EXEMPLOS QUE CATIVAM, CÁRITAS

E nos tempos heroicos e trágicos do nascimento do cristianismo, multiplicaram-se os mártires que davam suas vidas pela nova luz que banhava o mundo.

— Hélio de Tagaste

Autora: Renata Zaqueu

Na doutrina espírita, e em toda a história da humanidade, temos muitos exemplos a seguir de pessoas que fizeram o bem, que deixaram suas marcas para as próximas gerações, que se dedicaram ao próximo, se doaram…

Mestres conhecidos ou mesmo espíritos que preferiram o anonimato, nos dão exemplos de como ser, de como viver, de como servir.

Em torno do Mestre Jesus, nosso exemplo maior, reuniram-se muitas vidas, primeiro os pescadores, artesãos e cobradores de impostos; depois doutores como Lucas e Paulo.

Uma mártir, de história pouco conhecida mas que com sua prece histórica se destaca, é Cárita, que nos enviou a Prece de Cáritas:

Deus, nosso Pai, que tendes poder, amor e bondade, dai força àquele que passa pela provação, dai luz àquele que procura a verdade, ponde no coração do homem a compaixão e a caridade.
Deus, dai ao viajor a estrela guia, ao aflito a consolação, ao doente o repouso.
Pai, dai ao culpado o arrependimento, ao espírito a verdade, à criança o guia, ao órfão o pai.
Senhor, que a vossa bondade se estenda sobre tudo que criastes.
Piedade, meu Deus, para aquele que Vos não conhece, esperança para aqueles que sofrem, permiti aos Espíritos consoladores derramarem por toda a parte a paz, a esperança e a fé.
Deus, um raio de luz, uma faísca do Vosso amor pode iluminar a Terra; deixai-nos beber nas fontes dessa bondade fecunda e infinita, e todas as lágrimas secarão, todas as dores acalmar-se-ão; um só coração, um só pensamento, subirão até Vós, como um grito de reconhecimento e amor.
Como Moisés sobre a montanha, nós Vos esperamos com os braços abertos, oh! Poder, oh! Bondade, oh! Beleza, oh! Perfeição, e queremos de algum modo alcançar a Vossa misericórdia.
Deus, dai-nos a força de ajudar o progresso afim de subirmos até Vós; dai-nos a caridade pura, dai-nos a fé e a razão, dai-nos a simplicidade que fará das nossas almas o espelho onde se deve refletir a Vossa pura e santa imagem.

A prece acima foi psicografada por Madame W. Krell, na noite de Natal de 1873, na cidade francesa de Bordéus.

O fluxo de amor jorrado por essa prece e a sua profundidade evangélica comovente, ambas essas qualidades têm feito aquele momento de oração atravessar perto de cento e cinquenta anos, sempre confortando e edificando as almas sensíveis. Não é prece para ser reduzida a uma fórmula que se decora; é para ser lida ou declamada sentindo-se cada uma de suas palavras luminosas.

Cárita ou Cáritas fora uma discípula de Jesus que, no cristianismo dos primeiros tempos, sofrera o martírio em Roma.

E não é aleatoriamente que esse espírito usa o pseudônimo “Caridade” (Cáritas); na verdade essa doação ao semelhante é uma sua marca que atravessa os séculos, de início, como parte dos “adeptos do caminho” (nome dos primeiros cristãos) que se dedicavam a asilar famintos e a cuidar de enfermos de todas as idades; adiante, como a Imperatriz Irene, 330 d.C. que, de tão caridosa, foi e é considerada santa pela Igreja Ortodoxa; no século XIX – mais propriamente no período de codificação da doutrina espírita – Cáritas revela-se um facho de luz a atravessar as eras e denominando-se, no entanto, uma mendiga de Deus para os pobres, nos brinda com intervenções, mensagens e preces que eram e são, a mais cristalina tradução do amor ao próximo.

Como esse trecho retirado da Revista Espírita publicada em fevereiro de 1862:

Se essa pobre formiga que recolhe, migalha a migalha, o pão cotidiano encontrar em seu caminho um pão inteiro no momento em que perdia a esperança de dar à família o pão diário, então essa fortuna lhe parece tão incompreensível que, não encontrando expressões para a sua felicidade, solta algumas palavras isoladas, às quais se seguem lágrimas de ternura. Socorrei, pois, os pobres, meus amigos, esses operários que não têm como última esperança senão a morte no hospital ou a mendicidade num canto de rua. Socorrei tanto quanto puderdes, para que, quando Deus vos reunir, seguindo a extensa avenida que leva ao grande portal, em cujo frontispício estão gravadas as palavras Amor e Caridade, Deus, reunindo os benfeitores e os beneficiados, vos diga a todos: Soubestes dar; fostes felizes em receber. Vamos, entrai! Que a caridade que vos guiou vos introduza no mundo radioso que reservo aos que têm como divisa “Amai-vos uns aos outros.”

Cáritas, portanto, deixa seu legado desde seu martírio em Roma, na época de Jesus, demonstrando abnegação e fé.  Como Imperatriz Irene, esse espírito iluminado tornou-se santa perante o olhar da Igreja. E ajudou na codificação do espiritismo trazendo-nos preces e mensagens, transcritas em livros e revistas espíritas. Atualmente encontra-se em esferas elevadíssimas próximo à Jesus, tamanho o seu crescimento espiritual na construção da caridade, superando sentimentos como orgulho e egoísmo.
Exemplo a ser seguido e estudado.

 Fonte: Cáritas e sua prece histórica, de Regis de Morais.

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