A RETRIBUIÇÃO DO MAL

Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus.

— Jesus – (Mateus 5:43, 44)

Autor: Edegar Tão

Quase sempre, o primeiro impulso daquele que sofre o mal ou ainda que com ele se choca é o desejo de retribuição. Isso acontece porque ainda somos seres bastante reativos e o domínio de nossas emoções e impulsos é muito pequeno. Nestas condições, acreditamos que o revide, a retaliação e a vingança são instrumentos necessários para o saneamento do mal que nos atinge e também nos rodeia.

Como solução imediata, então, a lei de Talião deveria nos aliviar, saciando nossa sede de justiça e, ao mesmo tempo, afastando de nós aqueles que, muitas vezes com crueldade e vileza, fazem o mal.

Em algum momento, entretanto, percebemos que soluções deste tipo não funcionam e, ao contrário do que parece, apenas recrudescem o ódio e o próprio mal de que se alimentam.

Atribui-se a Mahatma Gandhi a frase “Olho por olho, e o mundo acabará cego”. Temos aqui uma verdade. A retribuição do mal pelo mal nunca será solução alguma.

Espíritos ainda rebeldes que somos, não dimensionamos as consequências do mal que fazemos. Encontramos as mais variadas desculpas e justificativas para ausentarmo-nos das responsabilidades de nossos próprios atos.

Diante da prática do mal, procuramos formas corretivas para que o mal não seja repetido e o infrator possa se ajustar perante a sociedade, perante às eventuais vítimas de seus atos e perante a si mesmo. Esses métodos corretivos quase sempre se verificam na punição ou no castigo.

Raramente encontramos métodos educativos que procurem dilatar o entendimento e a responsabilidade, a consciência e a reparação.

Ainda se confundimos o crime com o criminoso e, frequentemente, transferimos as emoções e impressões decorrentes do crime (mal) como atributos do criminoso.

De certo, não ignoramos a necessidade de medidas corretivas a todos aqueles que ameaçam à sociedade ou cometem um crime, por outro lado, também entendemos que qualquer ação deve proporcionar, antes de tudo, reflexão e educação.

Também Mahatma Gandhi, certa vez afirmou que se um homem atingir a plenitude do amor, será capaz de neutralizar o ódio de milhões.

Em verdade, apenas o amor é permanente e vitorioso. Todas as outras soluções não são boas o suficiente, muito embora pareçam ser.

O amor nos situa em novas dimensões, ampliando nossa capacidade de ver e sentir, de agir e fazer; amplifica, portanto, nossa verdadeira existência.

Retribuir o mal com o mal ou com retaliações ou com quaisquer expressões ocultas da vingança também é apresentar sintomas enfermiços que podem, a qualquer tempo, eclodir em enfermidades para nossa alma de difícil previsão.

Assim, diante do mal que nos fazem aprendamos a perdoar e reconhecer que aquele que o pratica antes de tudo encontra-se enfermo, temporariamente distanciado de Deus.

E, como já sabemos, todo enfermo necessita de medicação adequada para seu tratamento, que será mais ou menos longo a depender da gravidade da doença.

Em muitas ocasiões a doença pode ser exatamente o remédio que tanto precisamos.

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