ANO NOVO

Autora: Fabiana Cardoso Tardelli (tardellifabiana@hotmail.com)

Companheiros de ideário espírita, esse artigo deveria comentar sobre o ano novo, contudo, tenho que lhes confessar que, quanto mais refletia sobre o ano novo, mais a consciência me perguntava sobre este “ano já quase velho”… E, realmente, é impossível começar um período novo alvissareiro sem refletir sobre o período precedente.

Infelizmente, porém, a maioria dos homens, nesse período, prefere mergulhar em extravagâncias consumistas e gastronômicas, do que em sua própria consciência; interessa- lhes mais o saldo de ofertas do que o saldo de sua reforma íntima.

Neste dia 31 de dezembro de 2003 a terra terá dado mais uma volta completa ao redor do sol e não seria nada mal se aproveitássemos o ensejo da data para dar uma volta completa ao redor de nosso mundo íntimo. Mesmo porque nossa reforma íntima faz-se ainda mais premente quando compreendemos a história da doutrina espírita, bem como, o momento ímpar que nos é dado vivenciar, como nos explica o Dr. Bezerra de Menezes no livro “Seara Bendita”: os primeiros setenta anos constituíram o período da consagração das origens e das bases em que se assentam a doutrina; o segundo período de setenta anos foi marcado pela divulgação e difusão do ideário espírita e o terceiro período, que se iniciou com o novo milênio, será caracterizado pela efetiva renovação através da educação moral. A primeira etapa foi rica em fenômenos físicos para despertar nossa atenção; a segunda foi pródiga em obras assistenciais e a terceira deverá ser sinônimo de interiorização.

No livro “Opinião Espírita”, André Luiz adverte-nos que “o espírita que não progride durante três anos sucessivos permanece estacionário”. E este progredir não significa conhecer mais, mas sim, vivenciar mais os conhecimentos já adquiridos no nosso dia a dia.

Colocando de forma mais objetiva, estamos na fase do espiritismo por dentro, onde será pedido que cada um de nós faça mais do que freqüentar reuniões espíritas, participar de obras assistenciais e maravilhar-se com os relatos psicográficos do mundo espiritual.

Avaliemos como estamos reagindo frente a acontecimentos inesperados, mesmo que banais como uma fechada no trânsito; como está a nossa convivência com nossos familiares, com nossos colegas de trabalho, ou com a sociedade em geral? Procuremos identificar , também, nossas qualidades, porque quem não vê em si mesmo nenhuma qualidade mendiga elogios alheios e se melindra por quase nada.

O processo evolutivo, segundo Yvonne Pereira, se assemelha ao movimento das ondas no mar que se recolhem inicialmente para depois se espraiarem na areia, pois, temos que mergulhar no nosso mundo interior sem esquecermos de estender nossas mãos para o próximo. Este processo reeducativo é longo, não se efetuará através de saltos evolutivos instantâneos, mas sim, através de nosso esforço diário. Observemos que reeducação é diferente de contenção: esta traduz tentativas de não mais cometer determinado erro, aquela significa compreender a razão pela qual ainda cometo este erro e quais os sentimentos que me levam a isto.

Os ensinamentos do Cristo não são metas a serem vivenciadas num futuro distante ou num mundo menos violento, pelo contrário, se não fôssemos capazes de as concretizar, Jesus, não as teria nos ensinado há 2000 anos atrás…

Tende fé, bom ânimo e realiza teu balanço anual. Se, entretanto, o saldo for muito negativo, acostuma-te a analisar-te ao final de cada dia, mantendo-te, assim, atualizado em tua contabilidade divina e evitando a melancolia que a muitos acomete neste período do ano, afinal, como nos ensina Ermance Dufaux em “Mereça ser feliz”: “a infelicidade não ocorre por falta de prazeres, mas , pelo descompasso existente entre o projeto elaborado por nós antes da reencarnação e a sua execução”.

Procuremos nosso equilíbrio entre o remorso excessivo e a condescendência demasiada e agradeçamos a misericórdia divina que nos oferece a cada dia a oportunidade do recomeço.

A todos que não me abandonaram até o final deste artigo, desejo-lhes que sempre, ao olhar o mundo, enxerguem mais as dádivas do que as dificuldades e que, sob olhar do Mestre nazareno, sejamos cada vez mais dignos e merecedores de um feliz 2004!!!

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