se ao nível da fé.
Um cérebro vigoroso pode elevar-se a prodígios de cálculo ou destacar-se nos mais entranhados campos da emoção, portas adentro dos valores artísticos, sem entender bagatela de resistência moral diante da tentação ou do sofrimento. De análogo modo, um coração fervoroso é suscetível das mais nobres demonstrações de heroísmo perante a dor ou da mais alta reação contra o mal, patenteando manifesta incapacidade para aceitar os imperativos da perquirição ou dos requisitos do progresso.
A ciência investiga.
A religião crê.
Se não é justo que a ciência imponha diretrizes à religião, incompatíveis com as suas necessidades do sentimento, não é razoável que a religião obrigue a ciência à adoção de normas inconciliáveis com as suas exigências do raciocínio.
Equilíbrio ser-nos-á o clima de entendimento, em todos os assuntos que se relacionem à fé e à cultura, ou estaremos sempre ameaçados pelo deserto da descrença ou pelo charco do fanatismo.
Auxiliemo-nos mutuamente.
Na sementeira da fé, aprendamos a ouvir com serenidade para falar com acerto.
Diz o Apóstolo Paulo: “Acolhei o que é débil na fé, não, porém, para discutir opiniões”. É que para chegar à cultura, filha do trabalho e da verdade, o homem é naturalmente compelido a indagar, examinar, experimentar e teorizar, mas, para atingir a fé viva, filha da compreensão e do amor, é forçoso servir. E servir é fazer luz.
No livro “Antologia da Espiritualidade”, nos fala Maria Dolores:
Senhor!… tu que me deste
Paz e consolo à vida,
Não me dês condição
Para espalhar na vida a sombra da discórdia,
Ou estender na estrada as pedras da aflição…
Tu que acendeste em mim
A luz do entendimento
Na fé com que me alteias,
Não consintas, Jesus, que eu suprima a esperança
Das estradas alheias.
Tu que me concedeste o verbo edificante
Que nos induz
À prática do bem,
Nunca me deixes formular palavra,
Capaz de condenar ou de ferir alguém.
Tu que me desvendaste
O sublime valor da provação,
Que a Lei da Causa e Efeito determina,
Não me faças entregue à queixa e ao desencanto,
Em que eu possa esquecer a Justiça Divina.
Tu que me conferiste o privilégio
E a benção do serviço,
Como ensejo celeste e dom perfeito,
Não permitas que eu viva sem trabalho,
Desfrutando o descanso sem proveito.
Naquilo que eu deseje
E naquilo que eu sinta, pense, diga ou faça,
Contrariamente à Eterna Lei do Amor,
Em tudo quanto eu queira sem que o queiras,
Não me aproves, Senhor!…
Capítulo 39 – Compromisso pessoal
Pelos caminhos da vida cada um de nós deverá realizar a parte que lhe compete na obra de Edificação do Reino Divino na terra, portanto não se concretiza se nós não realizarmos em primeiro plano dentro de nós mesmos.
Em todos os lugares somos convidados a realizar o trabalho de caridade sob as bençãos do Senhor.
No momento do pão ao faminto, remédio ao enfermo e luz ao ignorante, são práticas da caridade essencial e que nós devemos nos lembrar da necessidade de vivenciarmos a prática da caridade em nós mesmos.
A caridade de pensarmos, falarmos e agirmos segundo os ensinamentos do Divino Mestre no Evangelho é a caridade de vivermos verdadeiramente nele para ele viva em nós.
Tudo vem de Deus, há os que seguiam a Paulo, outros a Apolo, mas cada um com seu entendimento.
O que Paulo nos recomenda tudo vem de Deus e é necessário para que se produza no solo fértil da terra que o homem plante.
Emmanuel cita no livro em estudo:
Vejamos a palavra do Apóstolo Paulo, quando já conhecia os problemas do auto-aperfeiçoamento, em nos referindo à evangelização: “Eu plantei, Apolo regou, mas o crescimento veio de Deus.”
A necessidade do devotamento individual à causa da verdade transparece, clara de semelhante conceituação.
Sabemos que a essência de toda atividade, numa lavra agrícola, procede, originariamente, da Providência Divina. De Deus vêm a semente, o solo, o clima, a seiva e a orientação para o desenvolvimento da árvore, como dimanam de Deus a inteligência, a saúde, a coragem e o discernimento do cultivador, mas somos obrigados a reconhecer que alguém deve plantar.
E Maria Dolores no livro “Antologia da Espiritualidade” nos diz:
Ouço-te, às vezes, coração amigo,
Em torno ao bem, numa questão qualquer:
– “Farei… conseguirei… conta comigo…
Se Deus quiser, se Deus quiser…”
Mas não te alteres, a pretexto disso,
De segundo a segundo, estrada a estrada,
A vontade de Deus é revelada
Em bondade e serviço.
Fita os quadros da gleba, campo afora;
Tudo o que existe, vibra, luta e sente,
Serve constantemente,
Dia a dia, hora a hora!…
De alvorada a alvorada, o sol fecundo,
Sem aguardar requerimento,
Garante sem cessar o equilíbrio do mundo
De seu carro de luz no firmamento.
A fonte, a deslizar singela e boa,
Passa fazendo o bem,
Dessedenta, consola, alivia, abençoa
Sem perguntar a quem…
Sem recorrer a humanos estatutos,
Nem a filosofias enganosas,
A laranjeira estende os próprios frutos,
A roseira dá rosas…
O lírio não se ofende, nem reclama:
Sobre a terra onde alguém lhe deitou a raiz,
Seja em vaso de estufa ou num trato de lama,
Desabrocha feliz.
Assim no mundo, coração amigo,
Faze o bem onde for, seja a quem for;
Em toda parte, Deus conta contigo
Na tarefa do amor.
Capítulo 40 – Encargos
Todos nós sem distinção somos convidados a fazer a nossa caminhada de aperfeiçoamento e renovação de nossos procedimentos e atitudes perante a vida.
A reencarnação é porta bendita para o prosseguir desta empreitada de valores e a cada um de nós é oferecida possibilidades de melhora. Convites diversos, pequenas tarefas a serem executadas que fazem diferença no balanço geral de nossa contabilidade divina.
Onde estivermos sempre há o que fazer: um sorriso aproximando as pessoas, um abraço esquecendo mágoas, um deixe de falar de alguém é educação da palavra, e em todos os lugares seremos diferenciais a ser seguido.
Cada um de nós tem seus encargos, suas obrigações, responsabilidades. Ninguém se encontra na terra em férias, cada um com suas obrigações para um mundo melhor.
E Emmanuel nos fala sobre encargos:
Cada individualidade encontra na reencarnação um quadro de valores potenciais de trabalho, análogos àqueles que a pessoa recebe quando é favorecida por um cargo determinado.
Assim como o obreiro é indicado para integrar a tabela nominativa de certa repartição, com atribuições específicas, também nós, quando nos dirigimos para a esfera física, recolhemos semelhante designação; somos como que nomeados para servir em determinado setor de atividade e, consequentemente, colocados na equipe de familiares e companheiros que nos possibilitam a execução da tarefa. Mas, se a obtenção do cargo resulta de concessão ou de ordem do Plano Superior, o aproveitamento do encargo depende do interessado em desenvolver ou consolidar os próprios méritos. À face disso, precisamos considerar que todos possuímos o talento da capacidade para investir na edificação do bem, onde estivermos.
Ninguém está órfão de oportunidade.
Em toda parte, há serviço que prestar e o melhor que fazer.
Observa em torno de ti e ouvirás múltiplos chamamentos à obra do progresso geral.
Ninguém está privado do ensejo de auxiliar o próximo, elevar, consolar, instruir, renovar.
Não te detenhas.
O amparo do Senhor é concedido a cada ser humano, visando ao proveito de todos.
Considera a indicação que recebeste para servir, segundo as possibilidades que te enriquecem o coração e as mãos.
O cargo vem à nossa esfera de ação, por efeito da Providência Divina, mas a valorização do encargo parte de nós.
Capítulo 41 – Recursos
Existem valores que têm o significado que nós atribuímos e que muitas vezes nos pesa negativamente em nossa economia espiritual.
Jesus nos fala em guardai-vos de toda e qualquer avareza. Devemos pensar aqui na avareza de conhecimentos, no não partilhar nossas experiências com o próximo, e não apenas naquela relacionada aos bens que possuímos.
“… A vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui”. Isto representa que a vida verdadeira é a do espírito. Terminando nossa trajetória na Terra voltamos a nossa verdadeira origem.
Donde irão nos perguntar que fizestes de bom? Ninguém irá nos questionar fostes rico?
Emmanuel nesta lição nos fala de nossos grandes recursos, que todos nós temos que simbolicamente, todos retemos capitais a movimentar, de vez que, em cada estância regeneradora ou evolutiva em que nos encontremos, somos acompanhados por valiosos créditos de tempo, através dos quais a Divina Providência nos considera iguais pela necessidade e, simultaneamente, nos diferencia uns dos outros pela aplicação individual que fazemos deles.
Somos todos desse modo convocados não apenas a empregar dinheiro, mas também saúde, condição, profissão, habilidade, entendimento, cultura, relações e possibilidades outras de que sejamos detentores, em favor dos outros, porquanto pelas nossas próprias ações somos valorizados ou depreciados, enriquecidos ou podados em nossos recursos pela contabilidade da eterna justiça.
Sem aplicação dos enormes recursos que a Divina Providência nos dá somos o mal servidor na seara que nos compete colaborar na edificação de um mundo melhor.
Capítulo 42 – No trato comum
No trato comum do dia a dia vivemos experiências em que muitas vezes ficamos a desejar.
É necessário não estendermos o mal ao caminho alheio.
Temos que policiar nossas atitudes, selecionar palavras a fim de não ferirmos ninguém assegurando tranquilidade a nós mesmos.
Sempre estamos na queixa, na lamentação, deixando penetrar a amargura no solo do coração, proveniente de nossa invigilância.
Quantas e quantas vezes o desânimo, as enfermidades nascem no coração de nosso irmão por invigilância nossa, esperando de nossa parte conduta melhor?
Precavemo-nos contra semelhantes calamidades que se nos instalam nas tarefas do dia a dia, quase sempre sem que venhamos a perceber. Esqueçamos ofensas, discórdias, angústias e trevas, para que a raiz da amargura não encontre clima propício no campo em que atuamos.
Capítulo 43 – No Exame Recíproco
É necessário nos considerarmos uns aos outros.
Momentos existem nos quais é impossível desconhecer as nossas falhas; entretanto, tenhamos a devida prudência de situar o mal no passado.
Teremos tido comportamento menos feliz até ontem.
Hoje, porém, é novo dia.
Auxiliemo-nos reciprocamente, acendendo luz que nos dissipe a sombra. Padronizemos o sentimento em ponto alto, pensemos com a força abençoada do otimismo, falemos para o bem e realizemos o melhor ao nosso alcance, no terreno da ação.
Recordemos o ensinamento do Apóstolo, considerando-nos uns aos outros, não em sentido negativo, e sim com a fraternidade operante, para que tenhamos o necessário estímulo à prática do amor puro, superando as nossas próprias fraquezas, em caminho para a vida maior.
No livro “Coração e Vida”, diz-nos Maria Dolores:
Conversas
Onde estiveres, anota:
Se surgem lutas e crises
Com momentos infelizes
De verbo candente e vão,
Escuta com paciência,
Ajuda, ampara, abençoa
E lança a palavra boa
Que anule a perturbação.
Opiniões, confidências,
Diálogos, comentários,
– São forças de efeitos vários
Que se ampliam a granel;
Há palavras que são flores,
Outras recordam espinhos
Nos lares e nos caminhos
Espalhando fogo e fel.
Estende luz e esperança.
Fala no bem quando fales,
Que a terra já tem por males
Penúria, tristeza e dor;
Jesus nos pede a palavra
Para entender e servir,
A fim de erguer no porvir
O Reino de Paz e Amor.
Capítulo 44 – Oraremos
Do livro “A Boa Nova” podemos extrair uma conversa do Apóstolo João com o Divino Amigo acerca da oração.
O Apóstolo João certo dia, procurou o Senhor, de modo a ouvi-lo mais amplamente sobre as dúvidas que lhe atormentavam o coração: e lhe fez uma pergunta, a oração deve ser louvor ou súplica?
Ao que Jesus respondeu com bondade:
– Por prece devemos interpretar todo ato de relação entre o homem e Deus. Devido a isso mesmo, como expressão de agradecimento ou de rogativa, a oração é sempre um esforço da criatura em face da Providência Divina. Os que apenas suplicam podem ser ignorantes, ou que louvam podem ser preguiçosos. Todo aquele, porém, que trabalha pelo bem, com as suas mãos e com o seu pensamento, esse é o filho que aprendeu a orar, na exaltação ou na rogativa, porque em todas as circunstâncias será fiel a Deus, consciente de que a vontade do Pai é mais justa e sábia do que a sua própria.
– E como ser leal a Deus, na oração? – interrogou o apóstolo, evidenciando as suas dificuldades intelectuais. – A prece já não representa em si mesma um sinal de confiança?
Jesus contemplou-o com a sua serenidade imperturbável e retrucou:
– Será que também tu não entendes? Não obstante a confiança expressa na oração e a fé tributada à providência superior, é preciso colocar acima delas a certeza de que os desígnios celestiais são mais sábios e misericordiosos do que o capricho próprio; é necessário que cada um se una ao Pai, comungando com a sua vontade generosa e justa, ainda que seja contrariado em determinadas ocasiões. Em suma, é imprescindível que sejamos de Deus. Quanto às lições dessa fidelidade, observemos a própria natureza, em suas manifestações mais simples. Dentro dela, agem as leis de Deus e devemos reconhecer que todas essas leis correspondem à sua amorosa sabedoria, constituindo-se suas servas fiéis, no trabalho universal. Já ouviste falar, alguma vez, que o sol se afastou do céu, cansado da paisagem escura da terra, alegando a necessidade de repousar? A pretexto de indispensável repouso, teriam as águas privado o globo de seus benefícios, em certos anos? Por desagradável que seja em suas características, a tempestade jamais deixou de limpar as atmosferas. Apesar das lamentações dos que não suportam a umidade, a chuva não deixa de fecundar a terra! João, é preciso aprender com as leis da natureza a fidelidade a Deus! Quem as acompanha, no mundo, planta e colhe com abundância. Observar a lealdade para com o Pai é semear e atingir as mais formosas searas da alma no infinito. Vê, pois, que todo o problema da oração está em edificarmos o reino do céu entre os sentimentos de nosso íntimo, compreendendo que os atributos divinos se encontram também em nós.
O apóstolo guardou aqueles esclarecimentos, cheio de boa-vontade no sentido de alcançar a sua perfeita compreensão.
E Emmanuel nos termina seu comentário acerca da lição nos dizendo:
Oraremos, sim; no entanto, é imperioso, em matéria de petição, rogar isso ou aquilo ao senhor, sempre de acordo com a sua vontade, porque a vontade do senhor inclui, invariavelmente, a harmonia e a felicidade de nossa vida.
Capítulo 45 – Apelo de sempre
E se a oração é um intercâmbio com o Pai e o Apóstolo Paulo no apelo de sempre nos diz que prosseguirmos para o alvo, nos diz Emmanuel:
Nas horas de aguaceiro, reflete na colheita que virá.
Nos instantes difíceis, age pensando na soma de alegrias que nascerão do dever cumprido.
Não te detenhas em recordações amargas do pretérito.
A derrota sofrida terá sido preciosa lição para melhor aproveitamento das horas de hoje; a lágrima vertida foi talvez o colírio da verdade, ensinando-te a ver; a provação experimentada revelou-te o caminho da paciência; as afeições que desertaram se te erguem presentemente na memória por instruções da vida, impulsionando-te à descoberta do genuíno amor.
Para a frente – é o apelo de mais alto.
O passado é capaz de auxiliar, mas tão só por recurso de informação. Se duvidas disso, reflete no automóvel de que te serves comumente: o retrovisor colabora apenas para que te esclareças, quanto às advertências da retaguarda, de vez que necessitas permanecer de atenção concentrada no caminho à frente, como quem se vê inevitalmente chamado para o futuro.
Capítulo 46 – Caso Grave
… Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado para quem será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros e não é rico para com Deus. (Lucas, 12:20-21)
Quantos passam pela vida com recursos amoedados pensando somente em si mesmo, não enxerga as necessidades de seu irmão na penúria.
Não lembra de algo oferecer nas obras da solidariedade.
Vê somente as exigências dos próprios filhos, esquecendo o suplício das crianças abandonadas.
Caminha tranquilo em sua saúde física sem escutar o choro e a súplica dos doentes que lhe rogam proteção e consolo.
Assim retratou Lucas no Evangelho, “esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado para quem será?”.
Não sabemos a hora de nosso retorno a casa maior. Hoje nos é oportunidade de fazer o melhor, todos nós com possibilidade financeira ou não temos condições de algo realizar em benefício de toda humanidade.
Ajuntar tesouros que o ladrão não é capaz de roubar, que são os valores do bem que nunca se perde.
Capítulo 47 – Autoproteção
Essa lição é um convite a reprodução da gentileza. Um pequeno ato de respeito e compreensão que precisa ser trabalhado com maior frequência e insistência por todos.
Não se trata, no entanto, de um sorriso forçado e usado, unicamente, por convenção social. Este ato sem o sentimento, que o enobrece, passa por mera formalidade, não fortalece o caráter e, tampouco, agrada o receptor mais atento.
A gentileza sincera é aquela através da qual demonstramos o quanto nos importamos com a alegria e bem estar do próximo. É o sentimento de entendimento das aflições e a predisposição em auxiliar, ainda que seja como mero ouvinte.
São estes atos que garantirão nosso proteção dos vícios e das falhas aos quais nos expomos. Aquele que se cerca de gentileza, receberá de volta a mesma disposição, se não de todos, ao menos de muitos que o cercam. A pessoa disposta a ajudar, encontrará sempre, na necessidade, uma mão auxiliadora, grata e amiga.
Capítulo 48 – Imunização Espiritual
Quando Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte e começou a falar das bens aventuranças, dizendo para todos nós que seremos felizes pelo muito amar a todos no caminho e na continuidade do sermão da montanha, ele nos pede amor aos inimigos e oração pelos que nos perseguem.
No livro “O Evangelho dos Humildes”, nos diz que somos incapazes de compreender que todos os homens, pertençam a que raça pertencerem, são irmãos, filhos de um único Pai. Moisés teve de ensinar a seus tutelados a amarem pelo menos os de sua tribo e família. Jesus dilata o ensinamento de Moisés, ensinando-nos que até mesmo nosso próprio inimigo é nosso próximo, pois é nosso irmão em Deus.
Este ensinamento de Jesus poderia ser um contra-senso, se não houvesse a lei da reencarnação. De fato, se vivêssemos apenas uma vez, e se depois da morte mergulhássemos no nada, ou fôssemos viver em beatitudes ou em tormentos eternos, por que haveríamos de forçar nosso coração a amar quem nos odeia? Por que teríamos de orar pelos que nos espezinham?
Porém, sabemos que existe a lei da reencarnação. Sabemos que a nossa vida não termina pela morte. Sabemos que não iremos para lugares de beatitudes, nem de tormentos. E sabemos que o ódio liga pelos laços do sofrimento, ao passo que o amor une pelos laços da felicidade.
A morte não nos livra dos inimigos, como não nos separa dos amigos.
A lei da reencarnação faz com que os espíritos, que se odeiam, encarnem no mesmo grupo, a fim de que os trabalhos, os sofrimentos e as alegrias que suportarem em comum, transformem em fraterna amizade a repulsa que os separava.
Sabedor disso, Jesus recomenda que procuremos extinguir as animosidades que nos dividem, quer lutando por transformar os inimigos em amigos, quer fazendo o bem a quem não nos estima, quer orando pelos que nos perseguem. Assim procedendo, afrouxaremos os dolorosos laços fluídicos do ódio, os quais facilmente serão rompidos no momento oportuno; e nosso espírito estará livre de pesado fardo e merecedor de um futuro risonho.
Capítulo 49 – Ante Ofensas
Eis que Jesus nos mostra o caminho da verdadeira justiça. “Por que vos digo que se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no Reino dos Céus.”
É o entendimento para atender à recomendação de Jesus.
Quanto mais evoluídos estivermos, tanto maiores serão nossas responsabilidades espirituais. Nesse ponto, dada a grande soma de conhecimentos espirituais que os espíritas receberam, são eles os que mais obrigados estão para com o Pai. É fora de dúvida pois, que os espíritas são os indicados neste versículo a praticarem com mais perfeição os ensinamentos evangélicos, do que seus irmãos de outras crenças menos evoluídos em conhecimento.
Capítulo 50 – Ante o Divino Semeador
Ante o livro em estudo, a lição do semeador demonstra que todo o bem semeado retorna para nós em oportunidade de serviço para uma vida melhor.
Nestas duas lições vamos refletir:
Jesus é o semeador da terra e a humanidade é a lavoura de Deus em suas mãos.
Lembremo-nos da renúncia exibida à semente chamada à produção que se destina ao celeiro para que não venhamos a sucumbir em nossas próprias tarefas.
Atirada ao ninho escuro da gleba em que lhe cabe desabrochar, sofre extremo abandono, sufocada ao peso do chão que lhe esmaga o evoltório.
Sozinha e oprimida, desenfaixa-se das forças inferiores que a constringem, a fim de que os seus princípios germinativos consigam receber a bênção do céu.
Contudo, mal se desenvolve, habitualmente padece o assalto de vermes que lhe maculam o seio, quando não experimenta a avalancha de lama, por força dos temporais.
Ainda assim, obscura e modesta, a planta nascida crê instintivamente na sabedoria da natureza que lhe plasmou a existência e cresce para o brilho solar, vestindo-se de frondes tenras e florindo em melodias de perfume e beleza para frutificar, mais tarde, nos recursos que sustentam a vida.
A frente do semeador sublime, não esmoreças antes os pesares da incompreensão e do isolamento, das tentações e das provas aflitivas e rudes.
Crê no Poder Divino que te criou para a imortalidade e, no silêncio do trabalho incessante no bem a que foste trazido, ergue-te para a luz soberana, na certeza de que, através da integração com o amor que nos rege os destinos, chegarás sob a generosa proteção do Celeste Pomicultor, a frutificação da verdadeira felicidade.
E a felicidade só nos chega na oportunidade que todos nós temos de nos dirigir a um trabalho renovador de auto modificação de nossos velhos hábitos.
E Emmanuel nos fala da oportunidade que a todo momento a vida nos apresenta:
Não admitas que o bem se processe a distância de esforço paciente que o concretize.
O criador estabelece a árvore na semente.
A criatura pode protegê-la e aperfeiçoá-la.
Recebes da Divina Providência o tesouro das horas, o apoio do conhecimento, a possibilidade de agir, o benefício do relacionamento, mas a formação da oportunidade para que te realizes nas próprias esperanças depende de ti.
Não há confiança profissional sem o devido certificado de competência.
Não disporás efetivamente da máquina sem conhecer-lhe a engrenagem com respectiva função.
Nas áreas do espírito, as leis são as mesmas.
Esforçar-te-ás em adquirir entendimento; praticarás o respeito aos semelhantes; acentuarás, quanto possível, as tuas prestações de serviço em apoio dos outros e angariarás a simpatia de que necessitas no próximo, a fim de que o próximo te auxilie na edificação de teus ideais. Então, credenciarás a ti mesmo, para que a oportunidade te valorize.
Em qualquer tarefa de melhoria e elevação, em que esperemos novas aquisições de paz e alegria, felicidade e segurança, não nos esqueçamos de que a possibilidade nasce de Deus e que o trabalho vem de nós.
E Maria Dolores, através da psicografia de Chico Xavier, nos diz:
Se carregas contigo o tempo atormentado
Sob tristeza e desencanto,
É natural te aflijas, entretanto,
Não te entregues ao luxo de chorar.
Sai de ti mesmo e escuta, em derredor,
Aqueles que se vão sem rumo certo,
Suportando no peito o coração deserto
Na penúria que mora entre a noite e o pesar.
Não importa o que foste e o que sofreste
E nem a dor alheia, em mágoas mudas,
Procurará saber a crença em que te escudas,
Nem pergunta quem és…
Os que seguem no pó do sofrimento,
Vivendo de coragem, semi-morta,
Rogam-te auxílio à porta,
Rojando-se-te aos pés…
Desce da torre em que te vês somente
E escuta-lhes a história dolorida:
Esse chora sem lar, outro é quase suicida
Cansado de amargura e solidão;
Aquele envelheceu, sem alguém que o quisesse,
Outra é mãe desprezada, anêmica e sozinha,
Sombra que foi mulher, que respira e caminha,
Sabendo agradecer a fortuna de um pão.
Sai de ti mesmo e vem!… Esquece-te em serviço…
É Jesus que te chama ao bem que não se cansa,
Acharás, ao servir, renovada esperança,
Paz e fé sob a luz de nobres cirineus!…
E sem horas a dar ao desalento e ao tédio,
Quando encontres a noite, cada dia,
Dirás ao Céu, em preces de alegria:
– Por tudo quanto tenho agradeço, meu Deus!…
Capítulo 52 – Em família espiritual
Temos aqui duas situações em que Jesus nos chama a atenção no procedimento de nossos julgamentos. Eis a continuação do sermão da montanha referente ao hábito de julgar os outros.
Vamos encontrar a explicação para estas duas situações no livro “O Evangelho dos Humildes”, de Eliseu Rigonatti.
Pois com o critério com que julgardes sereis julgados; e com a medida com que tiverdes medido vos medirão também.
Jesus condena a maledicência, a qual consiste em esmiuçar a vida alheia, apresentando-a aos olhos dos outros eivada de erros ou revelando sempre o mal. Enfim, ser maledicente é comentar as ações do próximo, procurando em todas as ocasiões descobrir e propalar o lado imperfeito dos atos de cada um.
A maledicência é uma imperfeição da alma. A pessoa maledicente é maldosa. Se o coração do maledicente fosse puro, ele não teria nenhum prazer em discutir, pelo lado pior, os atos de um seu irmão.
Dizendo Jesus que cada um será medido com a mesma medida de que tiver usado, é como se ele dissesse: – uma vez que te comprazes em descobrir o mal cometido por teu irmão e depois discuti-lo e anunciá-lo, é porque em teu coração também existe a maldade. E da maldade que ainda trazes dentro de ti, terás de prestar contas ao Pai.
As pessoas que falam mal de seus irmãos ou, como se diz vulgarmente, as pessoas que falam da vida alheia, chamam-se murmuradores.
Jesus não quer que murmuremos contra a vida de nossos semelhantes, porque devemos notar que, às vezes, a pessoa que erra não compreende a extensão de seu erro. Cada um de nós age de acordo com sua inteligência e com o grau de adiantamento a que chegou e, principalmente, segundo o momento. Portanto, a inteligência, o grau de adiantamento espiritual e as circunstâncias em que se encontra, são os fatores que levam uma pessoa a agir. Mais tarde, ao se impor a análise do ato praticado, verificará que errou; e se tiver boa vontade, humildemente corrigirá o erro. E se formos maldizentes, agravaremos a situação penosa em que se encontra o irmão que errou, dificultando-lhe, por conseguinte, a reparação.
Em continuação, Jesus ainda pergunta.
Por que vês o argueiro no olho do teu irmão, sem notar a trave que está no teu próprio?
A propensão de todos nós é reconhecermos facilmente o erro dos outros; mas não temos nenhuma propensão para reconhecer os nossos próprios erros.
O orgulho, sob a forma do amor próprio, não permite que percebamos as imperfeições de nossa alma; porém, assim como vemos as imperfeições dos outros, do mesmo modo os outros vêem as nossas.
O amor próprio embaraça e retarda muito nosso programa espiritual. Se o orgulho encobre nossos defeitos, a humildade no-los descobre a nós próprios. Eis porque a pessoa humilde se adianta espiritualmente com grande facilidade: em lugar de perder tempo em reparar nos outros, usa sabiamente o tempo em descobrir suas próprias imperfeições e estudar os meios de livrar-se delas.
Outro ponto importante que devemos considerar é o seguinte: os nossos verdadeiros amigos são aqueles que, sinceramente, nos apontam os nossos próprios erros e nos induzem a corrigi-los. Quando a misericórdia do Pai colocar em nossos caminhos um desses amigos verdadeiros, não consintamos que o amor próprio nos torne surdos às ponderações dele; mas oremos ardentemente para que a humildade nos abra os ouvidos à voz desses amigos providenciais.
E Maria Dolores nos fala das…
Não julgues, nem recrimines
Irmãos que vês em festança,
Às vezes, quem grita e dança,
No auge da exaltação,
Tem no peito atormentado
Um vaso de fogo lento,
Argila de sofrimento
Em forma de coração.
Esse homem que se agita,
Em gestos de embriagado,
É um amigo abandonado
Pela esposa que o não quer…
Possui filhinhos chorosos,
Rogando a materna estima,
É um palhaço que lastima
A deserção da mulher.
Aquela jovem que passa,
Gingando, descontraída,
É quase pobre suicida
Pelas angústias que traz.
Quis ser livre sem trabalho,
Mas correu e caiu fundo,
Nos desencantos do mundo,
Entre os quais sofre sem paz.
Outro transporta consigo
Amarga doença oculta;
Em outro, o que mais avulta
É a roupagem de esplendor;
No entanto, o que mais sente
Nas explosões de alegria,
É a solidão que irradia
A triste fome de amor.
Nunca reproves. Respeita.
Eu também nos tempos idos,
Cantei, guardando gemidos,
Lamentando os erros meus!…
Às vezes, quem grita e ginga,
Tangendo guisos por fora,
Por dentro é alguém que chora
Buscando a bênção de Deus.
Capítulo 53 – Confiando
Nesta passagem de Marcos que registra os acontecimentos por onde Jesus passava, sobre a fé Jesus registra para o futuro uma demonstração positiva de como deve ser a nossa fé.
Nos versículos 21, 22 e 24:
E Pedro, lembrando-se, disse-lhe: Mestre, eis que a figueira que tu amaldiçoaste se secou.
E Jesus, respondendo, disse-lhes: tende fé em Deus.
Por isso, vos digo que tudo o que pedirdes, orando, crede que o recebereis e tê-lo-eis.
No livro “O Evangelho dos Humildes”, temos uma explicação para esta passagem.
Aqui assistimos a uma aplicação de fluidos. Foi por meio de fluidos, que Jesus manipulava muito bem, que se secou a figueira. Com este ato, Jesus quis mostrar a seus discípulos o quanto pode a fé.
A luta que mais tarde os discípulos travariam para a propagação do Evangelho exigiria deles uma fé inabalável. E Jesus, por todos os modos, procura aumentar-lhes e fortificar-lhes a fé.
A fé.
O que é a fé?
É a confiança que temos em Deus, nosso Pai. É o arrimo com o qual faremos a jornada através das reencarnações. É a alavanca com a qual removeremos as pesadas montanhas da ignorância, que atravancam o mundo. É a lima com o qual desgastaremos as manchas acumuladas em nosso perispírito e que impedem de brilhar.
O Espiritismo renova em nossos dias a fé em todos os corações. Demonstrando racionalmente a finalidade de nossa vida na terra, ensinando-nos o que há por detrás do túmulo, revelando-nos a causa do sofrimento, e a justiça que a ele preside, explicando de maneira clara e precisa os fenômenos até aqui tidos por milagres, e patenteando aos olhos dos homens as leis que os regem, o Espiritismo faz com que seus adeptos tenham uma fé firme e inabalável, porque é uma fé racional.
E Emmanuel nesta lição nos diz:
Tendo fé nas descobertas e nas observações conjugadas de físicos, astrônomos e matemáticos, o homem construiu o foguete com que explora vitoriosamente o espaço cósmico; tendo fé nas ondas eletromagnéticas, formou as bases da televisão que hoje transmite a palavra e a imagem a longas distâncias, simultaneamente, em todas as direções; tendo fé nos processos imunológicos, iniciados e desenvolvidos por ele mesmo, criou a vacina, liquidando o problema das moléstias contagiosas que, tempos a tempos, dizimavam milhares de existências no mundo; tendo fé na escola, dividiu-a em setores múltiplos e estabeleceu cursos específicos, de modo a servir às criaturas, da infância à madureza, afastando a Humanidade dos prejuízos da insipiência e do flagelo da ignorância; tendo fé no motor, inventou o automóvel em que se transporta, à vontade, de região para região, atendendo aos próprios interesses com inestimável ganho de tempo.
Assim também, confiando nos ensinamentos do Cristo e praticando-os como se faz necessário, a criatura edificará a sua própria felicidade; entretanto, qual acontece ao foguete, à televisão, à vacina, a escola e ao automóvel, que funcionam, segundo os princípios em que se baseiam, a fim de oferecerem os frutos preciosos, no auxílio ao homem, a fé nas lições de Jesus só vale devidamente se for usada.
Capítulo 54 – Na Cultura da Paz
Para que a paz se faça em nós é necessário realizar dentro de nós o burilamento íntimo. Bem aventurados os pacificadores, bem aventurado aquele que serve, encontra-se no trabalho do bem.
Na revista Presença Espírita de janeiro/fevereiro de 2008 vamos encontrar uma reportagem do 10o Movimento Você e a Paz. Importante a divulgação para que todos trabalhem consigo mesmo na não violência. Diz a matéria:
Para acabarmos a violência em nós é necessário que saibamos o que vem a ser violência:
A violência é uma doença moral com consequências sociais e a Unesco estabeleceu que a violência começa no espírito e a cura deve ser no cerne da criatura.
Divaldo Franco lembrou que a violência é a predominância da natureza animal sobre a espiritual. Ela é um transtorno moral, que está dentro de nós e que ameaça a Humanidade de extinção, passando a ser “o maior atentado da rivalidade primitiva do ser humano contra seu irmão.”
Podemos dizer ainda que é tudo que vai de encontro aos direitos alheios, que mata seus sonhos e ideais no bem; são ainda as leis e comportamentos que ultrajam a vida como o aborto, a eutanásia, o suicídio, a pena de morte, a pedofilia, a agressão às mulheres; em suma, é uma patologia mental e comportamental de quem perdeu o endereço de si mesmo.
Dessa maneira, a violência está dentro de nós, nas ruas, no lar, nos ambientes humanos das classes mais desfavorecidas às mais abastadas. Onde a instrução se sobrepõe à educação, o egoísmo e o orgulho justapõem-se ao amor e à fraternidade, aí reina a crueldade da violência.
Então, como devemos agir para sermos pacíficos e pacificadores? Esse é um trabalho pessoal, porque ninguém poderá nos transformar em pessoa pacífica; então, em primeiro lugar não devemos aceitar a violência; superar paixões e os instintos agressivos.
Sejamos nós quem disputa a honra de fazermos o bem e não o que promove a violência, que disputa o lado negativo; sejamos aquele que planta uma árvore, quem aperta a mão, que dá a oportunidade, quem pede perdão, quem demonstra afetividade…
O Espírito Joana de Ângelis nos convida a estabelecermos regras de auto-estima; agir com honestidade e lealdade conosco mesmos; sermos trabalhadores e gratos à vida; sermos positivos em relação a nós mesmos; cultivarmos o sentimento de grandeza moral acima da nossa estatura convencional, como diretriz segura de não-violência.
Afinal, para que precisamos de Paz? Sendo a meta de todos os seres humanos na terra a felicidade, se formos nós a Paz, nossos familiares, amigos, vizinhos, colegas de trabalho se sentirão felizes em nossa companhia e o local onde estejamos será de harmonia. Se nós tivermos paz poderemos ajudar outras pessoas a também conquistarem a Paz. Nossa Paz e felicidade íntimas, portanto, serão essenciais na construção do Reino dos Céus na consciência da Humanidade.
Capítulo 55 – No Burilamento Íntimo
O sonho do melhoramento moral é de todos. Admiramos pessoas que tenham conquistado a paz interior, para quem quaisquer problemas não afetam sua boa vontade e alegria de viver, esquecemo-nos, porém, que tal estado de espírito somente poderá ser alcançado através da disciplina.
Para realizarmos nosso desejo de aperfeiçoamento é preciso que trabalhemos incansavelmente o desenvolvimento das virtudes agradáveis a Deus. Devemos assim ser responsáveis pelos trabalhos que assumimos; termos a humildade de nos desculparmos repetidamente pelas falhas que cometemos; treinarmos nossos olhos para observar as qualidades alheias, antes dos vícios; manter-nos confiantes e pacíficos frente as dificuldades etc. O desespero é a qualidade daqueles que perderam a esperança e, consequentemente, a fé.
Emmanuel, assim, alerta que o burilamento íntimo somente será atingido pelo trabalho e vigilância constantes.
Capítulo 56 – Temas da Prece
E Emmanuel, em temas da Prece nesta lição, nos fala onde devemos usar a fé para ser proveitosa em nosso dia-a-dia:
Roga a Deus te abençoe, mas concilia-te, cada manhã, com todas as criaturas e com todas as coisas, agradecendo-lhes as dádivas ou lições que te ofertem.
[…] Espera a felicidade, criando a alegria do próximo.
Procura as luzes do saber, distribuindo-as no auxílio aos que te rodeiam.[…] Suplica o auxílio do Senhor, na sustentação de tua paz; contudo, não sonegues auxílio ao Senhor para que haja sustentação na paz dos outros.
[…]Afirma-nos o Evangelho que para Deus nada existe impossível, mas decerto que Deus espera que cada um de nós faça o possível a nosso próprio favor.
E no livro “Antologia da Espiritualidade”, o espírito de Maria Dolores nos fala em:
Senhor!… tu que me deste
Paz e consôlo à vida,
Não me dês condição
Para espalhar na vida a sombra da discórdia,
Ou estender na estrada as pedras da aflição…
Tu que acendeste em mim
A luz do entendimento,
Na fé com que me alteias,
Não consintas, Jesus, que eu suprima a esperança
Das estradas alheias.
Tu que me concedeste o verbo edificante
Que nos induz
À prática do bem,
Nunca me deixes formular palavra,
Capaz de condenar ou de ferir alguém.
Tu que me desvendaste
O sublime valor da provação,
Que a Lei de Causa e Efeito determina,
Não me faças entregue à queixa e ao desencanto,
Em que eu possa esquecer a Justiça Divina.
Tu que me conferiste o privilégio
E a benção do serviço,
Como ensejo celeste e dom perfeito,
Não permitas que eu viva sem trabalho,
Desfrutando o descanso sem proveito.
Naquilo que eu deseje
E naquilo que eu sinta, pense, diga ou faça,
Contrariamente à Eterna Lei do Amor,
Em tudo quanto eu queira sem que o queiras,
Não me aproves, Senhor!…
Capítulo 57 – Doação e Nós
No coração dos homens há dois sentimentos que os impelem a executar seus atos: a humildade e o orgulho.
A humildade é o sentimento que leva o homem a praticar o bem pelo bem, sem esperar outra recompensa a não ser a satisfação íntima de ter concorrido para a felicidade de um irmão.
E o orgulho é o sentimento que leva o homem a praticar o bem por ostentação.
Jesus nos recomenda que façamos o bem pelo sentimento da humildade e tudo quanto fizermos receberemos da providência Divina muito mais que a nossa própria doação.
Emmanuel então nos fala.
Deus te deu a ciência, a fim de que a entendas, em benefício de nossos irmãos, com tal devotamento que a ignorância jamais consiga entenebrecer os caminhos da Humanidade.
Deus te deu o discernimento, para que o teu concurso verbal ajude a compreensão dos que te ouvem, de tal modo que a tua presença, seja onde for, venha a se constituir em luz que dissipe a sombre do desequilíbrio e o nevoeiro da discórdia.
Deus te deu a autoridade, a fim de que exerças a justiça com misericórdia, de tal maneira que a compaixão não desapareça do mundo, sob as rajadas da violência.
Deus te deu a fortuna para que o teu dinheiro se faça coluna do trabalho e da beneficência, com tal abnegação que a penúria jamais aniquile os nossos companheiros ainda menos felizes, nas trilhas da provação e do desespero.
Deus constantemente algo te dá, entretanto só conservarás e multiplicarás os talentos recebidos através das doações que fizeres.
Todos somos tão somente usufrutuários dos bens da vida, os quais, no fundo, pertencem unicamente ao senhor do universo, que no-los conserva nas mãos, segundo o proveito e o rendimento que lhes venhamos a imprimir.
“Dai e dar-se-vos-á” – afirmou Jesus.
Isso, na essência quer dizer: Deus te dá para que dês.
No livro “Somente Amor”, Maria Dolores nos diz:
Disse Jesus na terra: “Eu sou o pão da vida”.
E ansiando seguir os passos do senhor,
Quis ser, de minha parte, a migalha sem nome
De algo que alimentasse a estranha fome
Dos que morrem no mundo à carência de amor.
Indaguei do mentor que me assistia,
Quanto a idéia de que me via presa
E ele apenas me disse: “Se procuras
Nutrir o coração das criaturas,
Ouve as informações da natureza”.
Interroguei a terra e a terra falou calma:
– “Para a manutenção dos seres que acalento
Preciso tolerar enxadas e tratores
E abrir-me em golpes dilacerados
Sem que ninguém me veja o sofrimento.”
Velho tronco explicou-me: “Vivo ao tempo,
Trabalhando sem perdas de minutos,
Renovo o ar, produzo fartamente,
Mas padeço agressões de muita gente,
Sem que eu possa contar meus próprios frutos.”
Entrevistando o trigo, ei-lo a dizer-me:
– “Devo entregar-me sem explicação
À mó que me constringe e me tritura,
Fazendo-me farinha clara e pura,
Que assegure na mesa o júbilo do pão.”
Em tudo achei no alento para a vida
O extremo sacrifício em constante processo,
Plantas gemendo em todos os instantes
E óleo a queimar-se em máquinas gigantes,
Sustentando a energia do progresso.
Reconheci então ser preciso esquecer-me,
Apagar-me ao servir, alegrar-me na dor,
Aprender humildade, amparar sem barulho
E despojar-me, enfim, de todo o humano orgulho
Para ser luz e paz, auxílio e amor.
Capítulo 58 – Das Nascentes do Coração
É preciso que nos lembremos um dos maiores tesouros que nos foi dado por Deus: a piedade!
Esta qualidade, tão subestimada, é aquela que mais nos aproxima do amor, ao modelo cristão. Devemos trabalhar em nós a piedade em relação a todos nossos irmão na senda terrena, lembrando que, embora de forma diferente, todos temos nosso quinhão de desafio.
Muitas vezes achamos mais fácil nos apiedar daqueles irmãos cuja situação de miséria material nos inflama o coração, contudo, precisamos lembrar que mesmo aqueles que não passam por tais dificuldades suportam outras provas de grande dificuldade.
Por diversas pessoas vemos espíritas, cuja crença nas múltiplas vidas é real, justificarem o sofrimento alheio por ocorrências do passado e se isentar da responsabilidade do auxílio por crer que tal ocorrência é necessária para o aperfeiçoamento moral daquele irmão, disfarçando seu egoísmo e indiferença nas belas vestes do conhecimento da vida futura. Porém, aquele que, de fato, compreendeu a lição do espiritismo, entende que somente através do trabalho em prol do próximo é que nos aproximamos de Deus e que o irmão ao nosso lado é aquele cuja tarefa de auxílio nos cabe.
Procedamos assim, onde estivermos, na certeza de que, em nos referindo à maioria de nós outros – os espíritos endividados da Terra – toda as vantagens que estejamos desfrutando, à frente do próximo, não chegam até nós em função do merecimento que absolutamente não possuímos ainda, mas simplesmente em razão da misericórdia de Deus.
Capítulo 59 – Nas Trilhas da Vida
Inclinamo-nos ternamente para os que enlouqueceram de dor ou resvalaram em perigosos processos obsessivos; no entanto, é imperioso abeirar-nos com simpatia daqueles outros que suportam aflitivas tribulações e torturantes problemas para serem fiéis aos compromissos que assumem.
Pedimos a Proteção Divina para os que viajam em penúria nas sendas do Planeta, acampados em choças, carentes de tudo; entretanto, é forçoso rogar igualmente o amparo do alto para aqueles outros companheiros da Humanidade que jornadeiam em naves douradas, no oceano da experiência terrestre, encarcerados, todavia, em suplícios ocultos.
Exoramos a benção do Pai Celeste para os que jazem nos sanatórios e nos presídios, a fim de que tolerem pacientemente as provas a que fizeram jus, segundo os princípios de causa e efeito, mas é justo implorar também o auxílio de Deus para aqueles outros homens e mulheres, em condições de saúde e liberdade, que não se poupam a qualquer sacrifício para o exato desempenho dos encargos edificantes que o mundo lhes indicou.
A ninguém excluas de tua bondade e compreensão.
Somos complementos uns dos outros na obra divina.
Ninguém se aperfeiçoa sem o concurso de alguém.
Não te iludas com o jogo das aparências.
Deus te situa junto de todos, porque precisas do amparo de todos, e, de algum modo, todos os que te cercam necessitam de ti.
Do livro “Somente Amor”, com o título “A Mensagem”, Meimei nos diz:
Devidamente reunidos, os seguidores de Jesus viram chegar o mensageiro da orientação, cuja palavra haviam solicitado com insistência.
Queriam alguma instrução que os fizesse mais adiantados na senda do bem e que lhes propiciasse mais amplo progresso espiritual, acentuando-lhes o estímulo ao trabalho e dilatando-lhes a paz.
O Celeste Emissário, sem qualquer presunção no olhar translúcido e sem o mais leve toque de autoritarismo na voz, explicou-se com brandura:
– Irmãos, não tenho avisos especiais e nem sei porque os servos dos grandes servos do Senhor, dos quais não passo de colaborador pequenino, terão determinado seja eu o portador da resposta às vossas súplicas sinceras.
Sabemos que o Eterno Amigo confia em vossa dedicação e a todos nos observa nos encargos diferentes a que somos trazidos. O Excelso Benfeitor não ignora que todos nos achamos detidos em ocupações diversas. Esse administra, aquele ensina, outro tece o fio e outro ainda lavra o campo. Muitas criaturas amparam os doentes e outras muitas protegem as crianças. Por isso mesmo, na casa do senhor não se desconhece que pessoa alguma na terra está sendo chamada a evidenciar-se em espetáculos de grandeza. Em razão disso, o lar Bendito das Alturas recomenda vos seja transmitida unicamente esta simples mensagem: “sempre que não puderdes auxiliar-vos uns aos outros, não vos queixeis de ninguém.
Capítulo 60 – Ilumina onde Estejas
A luz destrói as trevas. A ignorância é treva da alma. Os discípulos de Jesus destróem a ignorância. Por conseguinte, os discípulos de Jesus são a luz espiritual do mundo.
Uma cidade, erguida no cabeço de um monte, é vista por todos, desde muito longe. Assim é o discípulo de Jesus: todos o observam a ver se não desmente com os atos o que prega com as palavras.
Observa em torno de ti:
a noite da culpa;
as trevas da delinquência;
as sombras da obsessão;
o labirinto das provas;
as furnas da indiferença;
os cárceres do egoísmo;
as tocas da ignorância;
o nevoeiro da angústia;
as nuvens do sofrimento;
a neblina das lágrimas;
Relaciona os recintos da vida onde as necessidades da alma nos obscurecem os caminhos e estende auxílio e compreensão, paz e esperança onde estiveres.
Disse-nos o Cristo: “Sois a luz do mundo”.
E toda criatura é uma fonte de luz por ser, em si, uma fonte de amor.
Capítulo 61 – Paz indestrutível
Sabe-se que as provações terrenas, muitas vezes, fazem com que fiquemos desiludidos e tristes. A falta de compreensão de nossos companheiros de jornada sobre o melhoramento que buscamos diariamente nos frustra e chateia.
Quantas vezes recebemos críticas que consideramos inválidas? Acusações falsas? reações de sarcasmo? tentações? problemas? pensamentos confusos ou obsessivos? No entanto, nosso amigo da espiritualidade maior nos instrui a buscar a paz, que auxiliará na superação destas questões, dentro de nós.
A serenidade almejada que nos fornecerá a calma e o fortalecimento para lidar com as injustiças e provações mundanas só poderá ser conquistada, segundo Emmanuel, pela “extensão do bem”. O exercício do amor é o único capaz de trazer a indestrutível “paz de Cristo” à nossa alma.
Capítulo 62 – Por amor a Deus
Qualquer provação ou sofrimento pelo qual estejamos passando com os mais próximos – filhos, pais, vizinhos etc. – não nos deixará aflitos se compreendermos a necessidade de auxílio ao próximo.
Aqueles cujo comportamento mais nos fere, não raramente, são os mesmos pelos quais devotamos maior afeto e estima. Não há engano em Deus ao nos colocar no caminho destes nossos irmãos. Não há dor ou sofrimento em auxiliar aqueles que amamos.
A abnegação e a aceitação da responsabilidade que nos é colocada com um “parente-problema” é o sinal da confiança de Deus em nós. Não nos é dado um fardo maior que aquele que podemos suportar. Apenas os trabalho incessante, o auxílio ao próximo e o exercício do amor são capazes de aliviar nossa bagagem de culpa e as “sobras do passado”, pois somente o amor divina fará acender o coração à luz eterna.
Capítulo 63 – Serve e confia
Frequentemente, aparecem os companheiros que se dizem inabilitados para a tarefa que se lhes conferiu.
Assumiram compromissos de que se afastam nas primeiras dificuldades, alegando incompetência; iniciam empreendimentos de que se retiram, logo surjam certos empeços, declarando-se frágeis para o trabalho a fazer.
E retardam a execução de serviços que lhes carreariam paz e felicidade sem delonga maior.
Se te sentes na órbita de semelhante problema, persevera no dever que abraçaste e não temas.
As Leis Divinas jamais falham.
A natureza não espera frutos de laranjeira nascente.
A vida não senta a criança na cátedra do professor.
Se repontam horas de crise nos encargos que te competem, mantém-te firme no lugar de trabalho em que o mundo te colocou e cultiva a certeza de que não te faltará auxílio para a concretização do bem a que te dedicas.
Rememoremos as palavras do apóstolo Paulo, quando nos assevera: “Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados”, conscientizando-nos de que Deus não nos deixará tentar empresa alguma, acima das forças de que possamos dispor. Com semelhante dedução, prossigamos nas tarefas em que fomos engajados, com vistas ao bem de todos, agindo e aprendendo, trabalhando e servindo, ante a benção de Deus.
E no livro Caminhos do Amor, Maria Dolores nos fala:
Não te digas a sós, nas urzes do caminho,
Que Deus nunca te enxerga o coração sozinho
E que ninguém te escuta os gritos de aflição!…
Deus é o Amor Eterno que assegura
A existência de toda criatura,
Dos seres do abissal aos astros da amplidão.
Observa o lugar em que transitas…
Qualquer vida que vês, uma por uma,
Levanta-se do Amor, em toda parte,
De modo a que não falte amor em parte alguma.
Ainda hoje, varando um campo agreste,
Vi pobre coelho e um homem de espingarda;
O pequeno animal em correria
Viu no chão que se abria
A furna inesperada,
Por onde se escondeu, arfando de alegria,
Qual soldado, num posto de vanguarda,
Fugindo ao caçador que o mataria;
Alguns passos a mais e encontrei charco imenso,
Escravizado à inércia entre barrancos
Que a bondade do céu enfeitara em silêncio,
Com grinaldas de verde ornando lírios brancos;
Mais adiante, achei, enternecida,
Singela fonte a dar-se com brandura
E junto a ela um doente estacara,
De mãos em concha, a sorver a água pura.
Descobri, mais à frente, um tronco morto,
Cuja desolação e desconforto,
Muito embora de pé, ele expunha em si;
E, no topo, eis que um pássaro em descanso,
Cantava, belo e nobre, em doce acento,
Que se falasse a Deus, fitando o firmamento:
– “Bem-te-vi!… Bem-te-vi…”
Assim, também, alma querida e boa,
Não desanimes, age! Nem te ofendas, perdoa!…
A vida está repleta em todos os lugares
De sábias providências tutelares.
Da terra à altura imensa, em sublime ascenção,
Temos refúgio, paz e segurança,
Em que o céu nos alcança!…
Apaga o mal com o bem, servindo, dia-a-dia;
Nunca nos faltarão amados cireneus;
Sofre e chora, porém, ama, serve e auxilia,
Segue e confia em Deus!…
Capítulo 64 – Subdesenvolvimento espiritual
Quando Emmanuel usa o termo “subdesenvolvimento”, ele pretende criar uma analogia entre a economia internacional dos Estados, na atualidade, e nossa condição espiritual, sendo assim, a carência de recursos se equivale a de “valores do espírito”. Para tal, o companheiro espiritual nos chama ao reconhecimento da existência de irmãos cuja esperança e coragem não lhes conta como uma das qualidades, embora muitos em abastada condição financeira e social.
É preciso que aprendamos como sermos úteis ao auxílio desses companheiros de jornada.
A responsabilidade que lhes foi imposta é um fardo de grande carga, a colaboração para a evolução da sociedade, que poderiam proporcionar, é uma carga farta. Nem sempre, no entanto, a mesma é acompanhada de um amadurecimento espiritual capaz e suportar as dificuldades que se lhes apresentarão.
Esse encontrou diferenças de conduta nos descendentes fascinados pelas experiências passageiras de equipes sociais em transição e se marginalizou nas moléstias da inconformidade; aquele traumatizou-se com as provações coletivas em que grupos vários de pessoas se viram defrontadas pela desencarnação em conjunto e se refugiou nas instituições de repouso e tratamento mental; outro observou criaturas queridas a se desgarrarem do lar, para se realizarem livremente nos ideais próprios, e transformou-se em doente complexo; e outros muitos viram a morte dos entes mais caros, arrancados ao corpo nas engrenagens da própria civilização e mergulharam-se na dor que acreditam sem consolo.
Assim, Emmanuel nos recomenda piedade, não somente por aqueles que padecem da falta dos bens materiais necessários à vida terrena, mas também daqueles que estão na faixa de “subdesenvolvimento espiritual”.
Capítulo 65 – Evolução e felicidade
Não esperavas talvez que expressões espetaculares te marcassem na terra os processos de vivência humana.
E, muitas vezes, nós mesmos destacamos a disparidade entre as vitórias do raciocínio e as conquistas do sentimento.
Filósofos lamentam as distâncias entre a ciência e o amor.
Ainda assim, acima de nossos próprios pontos de vista, anteriormente expendidos, somos forçados a considerar que os domínios de um e outro são muito diferentes.
Onde os eletrocardiógrafos capazes de medir o grau da dedicação dos pais pelos filhos? Onde os computadores que nos traduzem em número e especificação as doenças suscitadas pelo ódio? Como encontrar as máquinas que possam frenar, entre os povos, os impulsos de guerra e da delinquência? Em que prodigioso supermercado adquirir exaustores das paixões que, na terra, enquanto encarnados, tantas vezes nos devastam a alma, inclinando-nos à loucura ou ao suicídio? E onde, por fim, surpreender as engrenagens que nos mantenham, aí no mundo, com serenidade e equilíbrio, frustando-nos as lágrimas, quando apertamos, em vão, entre as nossas, as mãos desfalecentes das criaturas queridas que se despedem de nós, antecedendo-nos na viagem da morte?
Não te apaixones pelo progresso sem amor.
De que te valeria palmilhar, por meses e meses, um deserto formado em pepitas de ouro, sem a bênção da fonte, ou residir num palácio sem luz?
Atende à evolução para aperfeiçoar a vida, mas cultiva a fé e a paciência, a humildade e a compreensão que te balsamizem o espírito, porque não existe felicidade sem amor e não existe amor, sem responsabilidade, fora das leis de Deus.
E Maria Dolores, no livro “Antologia da Espiritualidade”, nos diz na lição:
Onde escutes a voz
Que blasfema, ironiza, amaldiçoa,
Não ponhas discussão agravando o azedume;
Ao invés de revide,
Usa sem mágoa o verbo que abençoa.
Onde o crime enlameie,
Com temerários ímpetos de fera,
A face da existência,
Não atires instinto contra instinto,
Semeia a tolerância! Ajuda e espera!…
Onde o erro domine,
Entretecendo cárceres e dores,
Não deites pedras no caminho alheio,
Patenteia a verdade sem reproche,
Dando bondade e luz por onde fôres.
Onde o fracasso grite,
No cortejo de sombras em que avança,
Não repouses no chão do desalento,
A ninguém desanimes…
E recupera o clima da esperança.
Onde o mal apareça,
Azorragando o mundo sofredor,
Procuremos com Deus a infinita bondade
E sejamos em paz, pelos dons do serviço,
Uma bênção de amor.
Estou impressionado com a profundidade deste texto!
Abordagem perspicaz e informações valiosas tornam a
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conteúdo apresentado. Este artigo é uma verdadeira fonte
de inspiração e conhecimento.
obrigado pelo estudo, Deus abençoe e ilumine todos vocês queelaboraram este trabalho, achei muito interessante. Busquemos estudar e pesquisar a doutrina espírita, fonte inesgotável de luz.
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Obrigada pela explicações foi de grande valor para minha aprendizagem .Deus abençoe muita paz e saude
Agradecemos a leitura e o carinho! Seja sempre bem-vinda!