SÓ SE APRENDE A VIVER VIVENDO
O campo é o mundo
Mateus 13:38
Muitos acreditam que para alcançarmos as faixas de frequências superiores são necessários sacrifícios e concessões, isolando-nos de algum modo do “viver socialmente” para assim “viver espiritualmente”.
Embora respeitemos aqueles que buscam a espiritualização através de posturas isolacionistas, devemos reconhecer que estes instrumentos não trazem as melhores oportunidades de aprendizado e desenvolvimento das potencialidades que temos. Uma vida misantrópica¹, talvez não ofereça grandes possibilidades de exercícios na realização do bem.
Sem a convivência social, não seremos direcionados à germinação de recursos e talentos, encontrados na terra fértil de nossos corações e mentes que permanecem aguardando os nutrientes e as condições propícias de crescimento, encontradas somente no imenso campo social.
Deus não exige de nós qualquer sacrifício em que mutilamos a nossa naturalidade existencial, sendo quem não somos e, aniquilando nossa realidade interior. Ele nos conhece de dentro para fora. A necessidade de nos conhecermos também nos é indispensável. Onde encontrar melhores oportunidades de autoconhecimento senão através das experiências vivenciais?
Reconhecendo quem somos de verdade, poderemos ir ao encontro de nosso melhor, aperfeiçoando-nos continuamente e nos corrigindo da mesma forma. Agindo assim, eliminaremos gradativamente a roupagem ilusória com que nos vestimos para estarmos sempre “mais bem apresentáveis aos olhos do Senhor”.
Nos diversos degraus em que estagiamos, encontramos um profundo desejo comum, consciente ou não, que é o de buscar a felicidade. Todos desejamos ser felizes, cada qual a seu modo e seguindo seu próprio roteiro íntimo; com as noções, posturas, atos, crenças e tudo o mais que pode trazer a felicidade para dentro de nossa casa interior.
A felicidade é encontrada no “saber viver”; compreendendo quem somos e quem queremos ser, assim como entendendo as mesmas predisposições existentes nas outras pessoas; ou seja, quem são e quem querem ser, independente do que pensamos e queremos.
Não podemos esperar colher um limão de um pé de laranjas. Paralelamente, a natureza íntima das pessoas deve sempre ser respeitada como algo particular, intransferível e substancialmente único.
Cada qual só pode oferecer o que já tem em si mesmo.
Devemos viver como vivem os homens, porque entre os homens vivemos; abdicando, entretanto, das futilidades e inutilidades que nada acrescentam. A vida social deve nos despertar, provocando oportunas reflexões e realizações cada vez mais superiores.
As experiências da convivência não podem ser descartadas pois, sem elas, restringiremos nossos aprendizados demasiadamente. Vivendo a vida com tudo de bom que ela nos apresenta, colaboraremos, decididamente, para a construção da felicidade que buscamos e merecemos.
Todos têm o direito de aprender e ser feliz como e quando desejam, merecendo o nosso respeito e consideração; são seres únicos como somos eu e você e, se almejamos conquistar as luzes da imortalidade, sejamos aprendizes da vida, na vida aprendendo a viver.
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Notas
¹Ódio pela humanidade.