CORPO E ESPÍRITO
Autor: Edegar Tão (edegar.tao@mac.com)
Através da fusão dos gametas masculino e feminino (células sexuais), ocorrida no momento da fecundação, surge o zigoto ou ovo e se inicia assim o mais maravilhoso e notável mecanismo de criação de que temos conhecimento. No homem, o gameta masculino conhecido como espermatozoide, é a menor célula do seu corpo. Apresentando mobilidade ativa, é capaz de “nadar” livremente em uma velocidade média de 11 cm/h, o mesmo que um homem atravessar uma piscina de 50 metros em 5 segundos; seu único objeto de desejo é o óvulo; este, o gameta feminino produzido pelos ovários, é a maior célula do corpo da mulher e seu peso é o equivalente ao de 175.000 espermatozoides.
Desta fascinante combinação, vemos o mais extraordinário e perfeito nascimento de forças potenciais e autogeradoras que se tem notícia.
Da união do micro com o macro, forma-se a estupenda máquina biológica humana. Do mínimo conjunto inicial de células, surgem as células totipotentes verdadeiras usinas geradoras, capazes de originar qualquer parte do organismo. Por meio de sucessivas divisões celulares, em pouquíssimo tempo após a fecundação, já se presenciam os mecanismos de diferenciação celular que no futuro irão formar 216 tipos diferentes de tecidos, entre outros: ossos, órgãos, sangue, pele, cabelos etc. No ser humano adulto e normal, encontraremos em média, 70 trilhões de células, 639 músculos, 2m² de pele, 96.500km de veias e artérias e 10 bilhões de vasos capilares. Circulam pelo organismo, aproximadamente 5 litros de sangue por minuto, estimulados pela bomba cardíaca que pulsa 100 mil vezes por dia ou 37 milhões de vezes por ano.
Os avanços da neurociência aos poucos desvendam os mistérios contidos no cérebro e, graças a ela, podemos saber que pelo menos 100 mil reações químicas ocorrem, por segundo, no cérebro humano; que 85% de sua composição contém água, e que representa 2% do peso do corpo humano, consumindo 20% do oxigênio que circula no organismo; as mensagens cerebrais trafegam a altíssima velocidade de 385 km/h.
Em perfeita harmonia de funções e capacidades, todos os órgãos humanos trabalham no único objetivo de manter o corpo orgânico em equilibrado funcionamento, tornando-se assim, pelo pouco que ainda sabemos, a síntese da evolução dos organismos vivos.
Seria demasiadamente simplista, considerar que esta organização biológica, altamente complexa e ainda não desvendada integralmente, agisse por si só, encontrando como núcleo de instrumento inteligente e livre, apenas o cérebro em suas infindáveis e desconhecidas conexões eletroquímicas.
Assim, torna-se indiscutível a individualização do princípio inteligente que anima essa formidável massa celular, infundindo aos complexos mecanismos fisio-biológicos, a vontade, a ação, a inteligência e a individualidade.
Criados em sua essência simples e ignorantes, os espíritos, que são os seres inteligentes da criação, caminham progressivamente para o conhecimento da verdade e para a aproximação de Deus. Encontram no corpo, quando encarnados, as possibilidades para alcançarem a perfeição, tornando-se artífices das próprias conquistas e co-criadores das obras de Deus.
A alma ou espírito encarnado, à medida que começa a escolher, faz do livre-arbítrio o fator preponderante para a sua evolução, não podendo mais ser considerada simples e ignorante, posto que já adquiriu as condições necessárias para optar e escrever, à próprio punho, as páginas de sua vida.
Esta força inteligente, desenvolvida nos milênios, acumula conhecimentos e experiências a cada reencarnação, evoluindo indefinidamente até alcançar a perfeição, transformando e sendo transformado, numa interação contínua com a natureza e com tudo que com ela também interage. Tais transformações se dão estimuladas pelo desejo voluntário ou ainda pela ação compulsória das leis universais que regem o equilíbrio e o progresso dos mundos.
Atrás, portanto, da complexidade biológica, na perfeita instrumentalidade orgânica e seus matizes, torna-se impossível dissociar a existência do espírito eterno, envolto às leis superiores da vida.
Se faz preciso pensarmos (e nos vermos) como permanentes aprendizes, fazendo o nosso melhor, estimulando e criando o bem que podemos realizar, diante de nossas próprias convicções e estágio evolutivo.
Maturidade espiritual é esta consciência do que somos e do estágio em que estamos compreendendo nossos próprios limites, não exigindo mais do que podemos dar e nem esperando possuir o que ainda não adquirimos. Nós, espíritos encarnados, almas únicas e indivisíveis, individualizadas e inimitáveis, dotados de razão e sentimentos, desenvolvidos durante esta e tantas outras existências pregressas, temos a necessidade urgente de contribuirmos com a Criação, a benefício de todos.